De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Escola indígena de Corumbá concorre a prêmio nacional
21/06/2007
Autor: Sílvio Andrade
Fonte: Correio do Estado
Projeto focado na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, em especial as DST/Aids, e o planejamento familiar, desenvolvido desde o ano passado na reserva indígena dos guatós, pela professora Giane Ramona da Silva, concorre ao Prêmio Paulo Freire - Mestre Cidadão. O vencedor será conhecido durante evento em São Paulo, que foi aberto ontem e termina domingo.
O prêmio criado em 2006, pela Associação de Prevenção e Tratamento da Aids (APTA), é um reconhecimento ao professor como principal agente no processo de informação, motivação e prevenção às DST/Aids e vulnerabilidades à adolescência, pelo resultado de sua prática e relevância do trabalho no sistema educacional. Reconhece, também, ações desenvolvidas junto às populações de risco.
Giane Silva, 40 anos, é professora da única escola estadual indígena, a João Quirino de Carvalho "Toghopanãa", implantada há três anos na reserva dos índios canoeiros. A reserva, situada na Ilha Ínsua, Porto Índio, foi criada em 1996, no Pantanal. Localizada a 340 quilômetros ao norte de Corumbá, pelo Rio Paraguai, ali vivem cerca de 35 famílias.
Preocupada com a ausência de informações sobre doenças sexuais e controle de natalidade entre os índios, a professora decidiu desenvolver um trabalho de orientação e prevenção que logo ganhou a adesão de toda a tribo. Embora não tenha sido registrado caso de HIV na comunidade, ela considera fundamental esse envolvimento.
"Os homens, maioria na tribo, têm muito contato com o branco, em Corumbá. Eles não tinham uma consciência dos riscos de doenças e 80% dos que hoje participam das oficinas do projeto não sabiam ou não tinham ouvido falar das DST/Aids", explica Giane, que divide seu projeto com a professora Lea Teixeira Lacerda, que faz doutorado na USP.
Os guatós viveram dezenas de anos na periferia de Corumbá até retomarem as suas terras, de onde foram expulsos pelo Exército na década de 70. Mas demonstraram desconhecimento de métodos preventivos às doenças transmissíveis e também conceptivos, reflexo do abandono na cidade e choque cultural.
Na aldeia, isolados, também viviam uma realidade distante, segundo Giane Silva. "Procuramos não interferir na sua cultura, o projeto buscou mostrar o caminho para uma vida sexual mais saudável e sem gravidez precoce, que é comum. Criamos formas de o guató ter um senso crítico dessa realidade e hoje tem plena consciência disso", disse a professora.
O planejamento familiar ainda é um desafio, ao que parece, mas houve muitos progressos, segundo a responsável pelo projeto. Ela tem como exemplos da realidade que encontrou duas alunas da escola: uma, de 40 anos, acabou de dar à luz o 14º filho; a outra, de 13 anos, já é mãe. "Hoje já se discute planejamento familiar".
Giane disse que já trabalhou com outras tribos, entre as quais a etnia kadiwéu, em Porto Murtinho, e essa realidade não difere muito entre as comunidades indígenas. Observa que houve progressos porque os guatós assimilaram as oficinas, cujos trabalhos, por meio de desenhos e textos, fazem parte do material classificado para concorrer ao prêmio.
O prêmio criado em 2006, pela Associação de Prevenção e Tratamento da Aids (APTA), é um reconhecimento ao professor como principal agente no processo de informação, motivação e prevenção às DST/Aids e vulnerabilidades à adolescência, pelo resultado de sua prática e relevância do trabalho no sistema educacional. Reconhece, também, ações desenvolvidas junto às populações de risco.
Giane Silva, 40 anos, é professora da única escola estadual indígena, a João Quirino de Carvalho "Toghopanãa", implantada há três anos na reserva dos índios canoeiros. A reserva, situada na Ilha Ínsua, Porto Índio, foi criada em 1996, no Pantanal. Localizada a 340 quilômetros ao norte de Corumbá, pelo Rio Paraguai, ali vivem cerca de 35 famílias.
Preocupada com a ausência de informações sobre doenças sexuais e controle de natalidade entre os índios, a professora decidiu desenvolver um trabalho de orientação e prevenção que logo ganhou a adesão de toda a tribo. Embora não tenha sido registrado caso de HIV na comunidade, ela considera fundamental esse envolvimento.
"Os homens, maioria na tribo, têm muito contato com o branco, em Corumbá. Eles não tinham uma consciência dos riscos de doenças e 80% dos que hoje participam das oficinas do projeto não sabiam ou não tinham ouvido falar das DST/Aids", explica Giane, que divide seu projeto com a professora Lea Teixeira Lacerda, que faz doutorado na USP.
Os guatós viveram dezenas de anos na periferia de Corumbá até retomarem as suas terras, de onde foram expulsos pelo Exército na década de 70. Mas demonstraram desconhecimento de métodos preventivos às doenças transmissíveis e também conceptivos, reflexo do abandono na cidade e choque cultural.
Na aldeia, isolados, também viviam uma realidade distante, segundo Giane Silva. "Procuramos não interferir na sua cultura, o projeto buscou mostrar o caminho para uma vida sexual mais saudável e sem gravidez precoce, que é comum. Criamos formas de o guató ter um senso crítico dessa realidade e hoje tem plena consciência disso", disse a professora.
O planejamento familiar ainda é um desafio, ao que parece, mas houve muitos progressos, segundo a responsável pelo projeto. Ela tem como exemplos da realidade que encontrou duas alunas da escola: uma, de 40 anos, acabou de dar à luz o 14º filho; a outra, de 13 anos, já é mãe. "Hoje já se discute planejamento familiar".
Giane disse que já trabalhou com outras tribos, entre as quais a etnia kadiwéu, em Porto Murtinho, e essa realidade não difere muito entre as comunidades indígenas. Observa que houve progressos porque os guatós assimilaram as oficinas, cujos trabalhos, por meio de desenhos e textos, fazem parte do material classificado para concorrer ao prêmio.
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