De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.
Notícias
Governo amplia programas a indios apos morte de criancas
11/02/2005
Fonte: FSP, Brasil, p.A8
Igreja Católica classifica medidas de "paliativas" e "hipócritas"
Governo amplia programas a índios após morte de crianças
Ricardo Westin
O governo federal anunciou ontem duas medidas de emergência para socorrer os índios de Dourados (sul de Mato Grosso do Sul): a ampliação do número de beneficiados pelo Bolsa-Família e o aumento da quantidade de cestas básicas distribuídas. A ajuda é anunciada dois dias depois de uma índia de três anos e 11 meses morrer de desnutrição na cidade.
Hoje, 31 famílias da etnia guarani-caiuá ganham os R$ 50 mensais e os R$ 15 por filho pagos pelo programa Bolsa-Família. No mês que vem, mais 484 famílias passarão a receber o benefício.
O número de cestas básicas distribuídas mensalmente subirá de 1.700 para 2.900 em março, reforço que durará seis meses. Cerca de 550 cestas básicas já foram enviadas na semana passada.
O anúncio das ações emergenciais também ocorre duas semanas depois de a Folha noticiar que a mortalidade infantil entre os índios de Mato Grosso do Sul subiu 25% entre 2003 e 2004 e chegou a 60 por 1.000 nascimentos (a média brasileira é de 24 por 1.000). Só neste ano, duas crianças morreram de desnutrição em Dourados. No ano passado, 15 morreram nas aldeias do Estado.
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado à Igreja Católica, classificou as ações anunciadas pelo governo de "paliativas", "cínicas" e "hipócritas".
"Essas medidas não vêm acompanhadas de nenhum sinal de solução a médio ou a longo prazo. É um tremendo cinismo o governo dizer que vai salvar os índios da fome se não demarca suas reservas para que possam cuidar da própria subsistência. É muita hipocrisia dar dinheiro e comida hoje e saber que amanhã vão morrer de fome de novo", diz Egon Heck, coordenador do Cimi em Mato Grosso do Sul.
O Ministério do Desenvolvimento Social procurou dividir a culpa pela situação de emergência com a prefeitura, o governo estadual, a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Funasa (Fundação Nacional da Saúde).
"A responsabilidade não é só nossa", disse o secretário-executivo-adjunto do ministério, João Fassarella, acrescentando que soube da gravidade da situação por meio de "notícias que vieram da imprensa". "Quando o ministério tomou um conhecimento mais forte da situação, adotamos as medidas de emergência."
Em 2003, o governo federal assinou um convênio com o Mato Grosso do Sul para repassar R$ 5 milhões do Fome Zero às aldeias do Estado, dos quais R$ 1,02 milhão ainda não foi aplicado. "O Estado terá que aplicar todo o valor até julho, quando termina o convênio", disse o secretário de Segurança Alimentar do ministério, Giacomo Baccarin.
A principal causa da pobreza é a falta de terra. Em Dourados, 11 mil índios estão confinados em 3.500 hectares na periferia. Agrava a situação a presença dos plantadores de soja e pecuaristas, que fazem pressão para que os índios arrendem suas terras.
FSP, 11/02/2005, p. A8
Governo amplia programas a índios após morte de crianças
Ricardo Westin
O governo federal anunciou ontem duas medidas de emergência para socorrer os índios de Dourados (sul de Mato Grosso do Sul): a ampliação do número de beneficiados pelo Bolsa-Família e o aumento da quantidade de cestas básicas distribuídas. A ajuda é anunciada dois dias depois de uma índia de três anos e 11 meses morrer de desnutrição na cidade.
Hoje, 31 famílias da etnia guarani-caiuá ganham os R$ 50 mensais e os R$ 15 por filho pagos pelo programa Bolsa-Família. No mês que vem, mais 484 famílias passarão a receber o benefício.
O número de cestas básicas distribuídas mensalmente subirá de 1.700 para 2.900 em março, reforço que durará seis meses. Cerca de 550 cestas básicas já foram enviadas na semana passada.
O anúncio das ações emergenciais também ocorre duas semanas depois de a Folha noticiar que a mortalidade infantil entre os índios de Mato Grosso do Sul subiu 25% entre 2003 e 2004 e chegou a 60 por 1.000 nascimentos (a média brasileira é de 24 por 1.000). Só neste ano, duas crianças morreram de desnutrição em Dourados. No ano passado, 15 morreram nas aldeias do Estado.
O Cimi (Conselho Indigenista Missionário), órgão ligado à Igreja Católica, classificou as ações anunciadas pelo governo de "paliativas", "cínicas" e "hipócritas".
"Essas medidas não vêm acompanhadas de nenhum sinal de solução a médio ou a longo prazo. É um tremendo cinismo o governo dizer que vai salvar os índios da fome se não demarca suas reservas para que possam cuidar da própria subsistência. É muita hipocrisia dar dinheiro e comida hoje e saber que amanhã vão morrer de fome de novo", diz Egon Heck, coordenador do Cimi em Mato Grosso do Sul.
O Ministério do Desenvolvimento Social procurou dividir a culpa pela situação de emergência com a prefeitura, o governo estadual, a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Funasa (Fundação Nacional da Saúde).
"A responsabilidade não é só nossa", disse o secretário-executivo-adjunto do ministério, João Fassarella, acrescentando que soube da gravidade da situação por meio de "notícias que vieram da imprensa". "Quando o ministério tomou um conhecimento mais forte da situação, adotamos as medidas de emergência."
Em 2003, o governo federal assinou um convênio com o Mato Grosso do Sul para repassar R$ 5 milhões do Fome Zero às aldeias do Estado, dos quais R$ 1,02 milhão ainda não foi aplicado. "O Estado terá que aplicar todo o valor até julho, quando termina o convênio", disse o secretário de Segurança Alimentar do ministério, Giacomo Baccarin.
A principal causa da pobreza é a falta de terra. Em Dourados, 11 mil índios estão confinados em 3.500 hectares na periferia. Agrava a situação a presença dos plantadores de soja e pecuaristas, que fazem pressão para que os índios arrendem suas terras.
FSP, 11/02/2005, p. A8
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.