De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Líder xavante Mário Juruna morre em Brasília
18/07/2002
Autor: DIDA SAMPAIO
Fonte: Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Ex-deputado federal pelo PDT, ele tinha 58 anos e sofria de diabete
Primeiro e único índio brasileiro a se tornar deputado federal, o ex-cacique xavante Mário Juruna, de 58 anos, morreu ontem à noite no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, depois de 15 dias de internação, por complicações renais. Juruna, que era diabético e hipertenso, estava internado na UTI do hospital. A família do índio havia decidido que o corpo seria transferido ainda ontem à noite para a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), onde seria velado, devendo seguir hoje para a aldeia xavante Namuncurá, em Barra do Garças, Mato Grosso.
Mas Jorge Michel, presidente do PDT de Brasília, partido pelo qual Juruna foi eleito deputado, pretendia que o corpo fosse velado hoje no Congresso Nacional. "O Mário foi uma figura de expressão nacional de grande significado para o povo xavante e para toda a comunidade indígena brasileira", declarou ontem o presidente da Funai, Otacílio Antunes. O ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, também lamentou a morte do índio e orientou a Funai a prestar todo auxílio necessário à família, inclusive providenciando um avião para o traslado do corpo.
Juruna vivia em cadeiras de rodas havia mais de cinco anos por conta de complicação da diabete. Casado duas vezes, com 12 filhos, morava no Guará, cidade-satélite a 20 quilômetros de Brasília. Recebia do PDT uma ajuda de custo de cerca de R$ 3 mil.
Até os 17 anos, Juruna viveu na selva. Quando começou a desempenhar o papel de repsresentante dos índios com políticos e a Funai, passou a usar um gravador a tiracolo para gravar as promessas que lhe faziam, a fim de depois cobrá-las em público.
Antes de ser eleito deputado federal em 1982 pelo PDT do Rio, com cerca de 32 mil votos, Juruna havia representado os índios brasileiros em Roterdã, durante o 4.º Tribunal Bertrand Russel, instituição da qual foi presidente.
Em 1983, Juruna quase teve o mandato cassado, por causa de um discurso que fez na Câmara dos Deputados, criticando o governo do general João Batista Figueiredo. "Todo ministro é corrupto, todo ministro é ladrão, todo ministro é sem-vergonha, todo ministro é mau caráter." O governo pediu sua punição, mas o deputado recebeu apenas uma censura da Mesa da Câmara.
No mesmo ano, Juruna chegou a publicar o livro O Gravador de Juruna, no qual registrou as promessas feitas a ele e não cumpridas. Juruna tentou se reeleger em vão em 1986. Desagradado com a derrota, declarou: "Foi pura ingratidão, ingratidão falsa, ingratidão criminosa. Eu me sacrifiquei perante o público, perante a Nação brasileira. Todo mundo sabe muito bem quem é Juruna. Eu sou o homem do gravador."
A mais importante vitória de Juruna no Congresso foi a aprovação do projeto que alterava a composição da diretoria da Funai, o que garantiu a formação de um conselho para fiscalizar a atuação da entidade.
Em 1994, afastado da cena política, anunciou ao Estado que estava aposentando o gravador. "Os políticos mentem tanto que seria preciso muita fita cassete para registrar as promessas. As fitas estão muito caras não tenho dinheiro par isso." O aparelho virou peça do Museu do Índio, em Campo Grande (MS).
Mas, em 1998, ele dizia que ainda alimentava um sonho: ser presidente da Funai.
Primeiro e único índio brasileiro a se tornar deputado federal, o ex-cacique xavante Mário Juruna, de 58 anos, morreu ontem à noite no Hospital Santa Lúcia, em Brasília, depois de 15 dias de internação, por complicações renais. Juruna, que era diabético e hipertenso, estava internado na UTI do hospital. A família do índio havia decidido que o corpo seria transferido ainda ontem à noite para a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai), onde seria velado, devendo seguir hoje para a aldeia xavante Namuncurá, em Barra do Garças, Mato Grosso.
Mas Jorge Michel, presidente do PDT de Brasília, partido pelo qual Juruna foi eleito deputado, pretendia que o corpo fosse velado hoje no Congresso Nacional. "O Mário foi uma figura de expressão nacional de grande significado para o povo xavante e para toda a comunidade indígena brasileira", declarou ontem o presidente da Funai, Otacílio Antunes. O ministro da Justiça, Paulo de Tarso Ribeiro, também lamentou a morte do índio e orientou a Funai a prestar todo auxílio necessário à família, inclusive providenciando um avião para o traslado do corpo.
Juruna vivia em cadeiras de rodas havia mais de cinco anos por conta de complicação da diabete. Casado duas vezes, com 12 filhos, morava no Guará, cidade-satélite a 20 quilômetros de Brasília. Recebia do PDT uma ajuda de custo de cerca de R$ 3 mil.
Até os 17 anos, Juruna viveu na selva. Quando começou a desempenhar o papel de repsresentante dos índios com políticos e a Funai, passou a usar um gravador a tiracolo para gravar as promessas que lhe faziam, a fim de depois cobrá-las em público.
Antes de ser eleito deputado federal em 1982 pelo PDT do Rio, com cerca de 32 mil votos, Juruna havia representado os índios brasileiros em Roterdã, durante o 4.º Tribunal Bertrand Russel, instituição da qual foi presidente.
Em 1983, Juruna quase teve o mandato cassado, por causa de um discurso que fez na Câmara dos Deputados, criticando o governo do general João Batista Figueiredo. "Todo ministro é corrupto, todo ministro é ladrão, todo ministro é sem-vergonha, todo ministro é mau caráter." O governo pediu sua punição, mas o deputado recebeu apenas uma censura da Mesa da Câmara.
No mesmo ano, Juruna chegou a publicar o livro O Gravador de Juruna, no qual registrou as promessas feitas a ele e não cumpridas. Juruna tentou se reeleger em vão em 1986. Desagradado com a derrota, declarou: "Foi pura ingratidão, ingratidão falsa, ingratidão criminosa. Eu me sacrifiquei perante o público, perante a Nação brasileira. Todo mundo sabe muito bem quem é Juruna. Eu sou o homem do gravador."
A mais importante vitória de Juruna no Congresso foi a aprovação do projeto que alterava a composição da diretoria da Funai, o que garantiu a formação de um conselho para fiscalizar a atuação da entidade.
Em 1994, afastado da cena política, anunciou ao Estado que estava aposentando o gravador. "Os políticos mentem tanto que seria preciso muita fita cassete para registrar as promessas. As fitas estão muito caras não tenho dinheiro par isso." O aparelho virou peça do Museu do Índio, em Campo Grande (MS).
Mas, em 1998, ele dizia que ainda alimentava um sonho: ser presidente da Funai.
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