De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Ensinando a sobreviver no deserto nordestino
14/04/2002
Autor: ROBERTO VILANOVA
Fonte: Gazeta de Alagoas-Maceió-AL
Testemunhas contam as experiências de quem é obrigado a retirar água e alimento das pedras
- A lei da sobrevivência junta bichos, vegetais e gente. No deserto de Tucano-Jatobá, na divisa de Pernambuco com Alagoas, a coragem é a arma indispensável para quem convive com todas as dificuldades - a pior delas, a falta d'água.
Só os caboclos descendentes dos índios Pancararé, exímios vaqueiros, ou os que aprenderam com eles os segredos dessa lei natural ousam enfrentar o deserto. A vegetação rala, espinhenta dificulta a penetração do homem e reduz a oferta de alimentos.
O alimento
Os vaqueiros Abdias e Onélio são dois sobreviventes, acostumados com as dificuldades,
desiludidos com as promessas de melhoras que nunca foram cumpridas. Para quem desafia a lei natural, os riscos são variados - vão da dificuldade de locomoção, por não conhecer os caminhos e as veredas, à morte por picada de cobras ou sede e fome.
Abdias, o mais velho, lembra que Lampião só conseguiu atravessar o Raso da Catarina porque os caboclos (descendentes dos índios Pancararés), o ajudaram, deixando água escondida em pontos combinados com os cangaceiros. Em troca, Lampião deixava dinheiro para a comunidade. "Se não fosse isso, Lampião não teria conseguido atravessar o deserto", explicou.
No manual de sobrevivência, que a tradição consagrou, a macambira, cacto semelhante às
hastes espinhentas do abacaxi, é um alimento precioso. A planta, que atinge no máximo um
metro de altura, produz uma espécie de palmito que, depois de maduro, produz flores. Antes desse estágio, pode ser consumido e tem sabor semelhante ao palmito do coqueiro. A coroa-de-frade também produz frutos avermelhados, com grande concentração de água.
Se o homem e os bichos precisam de água armazenada, com o umbuzeiro é diferente. A
árvore desenvolveu, perto da raiz, o seu próprio reservatório, e se abastece através de um
sistema de irrigação interna capaz de competir com os melhores projetos da engenharia. É por isso que o umbuzeiro resiste à seca e sobrevive à mais longa estiagem. O único problema é o homem, que descobriu o reservatório e extrai a água, matando a árvore.
Petróleo
O fenômeno da desertificação registrado na divisa de Alagoas com Pernambuco, que reduziu a pó branco (areia) o trecho de 25 quilômetros da BR-316, é idêntico ao que ocorreu no semi-árido dos Estados Unidos, na década de 1930, e que ficou conhecido como Dust Bowl.
Nos Estados de Oklahoma, Kansas, Novo México e Colorado 380 mil quilômetros quadrados de terra foram degradadas; o semi-árido desses quatro Estados passaram a apresentar condições climáticas do tipo desértico.
A desertificação no Brasil somente começou a ser estudada em 1970, com o registro de uma das piores secas do século passado. O professor José Santino chamou a atenção para os erros que continuam sendo repetidos, tais como: a devastação da caatinga para a fundação de lavouras, extração de mourões e cercas, lenha para padarias e a produção de carvão. "A ocupação desordenada do solo e a falta de educação da população agravam os problemas e abreviam a desertificação", disse.
Mas o professor Santino não vê apenas problemas no deserto nordestino. Ele garante que a
região tem fortes indícios da presença de petróleo. "A Petrobras, inclusive, está realizando
- A lei da sobrevivência junta bichos, vegetais e gente. No deserto de Tucano-Jatobá, na divisa de Pernambuco com Alagoas, a coragem é a arma indispensável para quem convive com todas as dificuldades - a pior delas, a falta d'água.
Só os caboclos descendentes dos índios Pancararé, exímios vaqueiros, ou os que aprenderam com eles os segredos dessa lei natural ousam enfrentar o deserto. A vegetação rala, espinhenta dificulta a penetração do homem e reduz a oferta de alimentos.
O alimento
Os vaqueiros Abdias e Onélio são dois sobreviventes, acostumados com as dificuldades,
desiludidos com as promessas de melhoras que nunca foram cumpridas. Para quem desafia a lei natural, os riscos são variados - vão da dificuldade de locomoção, por não conhecer os caminhos e as veredas, à morte por picada de cobras ou sede e fome.
Abdias, o mais velho, lembra que Lampião só conseguiu atravessar o Raso da Catarina porque os caboclos (descendentes dos índios Pancararés), o ajudaram, deixando água escondida em pontos combinados com os cangaceiros. Em troca, Lampião deixava dinheiro para a comunidade. "Se não fosse isso, Lampião não teria conseguido atravessar o deserto", explicou.
No manual de sobrevivência, que a tradição consagrou, a macambira, cacto semelhante às
hastes espinhentas do abacaxi, é um alimento precioso. A planta, que atinge no máximo um
metro de altura, produz uma espécie de palmito que, depois de maduro, produz flores. Antes desse estágio, pode ser consumido e tem sabor semelhante ao palmito do coqueiro. A coroa-de-frade também produz frutos avermelhados, com grande concentração de água.
Se o homem e os bichos precisam de água armazenada, com o umbuzeiro é diferente. A
árvore desenvolveu, perto da raiz, o seu próprio reservatório, e se abastece através de um
sistema de irrigação interna capaz de competir com os melhores projetos da engenharia. É por isso que o umbuzeiro resiste à seca e sobrevive à mais longa estiagem. O único problema é o homem, que descobriu o reservatório e extrai a água, matando a árvore.
Petróleo
O fenômeno da desertificação registrado na divisa de Alagoas com Pernambuco, que reduziu a pó branco (areia) o trecho de 25 quilômetros da BR-316, é idêntico ao que ocorreu no semi-árido dos Estados Unidos, na década de 1930, e que ficou conhecido como Dust Bowl.
Nos Estados de Oklahoma, Kansas, Novo México e Colorado 380 mil quilômetros quadrados de terra foram degradadas; o semi-árido desses quatro Estados passaram a apresentar condições climáticas do tipo desértico.
A desertificação no Brasil somente começou a ser estudada em 1970, com o registro de uma das piores secas do século passado. O professor José Santino chamou a atenção para os erros que continuam sendo repetidos, tais como: a devastação da caatinga para a fundação de lavouras, extração de mourões e cercas, lenha para padarias e a produção de carvão. "A ocupação desordenada do solo e a falta de educação da população agravam os problemas e abreviam a desertificação", disse.
Mas o professor Santino não vê apenas problemas no deserto nordestino. Ele garante que a
região tem fortes indícios da presença de petróleo. "A Petrobras, inclusive, está realizando
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