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Para evitar conflito, índios deixam aldeia

01/07/2002

Autor: FRANCIS AMORIM

Fonte: Diário de Cuiabá-Cauiabá-MT



Briga pelo poder, que se arrasta há dez anos, ganhou força por causa de tradicional celebração


Índios xavantes da reserva São Marcos estão divididos com a disputa entre grupos rivais

A luta pelo comando da aldeia São Marcos, na reserva indígena São Marcos, em Barra do Garças (520 quilômetros de Cuiabá), levou cerca de 600 famílias indígenas, entre crianças, adultos e idosos, a criar uma nova comunidade para evitar o derramamento de sangue. Os índios estão acampados em barracos de lonas e sobrevivendo com a ajuda da Fundação Nacional do Índio (Funai) e de donativos arrecadados pela igreja católica.

As famílias abandonaram a aldeia São Marcos com medo de um novo conflito entre os grupos dos caciques Raimundo Urebethié Aireró e Aniceto Xavante, que disputam o comando da comunidade há pelo menos dez anos. A briga começou com a eleição de Raimundo, irmão do falecido cacique Orestes Urebethié Aieró, outro que reivindicava o cargo. A morte de Orestes não pôs fim à disputa.

Desde a semana passada, o clima na reserva era de tensão e ameaça de um conflito. Uma discussão sobre a realização da festa Dhariní, uma tradição dos xavantes repetida a cada 15 anos, foi o pivô de uma nova disputa. O grupo liderado pelo cacique Raimundo não permitiu que Aniceto e seu grupo realizassem a festa.

Revoltado com a decisão de seu opositor, Aniceto comandou a evasão da aldeia, onde reside há mais de 40 anos. As famílias lideradas por ele resolveram acompanhá-lo para a região do córrego Tenório, na divisa com a Reserva Bororo Meruri, em General Carneiro, e criar uma nova comunidade. No local há apenas o córrego.

Uma comissão formada pelo administrador Regional da Funai em Barra do Garças, Irineu Gomes Batista, segue hoje para a nova área para reconhecer e fazer a sua demarcação. O órgão pretende levar também alimentos e materiais para que as famílias possam dar início à construção da aldeia. "Por enquanto o clima é de tranqüilidade. Não há mais o risco de um conflito entre os dois grupos. O cacique Raimundo achou melhor assim para evitar o pior", disse Irineu.
 

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