De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Projeto quer dar independência aos índios
04/11/2001
Fonte: Diário de Cuiabá-MT
Com o objetivo de melhorar a qualidade de vida nas aldeias da reserva Sararé, o indigenista e chefe da Funai em Cuiabá, Ariovaldo Santos, e o engenheiro agrônomo Prudente Pereira de Almeida Neto, criaram, com o auxílio dos nambikwára, o Projeto de Gestão Territorial e de Economia Etnoambiental do Sararé (Prosararé). Será o terceiro projeto a ser colocado em prática desde a desintrusão da área.
O primeiro (Plano de Ação Sararé), com recursos do Prodeagro, serviu para repovoar e vigiar a área, dando as condições mínimas de sobrevivência aos índios. O segundo (Projeto Palmeiras), elaborado e patrocinado pela ong Novo Encanto, investiu R$ 86 mil em dois anos, na construção de uma escola e de um viveiro com capacidade para produzir cem mil mudas de plantas. Vinte e cinco mil mudas de açaí, juçara, pupunha, entre outras, já foram plantadas pelos próprios índios no meio da floresta.
"O Prosararé vem agora dar continuidade ao Projeto Palmeiras, inclusive com o componente educação ambiental, que o outro não conseguiu contemplar", diz Prudente Pereira. Tendo apresentado o projeto ainda no mês de maio, índios e Funai esperam pacientemente a liberação dos R$ 250 mil pela Justiça Federal para dar início às atividades.
"Desde 1997, a Funai vem preparando os Katitaurlu para desvencilharem-se do consumismo desenfreado incentivado pelos invasores. Em alguns momentos, os jovens do Sararé até quiseram começar a garimpar. Mas nós os despertamos para a existência de outras potencialidades menos impactantes para o ambiente, como o aproveitamento das pastagens ali existentes para a criação de gado, a formação de roças e pomares e o manejo sustentável das riquezas da floresta", diz Prudente Pereira.
Ao todo, serão executadas 12 oficinas como formas de ocupar estrategicamente a Terra Indígena Sararé: caça, pesca, coleta seletiva, plantas medicinais, roças comunitárias, manejo das palmeiras, manejo do gado e de animais de serviço, artesanato, cultura e sociedade, contato com o branco, organização em associação, e construção rural. Além disso, os recursos do Prosararé devem servir para arrumar as estradas, fazer currais, cercas e represar uma nascente para captar água potável.
"Não queremos que os índios passem o dia a criar gado, coisa que eles nunca fizeram. Eles podem até contratar um vaqueiro para isso. O que queremos é dar a eles alternativas de renda, para que possam comprar o que quiserem na cidade, sem precisar dos madeireiros", diz Ariovaldo Santos. A primeira coisa que os índios querem comprar, assim que puderem, é um carro que os possa levar de uma aldeia para outra. Dentro da reserva Sararé, há viagens de até 55 quilômetros.
Dentre os jovens nambikwára, o mais animado com a lida com o gado é Saulo Katitaurlu, 21, que montado em um cavalo gosta de percorrer a reserva à procura de invasores. "Não vamos mais ouvir conversa de madeireiro. Aqui, nós é que vamos mandar", afirmou. A criação de gado só é possível porque na década de 1980, mesmo depois que a Terra Indígena já havia sido demarcada, fazendeiros da região ainda nutriam a esperança de tomá-la dos índios.
"A estratégia era semear capim até nas aldeias e nas roças dos índios para forçá-los a se afastarem para longe das sedes das fazendas em formação", diz Prudente Pereira. Ironicamente, o capim, agora, será mais um motivo para a permanência dos índios.
Segundo seus idealizadores, o Prosararé deve começar a dar retorno financeiro em dois anos - e se pagar em seis. De acordo com Ariovaldo Santos, a idéia é, num futuro próximo, deixar os índios cuidarem sozinhos do projeto. "Com o tempo, até o ensino nas escolas pode ser dado por eles", disse. "As pessoas já acham que índios têm terras demais. Se eles não trabalharem a terra, com autonomia, poderão até perdê-la".(OM)
O primeiro (Plano de Ação Sararé), com recursos do Prodeagro, serviu para repovoar e vigiar a área, dando as condições mínimas de sobrevivência aos índios. O segundo (Projeto Palmeiras), elaborado e patrocinado pela ong Novo Encanto, investiu R$ 86 mil em dois anos, na construção de uma escola e de um viveiro com capacidade para produzir cem mil mudas de plantas. Vinte e cinco mil mudas de açaí, juçara, pupunha, entre outras, já foram plantadas pelos próprios índios no meio da floresta.
"O Prosararé vem agora dar continuidade ao Projeto Palmeiras, inclusive com o componente educação ambiental, que o outro não conseguiu contemplar", diz Prudente Pereira. Tendo apresentado o projeto ainda no mês de maio, índios e Funai esperam pacientemente a liberação dos R$ 250 mil pela Justiça Federal para dar início às atividades.
"Desde 1997, a Funai vem preparando os Katitaurlu para desvencilharem-se do consumismo desenfreado incentivado pelos invasores. Em alguns momentos, os jovens do Sararé até quiseram começar a garimpar. Mas nós os despertamos para a existência de outras potencialidades menos impactantes para o ambiente, como o aproveitamento das pastagens ali existentes para a criação de gado, a formação de roças e pomares e o manejo sustentável das riquezas da floresta", diz Prudente Pereira.
Ao todo, serão executadas 12 oficinas como formas de ocupar estrategicamente a Terra Indígena Sararé: caça, pesca, coleta seletiva, plantas medicinais, roças comunitárias, manejo das palmeiras, manejo do gado e de animais de serviço, artesanato, cultura e sociedade, contato com o branco, organização em associação, e construção rural. Além disso, os recursos do Prosararé devem servir para arrumar as estradas, fazer currais, cercas e represar uma nascente para captar água potável.
"Não queremos que os índios passem o dia a criar gado, coisa que eles nunca fizeram. Eles podem até contratar um vaqueiro para isso. O que queremos é dar a eles alternativas de renda, para que possam comprar o que quiserem na cidade, sem precisar dos madeireiros", diz Ariovaldo Santos. A primeira coisa que os índios querem comprar, assim que puderem, é um carro que os possa levar de uma aldeia para outra. Dentro da reserva Sararé, há viagens de até 55 quilômetros.
Dentre os jovens nambikwára, o mais animado com a lida com o gado é Saulo Katitaurlu, 21, que montado em um cavalo gosta de percorrer a reserva à procura de invasores. "Não vamos mais ouvir conversa de madeireiro. Aqui, nós é que vamos mandar", afirmou. A criação de gado só é possível porque na década de 1980, mesmo depois que a Terra Indígena já havia sido demarcada, fazendeiros da região ainda nutriam a esperança de tomá-la dos índios.
"A estratégia era semear capim até nas aldeias e nas roças dos índios para forçá-los a se afastarem para longe das sedes das fazendas em formação", diz Prudente Pereira. Ironicamente, o capim, agora, será mais um motivo para a permanência dos índios.
Segundo seus idealizadores, o Prosararé deve começar a dar retorno financeiro em dois anos - e se pagar em seis. De acordo com Ariovaldo Santos, a idéia é, num futuro próximo, deixar os índios cuidarem sozinhos do projeto. "Com o tempo, até o ensino nas escolas pode ser dado por eles", disse. "As pessoas já acham que índios têm terras demais. Se eles não trabalharem a terra, com autonomia, poderão até perdê-la".(OM)
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