De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Índios e fazendeiros não se entendem

27/01/2004

Fonte: CB, Brasil, p. 14



Índios e fazendeiros não se entendem

Sandro Lima
Da equipe do Correio

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Gomes, disse que a instituição só poderá intervir no conflito entre índios xavantes e posseiros em Alto da Boa Vista, no nordeste do Mato Grosso, após decisão judicial. ''Quando a Justiça decidir pela retirada dos posseiros, a Funai utilizará sua estrutura e dará todo o apoio para que os índios possam reocupar as terras. Isso deve ocorrer no máximo em um mês'', afirmou. ''Por enquanto, vamos observar e aguardar.''

Demarcada desde 1998, a terra indígena Marãiwatsede é ocupada há vários anos por cerca de 600 posseiros. Os xavantes que ocupavam a reserva foram retirados do local em 1976. Agora, eles querem a terra de volta. E não descartam a força para alcançar seus objetivos. Mais de 100 xavantes estão acampados perto da reserva aguardando a decisão judicial.

Está marcada para quinta-feira uma audiência em que o juiz José Pires da Cunha, da 5ªVara Federal de Cuiabá, ouvirá testemunhas indicadas pela Funai e também pelos fazendeiros. Após analisar os depoimentos, o juiz decidirá se ordena ou não a retirada dos posseiros.

''Na história do Brasil, já houve vários casos de índios que foram expulsos de suas terras e depois as recuperaram. O caso dos xavantes é mais um desses'', disse o presidente da Funai. ''O que queremos é deixar claro que o rumo é um só: a demarcação definitiva das terras indígenas e a garantia de que os índios possam ocupá-las em paz.''

Jagunços
No estado vizinho, Mato Grosso do Sul, a tensão aumenta entre índios e posseiros. Segundo o prefeito de Japorã, Sebastião Aparecido de Souza (PFL), é iminente um massacre de índios na região. Fazendeiros ameaçam contratar jagunços para retirar à força os índios 14 fazendas invadidas, na divisa de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Os cerca de 4 mil caiovás-guaranis estão dispostos a enfrentar quem for retirá-los, seja a polícia ou os fazendeiros. ''Os índios dizem que não vão recuar um milímetro. Pode acontecer o maior massacre indígena da história do Brasil'', teme o prefeito.

Parte dos líderes indígenas já concordou em deixar as sedes das fazendas e permitir que os criadores entrem para cuidar do gado e fazer lavouras. Mas não admitem sair das fazendas e ficar do lado de fora. Ontem, o presidente da Funai se reuniu com um grupo de antropólogos e com o juiz Odilon de Oliveira, da 1ªVara de Dourados, para estudar uma solução para o conflito.

Ficou decidido que Oliveira levará hoje aos fazendeiros uma proposta de trégua de nove meses. Durante esse período, eles deixariam o local para que a Funai avaliasse quem ficaria com a terra.

Os índios dizem que não vão recuar um milímetro. Pode acontecer o maior massacre indígena da história do Brasil
Sebastião Aparecido de Souza (PFL), prefeito de Japorã (MS)

CB, 27/01/2004, Brasil, p. 14
 

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