De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias

Índio caiuá não aceita "dependência"

26/03/2007

Fonte: O Progresso



A produção hoje na área da Reserva é para o consumo próprio de 180 famílias indígenas

O indígena afirma que na área em que vive faz questão de plantar várias espécies

DOURADOS - O caiuá Ambrósio Vilalva, de 45 anos procurou a equipe do PROGRESSO, para expor a situação em que vive na aldeia localizada na saída de Dourados para Fátima do Sul. A iniciativa foi tomada após a morte de mais uma criança indígena por desnutrição, na última semana.

A área da reserva de 11.440 hectares está sendo pleiteada há oito anos e segundo ele ainda não foi oficializada pela Justiça, como território indígena. "Hoje de todo esse espaço, nossas 180 famílias dividem 58 hectares. Desses, 50 são cultivados. Os outros oito nós usamos para nossas criações. Tudo que produzimos é para nosso próprio sustento e também para as pessoas que nos procuram interessadas em comprar parte da produção. O que quero dizer com isso? Nós hoje não dependemos de ninguém para sobreviver. Nós produzimos. O grande erro é do próprio governo que inicia o processo de distribuição de cestas e acaba criando uma dependência", afirma.

No entanto, Vilalva garantiu não ser contra a entrega das cestas. Ele é favorável para os casos em que os indígenas não podem plantar, como em residências de mulheres viúvas com muitos filhos pequenos, ou em lares de idosos. "O problema é que o governo cria normas para os índios sem entender ao certo nossa sociedade. Quando eu venho na cidade, me sinto deslocado. Não me situo bem. Já na Aldeia entendo exatamente porque as coisas acontecem. É uma questão de compreender a realidade do outro. Deus somos todos nós, brancos e índios, mas temos características próprias", ressalta.

O caiuá diz que na área em que mora planta milho, arroz, batata doce, cana, abóbora, quiabo e cana. Todas as variedades garantem a alimentação das famílias. "Queremos falar de coisas positivas, como as que estamos fazendo. Índio não é preguiçoso como muita gente fala. Índio é trabalhador. Só precisa ser incentivado e ter a sua cultura preservada. Nós fazemos questão de prosseguir com nossos rituais, nossos costumes. Isso é o que garante verdadeiramente nossa sobrevivência", conclui.
 

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