De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Comunidades próximas aos pelotões de fronteira pedem energia e livros didáticos
16/10/2007
Autor: Alex Rodrigues
Fonte: Radiobrás
Palmeiras do Javari (AM) - Para as comunidades que vivem próximas aos pelotões militares de fronteira, a presença do governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), junto com a comitiva que acompanha a visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim, às bases do Comando Militar da Amazônia (CMA) serviu para reivindicar melhorias como o fornecimento de energia elétrica, a instalação ou ampliação de postos de saúde.
Aconteceu em Maturacá, em Querari e em Vila Bittencourt. Nessa segunda-feira (15), durante a passagem da comitiva pelo 8º Batalhão de Infantaria de Selva, em Palmeiras do Javari, localidade isolada na selva, na fronteira com o Peru, o missionário indigenista Ricardo Lopes Dias entregou ao governador uma lista com pedidos dos Mayoruna, que vivem em quatro aldeias próximas ao pelotão.
"Solicitamos que, através do programa Luz para Todos, a rede de energia elétrica que chega a Palmeiras do Javari seja ampliada até Cruzeirinho", explicou Dias, referindo-se à vila onde, segundo ele, vivem cerca de 80 índios.
Ocorre que a própria Palmeiras do Javari enfrenta adversidades. "Atualmente, estamos com problemas na manutenção dos geradores. Em relação ao óleo diesel, a dificuldade é por causa da época da seca, que impossibilita que as balsas que vêm de Manaus cheguem aqui", diz Nelson Rodrigues, gerente da unidade da Companhia Energética do Amazonas (Ceam) local, empresa responsável por fornecer energia elétrica.
Outra reclamação dos indígenas que moram no local diz respeito à obtenção de documentos. "Aqui, as pessoas não têm nem títulos de eleitor nem registro de nascimento. Também estamos solicitando isso para que eles possam, de fato, ser considerados cidadãos brasileiros".
Segundo o missionário, boa parte dos Mayoruna da região opta por morar próximo ao pelotão para assim se beneficiar de serviços como luz elétrica e do atendimento de saúde. Segundo o CMA, o pelotão mantém uma equipe na qual um médico, um dentista e um farmacêutico atendem também as comunidades vizinhas.
Dias afirmou que quase não há contato entre a comunidade e a Funai. "A coisa não tem funcionado muito bem. O que estamos esperando da Funai é mais atenção à nossas reivindicações. E que eles tenham mais projetos. Não existe, por exemplo, um antropólogo ou lingüista que possa estabelecer uma gramática da língua mayoruna para que as crianças possam ser alfabetizadas primeiramente nela, depois no português".
Vivendo há dez anos no local, o missionário afirma que a Funasa, através da Sucam, visita a região semestralmente a fim de apoiar o controle de pragas como o mosquito transmissor da malária. Ainda assim, segundo ele, a presença das Forças Armadas "é a alma de Palmeiras". "No dia-a-dia, quem tem suprido nossas necessidades é o Exército, que mantém um médico, um dentista e um farmacêutico no pelotão, além da estrutura para realizar os exames de malária".
Outra queixa diz respeito à Escola Estadual Marechal Castelo Branco, onde estudam cerca de 130 alunos do ensino fundamental e médio. "A situação da escola é um descaso. A obra foi aprovada pelo governo estadual, creio que a verba chegou até o município, que contratou a Construtora Pacon. A empresa, além de deixar a obra inacabada, usou material de qualidade ruim. Nossos filhos estão correndo risco por causa dos fios expostos".
As salas não têm vidros, telas, nem ventiladores. Segundo o próprio diretor da escola, Raimundo Cruz, desde 1993, desde que o teto do antigo prédio desabou e a estrutura da unidade de ensino teve de ser demolida por estar comprometida, os alunos não têm um local adequado para estudar.
Cruz disse que em 2003, o governo do estado liberou verbas para que a prefeitura concluísse a obra, mas a empresa contratada abandonou o serviço antes do término. "A escola está inacabada e desde 2005 a obra está parada, o que afeta toda a comunidade. Sem estrutura para receber os alunos, há muita desistência. As famílias viajam para procurar uma escola melhor".
Outro problema, de acordo com o diretor, é que o Ministério da Educação ainda não enviou os livros didáticos para este ano. Ele disse que a escola dispõe apenas de livros de literatura, distribuídos pelo governo estadual.
Segundo o governador, diante das dificuldades de acesso e transporte, o maior impedimento à conclusão da escola é a "logística". Por isso ele pediu ajuda para o Exército. "Temos um convênio com a Prefeitura de Atalaia do Norte para a construção disso aqui. Tem três anos que não conseguimos concluir e estamos agora tentando com a ajuda do Exército. Finalmente, foi autorizada uma parceria".
O governador disse que a conclusão da obra vai depender de vários fatores. Já o responsável pelo CMA, general Augusto Heleno Pereira, afirmou que apesar do término do serviço depender de "condicionantes imponderáveis" como o clima e a disponibilidade de aviões militares, "com vontade a gente faz".
Aconteceu em Maturacá, em Querari e em Vila Bittencourt. Nessa segunda-feira (15), durante a passagem da comitiva pelo 8º Batalhão de Infantaria de Selva, em Palmeiras do Javari, localidade isolada na selva, na fronteira com o Peru, o missionário indigenista Ricardo Lopes Dias entregou ao governador uma lista com pedidos dos Mayoruna, que vivem em quatro aldeias próximas ao pelotão.
"Solicitamos que, através do programa Luz para Todos, a rede de energia elétrica que chega a Palmeiras do Javari seja ampliada até Cruzeirinho", explicou Dias, referindo-se à vila onde, segundo ele, vivem cerca de 80 índios.
Ocorre que a própria Palmeiras do Javari enfrenta adversidades. "Atualmente, estamos com problemas na manutenção dos geradores. Em relação ao óleo diesel, a dificuldade é por causa da época da seca, que impossibilita que as balsas que vêm de Manaus cheguem aqui", diz Nelson Rodrigues, gerente da unidade da Companhia Energética do Amazonas (Ceam) local, empresa responsável por fornecer energia elétrica.
Outra reclamação dos indígenas que moram no local diz respeito à obtenção de documentos. "Aqui, as pessoas não têm nem títulos de eleitor nem registro de nascimento. Também estamos solicitando isso para que eles possam, de fato, ser considerados cidadãos brasileiros".
Segundo o missionário, boa parte dos Mayoruna da região opta por morar próximo ao pelotão para assim se beneficiar de serviços como luz elétrica e do atendimento de saúde. Segundo o CMA, o pelotão mantém uma equipe na qual um médico, um dentista e um farmacêutico atendem também as comunidades vizinhas.
Dias afirmou que quase não há contato entre a comunidade e a Funai. "A coisa não tem funcionado muito bem. O que estamos esperando da Funai é mais atenção à nossas reivindicações. E que eles tenham mais projetos. Não existe, por exemplo, um antropólogo ou lingüista que possa estabelecer uma gramática da língua mayoruna para que as crianças possam ser alfabetizadas primeiramente nela, depois no português".
Vivendo há dez anos no local, o missionário afirma que a Funasa, através da Sucam, visita a região semestralmente a fim de apoiar o controle de pragas como o mosquito transmissor da malária. Ainda assim, segundo ele, a presença das Forças Armadas "é a alma de Palmeiras". "No dia-a-dia, quem tem suprido nossas necessidades é o Exército, que mantém um médico, um dentista e um farmacêutico no pelotão, além da estrutura para realizar os exames de malária".
Outra queixa diz respeito à Escola Estadual Marechal Castelo Branco, onde estudam cerca de 130 alunos do ensino fundamental e médio. "A situação da escola é um descaso. A obra foi aprovada pelo governo estadual, creio que a verba chegou até o município, que contratou a Construtora Pacon. A empresa, além de deixar a obra inacabada, usou material de qualidade ruim. Nossos filhos estão correndo risco por causa dos fios expostos".
As salas não têm vidros, telas, nem ventiladores. Segundo o próprio diretor da escola, Raimundo Cruz, desde 1993, desde que o teto do antigo prédio desabou e a estrutura da unidade de ensino teve de ser demolida por estar comprometida, os alunos não têm um local adequado para estudar.
Cruz disse que em 2003, o governo do estado liberou verbas para que a prefeitura concluísse a obra, mas a empresa contratada abandonou o serviço antes do término. "A escola está inacabada e desde 2005 a obra está parada, o que afeta toda a comunidade. Sem estrutura para receber os alunos, há muita desistência. As famílias viajam para procurar uma escola melhor".
Outro problema, de acordo com o diretor, é que o Ministério da Educação ainda não enviou os livros didáticos para este ano. Ele disse que a escola dispõe apenas de livros de literatura, distribuídos pelo governo estadual.
Segundo o governador, diante das dificuldades de acesso e transporte, o maior impedimento à conclusão da escola é a "logística". Por isso ele pediu ajuda para o Exército. "Temos um convênio com a Prefeitura de Atalaia do Norte para a construção disso aqui. Tem três anos que não conseguimos concluir e estamos agora tentando com a ajuda do Exército. Finalmente, foi autorizada uma parceria".
O governador disse que a conclusão da obra vai depender de vários fatores. Já o responsável pelo CMA, general Augusto Heleno Pereira, afirmou que apesar do término do serviço depender de "condicionantes imponderáveis" como o clima e a disponibilidade de aviões militares, "com vontade a gente faz".
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