De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Madeira clandestina beneficia governos
04/11/2001
Fonte: Diário de Cuiabá-MT
Como diz o líder nambikwára Américo Katitaurlu, para os índios o "trabalho da Funai é tranqüilo, é certinho". Mas está cada vez mais difícil ser funcionário da Funai ou defender a causa indígena em Pontes e Lacerda e região. Se para o senso comum os índios são uma barreira ao desenvolvimento do Estado, os funcionários da Funai seriam os defensores dessa barreira. "Se não fosse a Funai, nós íamos nos entender muito bem com os índios", disse um madeireiro de Pontes e Lacerda, que não quis se identificar.
Mesmo não trabalhando para a Funai, os pesquisadores Prudente Pereira e Cristina Borella dizem sentir olhares hostis quando andam pelas ruas de Lacerda. Ambos estão em Sararé elaborando suas teses de doutorado. Ele, em educação e gestão ambiental pela Universidade Federal da Bahia; e ela a elaborar uma gramática da língua nambikwára, pela Universidade Livre de Amsterdã, Holanda.
Cada movimento que um carro da Funai pela região, segundo Ariovaldo Santos, é monitorado pelos madeireiros. "Eles têm informantes por toda a cidade e se comunicam por telefone celular. Quando estamos na região, evitam chegar perto da reserva. Se sabem que já estamos a caminho de Cuiabá, voltam ao trabalho", diz ele.
Segundo o indigenista, isso acontece por causa da impunidade. Quando uma carga de madeira clandestina é descoberta, por exemplo, nada acontece aos infratores, pois as autoridades se recusam até a registrar um boletim de ocorrência.
Tudo é feito, no entanto, para que a carga seja regularizada, ou seja, pague o ICMS devido. "Assim, o governo estadual é beneficiado mesmo sem ter feito qualquer investimento. Do mesmo modo, se a madeira vai para as serrarias, ela gera emprego e impostos também nos municípios; e se é exportada, beneficia até mesmo o governo federal", diz Ariovaldo Santos. "Quer dizer, se todos lucram com o negócio clandestino, não é uma ação da Funai que vai fazer com que ele pare".(OM)
Mesmo não trabalhando para a Funai, os pesquisadores Prudente Pereira e Cristina Borella dizem sentir olhares hostis quando andam pelas ruas de Lacerda. Ambos estão em Sararé elaborando suas teses de doutorado. Ele, em educação e gestão ambiental pela Universidade Federal da Bahia; e ela a elaborar uma gramática da língua nambikwára, pela Universidade Livre de Amsterdã, Holanda.
Cada movimento que um carro da Funai pela região, segundo Ariovaldo Santos, é monitorado pelos madeireiros. "Eles têm informantes por toda a cidade e se comunicam por telefone celular. Quando estamos na região, evitam chegar perto da reserva. Se sabem que já estamos a caminho de Cuiabá, voltam ao trabalho", diz ele.
Segundo o indigenista, isso acontece por causa da impunidade. Quando uma carga de madeira clandestina é descoberta, por exemplo, nada acontece aos infratores, pois as autoridades se recusam até a registrar um boletim de ocorrência.
Tudo é feito, no entanto, para que a carga seja regularizada, ou seja, pague o ICMS devido. "Assim, o governo estadual é beneficiado mesmo sem ter feito qualquer investimento. Do mesmo modo, se a madeira vai para as serrarias, ela gera emprego e impostos também nos municípios; e se é exportada, beneficia até mesmo o governo federal", diz Ariovaldo Santos. "Quer dizer, se todos lucram com o negócio clandestino, não é uma ação da Funai que vai fazer com que ele pare".(OM)
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