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Mais gastos com viagem do que com indios

09/03/2005

Fonte: OESP, Nacional, p.A9



Mais gastos com viagem do que com índio
Acusação é do líder do PFL, que fez levantamento em execução orçamentária da Funasa no ano passado
Lígia Formenti
O líder do PFL no Senado, José Agripino, apresentou uma pesquisa do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) ontem demonstrando que a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) gasta mais com viagens do que com medicamentos para índios. Pelo levantamento, em 2004 foram gastos R$ 5,4 milhões com passagens para funcionários da fundação. No mesmo ano, a Funasa gastou R$ 1,6 milhão com medicamentos. "É pura incompetência administrativa. Não é por acaso que o número de mortes entre crianças vem aumentando." Ele espera até quinta-feira uma explicação do Ministério da Saúde. "Se não for convincente, vamos pedir uma audiência ou até mesmo uma Comissão Externa do Senado para detectar o problema e corrigi-lo."
O diretor de saúde indígena da Funasa, Alexandre Padilha, garantiu que os gastos com medicamentos foram superiores ao que é revelado pelo Siafi. "É preciso incluir também transferências feitas para convênios e os gastos dos 34 distritos de saúde indígena."
Padilha questionou a comparação feita por Agripino sobre os gastos em 2002 e 2004. "Em 2002, a composição da Funasa era outra. Ela continha também o Centro Nacional de Epidemiologia, transformada neste governo numa nova secretaria." E aí estavam incluídos gastos com vacinas e medicamentos usados no controle de doenças como tuberculose, ações contra dengue e malária. Segundo a Funasa, em 2004, os medicamentos para atenção à saúde indígena custaram R$ 8.906.170.

Desnutrição afeta reservas indígenas em várias regiões do País
As oito crianças indígenas que morreram de desnutrição este ano em Mato Grosso do Sul são apenas um dos retratos do problema. Indiozinhos estão morrendo, de fome ou de doenças causada por má alimentação em todo o País. Os dados da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) mostram que noutras áreas do Brasil a mortalidade pode ser ainda pior do que na de Dourados (MS). Entre 2003 e 2004, em 13 dos 32 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI), como são chamadas áreas das reservas, a mortalidade infantil aumentou. O maior número de mortes para o tamanho da população, em 2004, foi na área de Parintins, entre Amazonas e Pará. A segunda região com maiores problemas é a dos xavantes, em Mato Grosso do Sul. Ali morreram 32 bebês no ano passado, a maioria por desnutrição. Os guarani-caiovás aparecem em 19.º na lista da Funasa. O diretor de saúde indígena da Funasa, Alexandre Padilha, admite que a desnutrição não é problema só em Dourados. "Por isso estamos ampliando este ano o programa de vigilância nutricional para outros 10 distritos indígenas para ter dados concretos e planejar as ações necessárias", disse. Por enquanto, só em Dourados há vigilância nutricional.

OESP, 09/03/2005, p. A9
 

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