De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
"Terra Vermelha" discute dilemas dos índios guarani-kaiowás
17/10/2008
Autor: Neusa Barbosa
Fonte: Uol Cinema - cinema.uol.com.br/mostra
Chileno que morou no Brasil e na Argentina, o cineasta Marco Bechis recuperou o português que aprendeu na sua infância, em São Paulo, nos últimos quatro anos, quando começou a pesquisa no Mato Grosso do Sul que culminou no filme "Terra Vermelha".
É em bom português, inclusive, que o diretor, que está em São Paulo para o pré-lançamento do filme, que abriu ontem à noite a 32ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, dá entrevistas na tarde desta sexta (17). Autor de duas obras a respeito da repressão da ditadura argentina dos anos 80, "Garagem Olimpo" (99) e "Filhos" (2001), Bechis vê um paralelo entre o fenômeno dos desaparecidos na Argentina e o massacre das populações nativas na América. "Os índios são sobreviventes, a partir do grande genocídio de 1500. As viagens de pesquisa que fiz pela América Latina deram-me o reconhecimento dessa sobrevivência".
O roteiro do filme foi sendo construído e modificado por Bechis e pelo experiente Luiz Bolognesi ("Chega de Saudade") a partir de experiências com o elenco de índios, que são os protagonistas reais da trama. "Muito do que o Ambrósio Vilhalva interpreta no filme, ele viveu de verdade, ou seja, a procura da retomada de uma terra que era dos índios, o conflito com os fazendeiros que a ocupavam. Quando o conheci, ele estava naquela terra há 90 dias", conta o diretor.
Quatro anos depois, Ambrósio ainda não teve sua aldeia, chamada Guyra Roká ("terra dos pássaros"), demarcada definitivamente, embora já tenha sido delimitada. Ele vê com esperanças a possibilidade de a exibição de "Terra Vermelha" atuar em favor da causa indígena: "O filme tirou a questão de debaixo do tapete e colocou em cima da mesa. O Brasil vai ter de mudar a sua cara. Queremos respeito, justiça também".
Outro tema polêmico abordado na história é o suicídio entre jovens. Segundo o antropólogo Nereu Schneider, um dos consultores de Bechis, esta é uma situação gravíssima entre os guarani-kaiowás. "Desde a década de 80, quando se começou a fazer registros, há pelo menos 500 casos documentados", afirma.
O suicídio acontece, até mesmo, em aldeias já demarcadas, caso de Panambizinho. Lá, segundo o índio Abrísio Silva Pedro (que interpreta o xamã Osvaldo), três suicídios aconteceram, um deles de um garoto de 14 anos, uma semana antes que parte do elenco indígena embarcasse para Veneza - para o festival, em setembro, onde o filme participou da competição oficial. De acordo com Abrísio, "o suicídio existe porque o jovem sente que não tem saída".
Vendido para 12 países entre Europa, Austrália e Estados Unidos, "Terra Vermelha" tem estréia brasileira marcada para 7 de novembro. Bem antes disso, na próxima segunda (20), será exibido no Mato Grosso do Sul para lideranças indígenas locais. Na semana seguinte, segundo o diretor, deve acontecer uma outra sessão, esta aberta a autoridades e mídia.
Tanto Ambrósio como Bechis acredita no potencial de "Terra Vermelha" de transformar a realidade que aborda. "Quando fiz 'Garagem Olimpo', em 1999, todos os torturadores argentinos estavam livres. Hoje, os seqüestradores e a cúpula militar estão na prisão, na maioria, prisão perpétua", compara.
É em bom português, inclusive, que o diretor, que está em São Paulo para o pré-lançamento do filme, que abriu ontem à noite a 32ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, dá entrevistas na tarde desta sexta (17). Autor de duas obras a respeito da repressão da ditadura argentina dos anos 80, "Garagem Olimpo" (99) e "Filhos" (2001), Bechis vê um paralelo entre o fenômeno dos desaparecidos na Argentina e o massacre das populações nativas na América. "Os índios são sobreviventes, a partir do grande genocídio de 1500. As viagens de pesquisa que fiz pela América Latina deram-me o reconhecimento dessa sobrevivência".
O roteiro do filme foi sendo construído e modificado por Bechis e pelo experiente Luiz Bolognesi ("Chega de Saudade") a partir de experiências com o elenco de índios, que são os protagonistas reais da trama. "Muito do que o Ambrósio Vilhalva interpreta no filme, ele viveu de verdade, ou seja, a procura da retomada de uma terra que era dos índios, o conflito com os fazendeiros que a ocupavam. Quando o conheci, ele estava naquela terra há 90 dias", conta o diretor.
Quatro anos depois, Ambrósio ainda não teve sua aldeia, chamada Guyra Roká ("terra dos pássaros"), demarcada definitivamente, embora já tenha sido delimitada. Ele vê com esperanças a possibilidade de a exibição de "Terra Vermelha" atuar em favor da causa indígena: "O filme tirou a questão de debaixo do tapete e colocou em cima da mesa. O Brasil vai ter de mudar a sua cara. Queremos respeito, justiça também".
Outro tema polêmico abordado na história é o suicídio entre jovens. Segundo o antropólogo Nereu Schneider, um dos consultores de Bechis, esta é uma situação gravíssima entre os guarani-kaiowás. "Desde a década de 80, quando se começou a fazer registros, há pelo menos 500 casos documentados", afirma.
O suicídio acontece, até mesmo, em aldeias já demarcadas, caso de Panambizinho. Lá, segundo o índio Abrísio Silva Pedro (que interpreta o xamã Osvaldo), três suicídios aconteceram, um deles de um garoto de 14 anos, uma semana antes que parte do elenco indígena embarcasse para Veneza - para o festival, em setembro, onde o filme participou da competição oficial. De acordo com Abrísio, "o suicídio existe porque o jovem sente que não tem saída".
Vendido para 12 países entre Europa, Austrália e Estados Unidos, "Terra Vermelha" tem estréia brasileira marcada para 7 de novembro. Bem antes disso, na próxima segunda (20), será exibido no Mato Grosso do Sul para lideranças indígenas locais. Na semana seguinte, segundo o diretor, deve acontecer uma outra sessão, esta aberta a autoridades e mídia.
Tanto Ambrósio como Bechis acredita no potencial de "Terra Vermelha" de transformar a realidade que aborda. "Quando fiz 'Garagem Olimpo', em 1999, todos os torturadores argentinos estavam livres. Hoje, os seqüestradores e a cúpula militar estão na prisão, na maioria, prisão perpétua", compara.
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