De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
230 índios do Mato Grosso invadiram ontem Veneza
02/09/2008
Autor: Manuela Paixão
Fonte: Diário de Notícias - dn.sapo.pt
Veneza. Ao sexto dia do festival, começam já a desenhar-se preferências e apostas para a vitória final. Ontem, surgiu mais um candidato. 'BirdWatchers', do realizador ítalo-chileno Marco Bechis, denuncia a semiescravatura dos índios na floresta brasileira. Baseado em factos reais e com personagens reais
Cineasta usou os índios como protagonistas
Os índios do Mato Grosso invadiram ontem Veneza. Eram 230 e ocuparam o ecrã da competição pelo ouro dirigidos pelo realizador Marco Bechise. BirdWatchers , o novo filme do cineasta ítalo-chileno Marco Bechis, crescido entre Bueno Aires e São Paulo, denuncia o drama vivido na floresta brasileira, onde nos últimos vinte anos o abate de árvores feito para abrir espaço ao cultivo de transgénicas lançou muitos dos índios para uma vida de semiescravatura e criou graves desajustes no quadro social e familiar do seu povo, como o demonstra o aumento significativo dos suicídios entre os mais jovens.
Baseado na história verídica de um grupo de índios Guarani-Kaiowa desalojados das suas terras, sem acesso aos tradicionais espaços de pesca e caça, obrigados a acampar no limite das terras que foram suas durante séculos e hoje ocupadas e legalmente por fazendeiros, o filme de Bechis traça um quadro de vida de gente obrigada a viver em condições desumanas nas plantações da cana-de-açúcar.
O filme invoca desde logo essas estatísticas negras oficiais, que denunciam o aumento de suicídios entre jovens - 517 nos últimos 20 anos. Um indicador de um quadro social de angústia que provoca a revolta do grupo que, guiado pelo líder feiticeiro da tribo, se instala nos confins de uma propriedade para reclamar a restituição das suas terras na floresta brasileira - o único país sul-americano que não reconhece os direitos dos índios à propriedade das terras. O suicídio de um jovem de 19 anos, que deixa a companheira grávida, desprovida de meios para se sustentar, é o gatilho de uma insurreição violentíssima.
"Para os 230 personagens, todos interpretados por índios autênticos, fo- ram necessários muitos meses de selecção", explicou Marco Bechis na conferência de apresentação. "Há anos que seguia a campanha de defesa das po- pulações indígenas, documentei-me sobre as tribos sobreviventes e parti à aventura", recorda o realizador. "Na bolsa levava uma máquina fotográfica, um bloco, um gravador áudio, e parti para a cidade de Dourados, capital da produ- ção de soja transgénica." O resultado é um filme que serve de manifesto político pela causa dos mesmos homens e mulheres que são protagonistas nesta ficção de base real. "Estou emociona- da por estar aqui, mas o mais importante será perceber o impacto deste filme no Brasil,", declarou Alicelia Batista, indígena e actriz escolhida por Bechis. "Esta é a história da nossa luta pela sobrevivência".
Cineasta usou os índios como protagonistas
Os índios do Mato Grosso invadiram ontem Veneza. Eram 230 e ocuparam o ecrã da competição pelo ouro dirigidos pelo realizador Marco Bechise. BirdWatchers , o novo filme do cineasta ítalo-chileno Marco Bechis, crescido entre Bueno Aires e São Paulo, denuncia o drama vivido na floresta brasileira, onde nos últimos vinte anos o abate de árvores feito para abrir espaço ao cultivo de transgénicas lançou muitos dos índios para uma vida de semiescravatura e criou graves desajustes no quadro social e familiar do seu povo, como o demonstra o aumento significativo dos suicídios entre os mais jovens.
Baseado na história verídica de um grupo de índios Guarani-Kaiowa desalojados das suas terras, sem acesso aos tradicionais espaços de pesca e caça, obrigados a acampar no limite das terras que foram suas durante séculos e hoje ocupadas e legalmente por fazendeiros, o filme de Bechis traça um quadro de vida de gente obrigada a viver em condições desumanas nas plantações da cana-de-açúcar.
O filme invoca desde logo essas estatísticas negras oficiais, que denunciam o aumento de suicídios entre jovens - 517 nos últimos 20 anos. Um indicador de um quadro social de angústia que provoca a revolta do grupo que, guiado pelo líder feiticeiro da tribo, se instala nos confins de uma propriedade para reclamar a restituição das suas terras na floresta brasileira - o único país sul-americano que não reconhece os direitos dos índios à propriedade das terras. O suicídio de um jovem de 19 anos, que deixa a companheira grávida, desprovida de meios para se sustentar, é o gatilho de uma insurreição violentíssima.
"Para os 230 personagens, todos interpretados por índios autênticos, fo- ram necessários muitos meses de selecção", explicou Marco Bechis na conferência de apresentação. "Há anos que seguia a campanha de defesa das po- pulações indígenas, documentei-me sobre as tribos sobreviventes e parti à aventura", recorda o realizador. "Na bolsa levava uma máquina fotográfica, um bloco, um gravador áudio, e parti para a cidade de Dourados, capital da produ- ção de soja transgénica." O resultado é um filme que serve de manifesto político pela causa dos mesmos homens e mulheres que são protagonistas nesta ficção de base real. "Estou emociona- da por estar aqui, mas o mais importante será perceber o impacto deste filme no Brasil,", declarou Alicelia Batista, indígena e actriz escolhida por Bechis. "Esta é a história da nossa luta pela sobrevivência".
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