De Povos Indígenas no Brasil

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Nem terra nem oca para os índios

19/04/2002

Autor: Mirella Poyastro

Fonte: Correio do Povo-Porto Alegre-RS



Eles têm apenas 0,37% do território gaúcho e hoje se abrigam em casa de amianto, plástico e lona

Fogo de chão na terra, nos pés dos estrados das camas, revestidos com finos colchões, cobertos por um telhado de amianto e paredes de plástico preto. Esta é a oca moderna - casa de lona que abriga os remanescentes daqueles que um dia foram donos desta terra: índios caingangues e guaranis. Hoje, eles ocupam apenas 0,37% do território gaúcho, concentrados em 38 áreas diminutas, espalhadas em 53 municípios. Somam cerca de 1,5 mil guaranis e 18 mil caingangues. Os hábitos destas comunidades pouco mudaram desde que os primeiros colonizadores brancos pisaram neste solo. Continuam vivendo de agricultura e artesanato. A caça e a pesca passaram a depender dos limites das reservas, que são bem demarcados.

As populações indígenas têm pouco para celebrar neste 19 de abril, que, segundo o mundo branco, é Dia do Índio. O guarani Sebastião Gonçalves, 67 anos, pede cama, colchões e cobertores para que os 103 moradores da reserva Cantagalo, em Viamão, possam enfrentar o inverno. O caingangue Dival Lima, 33, sonha recuperar sua terra na reserva de Ligeiro, onde as 365 famílias de sua tribo possam ampliar a plantação de milho, feijão e soja.

A CNBB escolheu a causa indígena como tema da Campanha da Fraternidade deste ano e, somente no período da Quaresma, recolheu R$ 1,5 milhão de doações no Rio Grande do Sul. O coordenador da campanha no Estado, padre Darciolei Volpato, afirmou que 60% do dinheiro arrecadado será dividido entre as dioceses gaúchas, que junto com as comunidades vão escolher como aplicá-lo. A coordenadora da pastoral do Colégio Santa Família, Rosimery dos Santos, admitiu, porém, que a Igreja está pedindo perdão por todos os massacres promovidos em nome da catequização.
 

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