De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Ministro da Cultura recebe, em Mato Grosso, projeto de construção de uma aldeia tradicional Bororo
14/04/2004
Autor: Uirá Felipe Garcia e Valéria Macedo
Fonte: ISA - NSA
Amanhã, 15 de abril, Gilberto Gil visita o povo Bororo na Terra Indígena (TI) Meruri (MT), onde lhe será entregue o projeto Meri Ore Eda ("Morada dos Filhos do Sol"), que prevê construir uma aldeia com arquitetura tradicional desse povo. Gil estará acompanhado pelo governador Blairo Maggi (MT) e outras autoridades.
Elaborado pelo Instituto das Tradições Indígenas (Ideti) em conjunto com a comunidade da TI Meruri - localizada no município de General Carneiro, no sudoeste do Mato Grosso - o projeto Meri Ore Eda visa promover a revitalização cultural do povo Bororo, remodelando sua relação com a sociedade nacional. Na entrega do projeto, haverá um canto cerimonial seguido por uma refeição coletiva à moda Bororo, que contará também com a participação de índios dessa etnia vindos de outras TIs. O encontro vai se dar no local previsto para a construção da nova aldeia, a 10 km da atual, onde os Bororo vivem em casas cuja disposição e o modo de construção são muito diferentes do modelo tradicional.
A partir de junho de 2004, a idéia é construir 14 casas de madeira e palhas trançadas, de acordo com a arquitetura Bororo, com as habitações dispostas de forma circular tendo ao centro a "casa dos homens" e, no lado oeste desta construção, a praça cerimonial, denominada Bororo. Mesmo nas aldeias em que as casas estão construídas de modo linear por influência dos missionários ou de agentes do governo, a circularidade da aldeia é considerada a representação ideal do espaço social e do universo cosmológico. É ali que tem lugar o mais longo e complexo de todos os rituais bororo: o funeral, quando a celebração do luto é também um momento de revitalização cultural, envolvendo um intrincado enredo de práticas cerimoniais, cantos, danças, iniciações de jovens, caçadas e pescarias coletivas.
A nova aldeia contará também com um centro cultural e uma réplica de aldeia para visitantes. O projeto pretende ainda fortalecer outros aspectos da riquíssima cultura deste povo, que sofreu um intenso processo de desagregação decorrente do histórico do contato com a sociedade não-indígena, marcado por violência, expropriação e catequização. Daí o significado especial que tem.
Luta pela terra
A TI Meruri, local de implementação do projeto, foi, na década de 1970, cenário de um massacre liderado por fazendeiros que disputavam a terra, constituindo um marco infeliz nas lutas dos Bororo por seus direitos fundiários. Atualmente, aos Bororo é reconhecida a posse de seis Terras Indígenas no Estado do Mato Grosso. As TIs Meruri, Perigara, Sangradouro/Volta Grande e Tadarimana estão registradas e homologadas. A TI Teresa Cristina está sub júdice, uma vez que sua delimitação foi derrubada por decreto presidencial. A Jarudori, por sua vez, foi reservada aos índios pelos SPI (Serviço de Proteção ao Índio, órgão que antecedeu a Fundação Nacional do Índios - Funai), mas foi sendo continuamente invadida, a ponto de hoje estar totalmente ocupada por uma cidade. Esse território descontínuo e descaracterizado corresponde apenas a uma pequena porção das terras tradicionais Bororo.
Elaborado pelo Instituto das Tradições Indígenas (Ideti) em conjunto com a comunidade da TI Meruri - localizada no município de General Carneiro, no sudoeste do Mato Grosso - o projeto Meri Ore Eda visa promover a revitalização cultural do povo Bororo, remodelando sua relação com a sociedade nacional. Na entrega do projeto, haverá um canto cerimonial seguido por uma refeição coletiva à moda Bororo, que contará também com a participação de índios dessa etnia vindos de outras TIs. O encontro vai se dar no local previsto para a construção da nova aldeia, a 10 km da atual, onde os Bororo vivem em casas cuja disposição e o modo de construção são muito diferentes do modelo tradicional.
A partir de junho de 2004, a idéia é construir 14 casas de madeira e palhas trançadas, de acordo com a arquitetura Bororo, com as habitações dispostas de forma circular tendo ao centro a "casa dos homens" e, no lado oeste desta construção, a praça cerimonial, denominada Bororo. Mesmo nas aldeias em que as casas estão construídas de modo linear por influência dos missionários ou de agentes do governo, a circularidade da aldeia é considerada a representação ideal do espaço social e do universo cosmológico. É ali que tem lugar o mais longo e complexo de todos os rituais bororo: o funeral, quando a celebração do luto é também um momento de revitalização cultural, envolvendo um intrincado enredo de práticas cerimoniais, cantos, danças, iniciações de jovens, caçadas e pescarias coletivas.
A nova aldeia contará também com um centro cultural e uma réplica de aldeia para visitantes. O projeto pretende ainda fortalecer outros aspectos da riquíssima cultura deste povo, que sofreu um intenso processo de desagregação decorrente do histórico do contato com a sociedade não-indígena, marcado por violência, expropriação e catequização. Daí o significado especial que tem.
Luta pela terra
A TI Meruri, local de implementação do projeto, foi, na década de 1970, cenário de um massacre liderado por fazendeiros que disputavam a terra, constituindo um marco infeliz nas lutas dos Bororo por seus direitos fundiários. Atualmente, aos Bororo é reconhecida a posse de seis Terras Indígenas no Estado do Mato Grosso. As TIs Meruri, Perigara, Sangradouro/Volta Grande e Tadarimana estão registradas e homologadas. A TI Teresa Cristina está sub júdice, uma vez que sua delimitação foi derrubada por decreto presidencial. A Jarudori, por sua vez, foi reservada aos índios pelos SPI (Serviço de Proteção ao Índio, órgão que antecedeu a Fundação Nacional do Índios - Funai), mas foi sendo continuamente invadida, a ponto de hoje estar totalmente ocupada por uma cidade. Esse território descontínuo e descaracterizado corresponde apenas a uma pequena porção das terras tradicionais Bororo.
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