De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Amparo dentro da aldeia

27/08/2007

Autor: RODRIGO VARGAS

Fonte: Diário de Cuibá




Desamparados pelo poder público, os povos indígenas de Mato Grosso têm encontrado dentro das aldeias, e em suas próprias organizações, a força para enfrentar as ameaças à cultura e as tentativas de invasão e exploração de seus territórios.

A conclusão consta do relatório final da 23ª Assembléia Regional do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que reuniu 48 representantes de todo o Estado.

O documento, a que o Diário teve acesso, aponta uma série de situações de risco para os povos indígenas e também para aqueles que atuam em defesa de seus direitos.

"Os avanços ocorridos se deram basicamente dentro das comunidades indígenas, através da organização das comunidades e povos na luta e defesa de seus direitos, na produção alimentar, na realização de seus ritos e festas que celebram a vida", diz um trecho.De acordo com os missionários, o governo tem sido omisso em sua função de impedir o avanço dos grupos econômicos sobre as terras demarcadas. "Tal fato se dá devido ao favorecimento do Estado ao agronegócio, aos grupos madeireiros e empresários, que visam o enriquecimento a qualquer custo".

Há situações de extrema gravidade em andamento, segundo o relatório. A chegada dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo, poderá representar um sério desafio à sobrevivência de muitos grupos.

Um exemplo é a exploração do potencial hidrelétrico - por meio de pequenas centrais (PCHs) e Usinas (UHEs) - nas bacias que servem as áreas indígenas. "[Estas obras] provocarão danos irreversíveis ao meio ambiente e impactos diretos e indiretos às comunidades e seus territórios'.

Somente no Complexo Juruena - que prevê a construção de oito PCHs e duas UHEs -, os impactos deverão atingir cinco etnias diretamente: - Enawene-Nawe, Nambikwara, Paresi, Myky e Rikbaktsa.

"Preocupa-nos, sobretudo, (...) o aumento do desmatamento, e consequentemente, a diminuição das espécies de fauna e flora, a poluição dos rios, a abertura de novas estradas, o grande fluxo migratório, o conflito e a grilagem de terra".

A demora na solução de conflitos envolvendo terras já reconhecidas e demarcadas, como Maraiwatsede (xavante) e Jarudore (Bororo), também foi lembrada pelos missionários.

"Nos municípios de Aripuanã e Colniza, agrava-se a situação de ameaças aos missionários do Cimi que atuam junto aos povos Arara e em defesa do grupo isolado Kawahiva", menciona o relatório.

Para o Cimi, é preciso considerar ainda a omissão no atendimento à saúde. "A FUNASA incorre em grave omissão de seu papel através da tercerização no atendimento às comunidades".

Na opinião dos missionários, é preciso corrigir os erros e injustiças do passado. "Os Povos Indígenas são, e continuarão a ser, parte importante na identidade e cultura mato-grossense".
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.