De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Presidente da Funai tema reação violenta

12/04/2008

Fonte: OESP, Nacional, p. A4



Presidente da Funai tema reação violenta
Marcio Meira acha que a decisão do STF pode causar 'impaciência' nas aldeias da reserva

Felipe Recondo

O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Marcio Meira, admitiu ontem que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender a retirada de arrozeiros da Raposa Serra do Sol, em Roraima, pode provocar impaciência nos índios e gerar ações violentas na região.

"Nosso receio é que a população indígena não tenha a paciência necessária para aguardar o devido momento para que isso seja feito pacificamente", confessou. "Nós estávamos fazendo a ação justamente para que as reações violentas contra os direitos dos índios não continuassem", lamentou ele. As declarações sobre "impaciência" dos índios contrastam com o pedido de mais negociação entre as partes feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A preocupação do governo agora é evitar esses possíveis conflitos entre índios e arrozeiros. Por esse motivo, a Polícia Federal manteve na região alguns dos 500 agentes que estavam mobilizados, desde 27 de março, para a operação de retirada dos fazendeiros.

Os índios reivindicam a desocupação da reserva desde 15 de abril de 2005, quando Lula homologou a criação do território, demarcado em 1998 por Fernando Henrique Cardoso.

A Operação Upatakon 3 prometia dar fim ao impasse, mas foi suspensa por ordem do Supremo na quinta-feira, mesmo com o alerta feito pela Advocacia-Geral da União (AGU) em recurso pela retirada dos arrozeiros. "A notícia que se tem (...) é de que os índios se aparelharam para dar início a uma verdadeira guerra, inclusive com o deslocamento de milhares deles para a região."

Os arrozeiros comemoraram a decisão, mas os índios deram sinais de revolta. "Senti raiva quando soube da liminar", disse Dionito de Souza, coordenador-geral do Conselho Indigenista de Roraima. "Os arrozeiros recorreram à violência, ao terrorismo e à guerrilha para atropelar a lei, para pisar naquilo que está escrito na Constituição do País, e acabaram sendo premiados com essa liminar que favorece os interesses deles."

Os arrozeiros resistem a deixar a área, de acordo com o presidente da Funai, com o argumento de que o governo teria oferecido indenização equivalente a apenas 5% do total das benfeitorias feitas por eles na região até hoje.

Meira contestou o argumento e disse que, por lei, as benfeitorias levadas em consideração no cálculo da indenização são aquelas feitas até a data em que a terra é decretada indígena. A partir de então, qualquer construção nova é considerada de má-fé.

"Nós pagamos todas as benfeitorias feitas de boa-fé para aqueles que já saíram. Para aqueles que se recusaram a receber com esse argumento - que é falso -, as indenizações foram depositadas em juízo", explicou Meira.

OESP, 12/04/2008, Nacional, p. A4
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.