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O cacique está morto e da tribo só restam sete

08/01/2006

Fonte: OESP, Nacional, p. A11



O cacique está morto e da tribo só restam sete
A extinção da etnia xetá, originária do Paraná, é provocada principalmente pela dispersão do grupo

José Antonio Pedriali


Conceição e seus sete filhos estão inconsoláveis. No casebre em que vivem, o que mais se ouvia na tarde de quarta-feira, quando a reportagem do Estado esteve lá, eram lamentos. Todos no casebre, um dos muitos da Reserva Indígena de São Jerônimo da Serra, 300 quilômetros ao norte de Curitiba, estão de luto pela morte de Tikuen, 54 anos, o patriarca, um dos mais ativos índios da etnia xetá, cuja última missão foi participar, em Brasília, de um projeto de resgate da língua de seu povo.

Tikuen, ardoroso defensor da demarcação das terras dos xetás, morreu no dia 18 devido a um aneurisma cerebral. Era o único xetá da aldeia de São Jerônimo da Serra, que abriga 700 caingangues e guaranis.

Os xetás, originários do noroeste do Paraná e que habitavam as margens do Rio Ivaí até sua foz no Rio Paraná, travam uma triste disputa com os avá-canoeiros, de Goiás e Tocantins, para ver qual desaparecerá primeiro. Segundo a Fundação Nacional do Índio (Funai), restam cinco avá-canoeiros. Com a morte de Tikuen, os xetás foram reduzidos a sete. A extinção do povo xetá é inevitável: os remanescentes são parentes. Cinco vivem em reservas indígenas do Paraná e não se sabe onde estão os outros dois. A dispersão é, segundo a Funai, uma das causas do processo de extinção.

A demarcação de suas terras - entre Umuarama e Doradina, de cerca de mil alqueires - foi prometida há 15 anos, segundo Tucanambá José Paraná, o Tuca, primo de Tikuen. Tuca fala xetá.
"Vamos reunir nosso povo para ver o que fazer. O sonho do meu pai (as terras dos xetás) não pode ser abandonado", afirma Benedita da Silva, filha de Tikuen.

Seminômades, alimentando-se exclusivamente da caça e dos alimentos da floresta, os xetás - cujo nome significa "nós todos aqui pertencemos a um grupo" - já eram poucos quando foram contatados pelos brancos. Estima-se que não passavam de 250.

OESP, 08/01/2006, Nacional, p. A11
 

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