De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Tarso alerta para riscos de demarcação descontínua

18/06/2008

Autor: Rodrigo Bittar

Fonte: Agência Câmara - www2.camara.gov.br




O ministro da Justiça, Tarso Genro, reiterou nesta quarta-feira que é favorável à demarcação contínua da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima. O ministro acredita que a demarcação da reserva em áreas descontínuas (ilhas), como quer o governo do estado, só serviria para aprofundar os conflitos na região, dado a características geográficas e étnicas dos indígenas.

Em audiência da Comissão de Agricultura, o ministro declarou que há duas "legitimidades em conflito" na região: os direitos dos ocupantes de boa-fé (como produtores agrícolas) e a norma constitucional que outorga à União o poder de demarcar as terras indígenas. "O STF vai determinar qual legitimidade é mais adequada ao sistema jurídico brasileiro", disse. Ele ressaltou que, independentemente da decisão do Supremo, o poder público deverá cumpri-la de forma rápida e harmoniosa.

Segundo o ministro, as principais controvérsias na demarcação das terras indígenas, de maneira geral, se referem à qualidade dos laudos realizados, à continuidade ou descontinuidade das terras e às regras de indenização dos ocupantes de boa-fé dessas terras, que só são indenizados pelas benfeitorias e não pelo valor da terra. Em relação a esse último ponto, o ministro pediu que o Congresso reveja a norma que prevê a indenização apenas pelas benfeitorias. "É diferente desocupar as terras indígenas de grileiros e de pessoas que ocupam o terreno há muitos anos", avaliou.

Genro considera "emblemático" o julgamento do STF sobre a forma de demarcação da reserva Raposa Serra do Sol, se em área contínua ou descontínua. Ele afirmou, no entanto, que a decisão não comprometerá a soberania nacional. "O fato não afeta a soberania nacional porque é território nacional. A Polícia Federal e a Força Nacional de Segurança entram lá quando for necessário", disse o ministro. Tarso lembrou ainda que reservas indígenas são consideradas terras da União com usufruto para os indígenas.

Segurança nacional
A ação dos movimentos sociais também foi assunto na audiência. O deputado Abelardo Lupion (DEM-PR) chegou a defender o uso da Lei de Segurança Nacional (7.170/83) contra ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e de outras entidades que invadam propriedades privadas.

Lupion disse que já ficou 20 dias "ilhado" em sua propriedade, com a família e empregados, sob ameaça de invasão de sem-terras. Ele informou que, na ocasião, pediu ajuda à Polícia Federal, mas não foi atendido. Segundo ele, o caso ocorreu durante a gestão de Márcio Thomaz Bastos no Ministério da Justiça (2003-2007).

Tarso Genro respondeu que alguns crimes previstos na Lei de Segurança Nacional já são considerados crimes comuns e que essa lei só deve ser aplicada em casos que coloquem em risco todo o sistema nacional de segurança. Segundo o ministro, as invasões de terra e os bloqueios de rodovias e ferrovias são casos de segurança local e não de segurança nacional. "Para ser considerado um caso de segurança nacional, o fato tem que ter potência tal que comprometa a estabilidade do sistema de segurança como um todo, senão é delito comum", explicou.

Para o ministro, se a lei fosse aplicada em casos de bloqueio de estradas de ferro por sem-terra, ela também deveria ser aplicada em bloqueios de caminhoneiros e de taxistas em rodovias e nas ocupações feitas por produtores rurais em agências do Banco do Brasil.
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.