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Indígenas não recebem atendimento médico em posto de saúde

29/09/2004

Autor: Rogéria Araújo

Fonte: ADITAL - http://www.adital.com.br/site/noticia2.asp?lang=PT&cod=13931



O Conselho Indígena do Vale do Javari (Civaja), situado no Estado do Amazonas, está denunciando que cinco indígenas da etnia Kanamari tiveram atendimento médico negado no Posto de Saúde do Município de Atalaia do Norte, depois de terem levado sete dias para chegar à cidade. Segundo o Conselho, os funcionários teriam alegado que não havia autorização do prefeito, Rosário Conte, para que índios fossem atendidos no local.
Segundo os indígenas, todo o ocorrido reflete o estado em que se encontra o distrito de Vale do Javari, uma vez que a Casa de Saúde do Índio (Casai), situada em Atalaia do Norte, não vem oferecendo o atendimento necessário aos povos que formam a região. Foi assim que cinco indígenas, segundo a denúncia, tiveram que ser encaminhados pela Casa ao Posto de Saúde Municipal.

O Conselho Indígena do Vale do Javari defende que o atendimento aos indígenas poderia ter sido feito através do Programa de Saúde Familiar - Indígena (PSF-I) ou através de outros recursos disponíveis para a assistência indígena.

"Quando esteve no município de Atalaia do Norte, o diretor do Departamento de Saúde Indígena (Desai) da Fundação Nacional de Saúde, Alexandre Padilha, enfatizou que a Secretaria Municipal tinha a disposição recursos do chamado Programa de Saúde Familiar - Indígena que seriam destinado ao atendimento de indígenas, além dos recursos do Distrito Sanitário Especial Indígena do Vale do Javari", ressalta a denúncia.


Outro lado
Na reta final de sua campanha de reeleição, o prefeito de Atalaia do Norte, Rosário Conte Neto, não se encontrava na Prefeitura. No entanto, seu assessor direto, Bosco Maia, afirmou que todas as denúncias feitas pelos indígenas não procedem e que o Posto de Saúde do Município atende, não só os indígenas da região brasileira, como também a outros vindo dos países fronteiriços.

Ressaltou ainda que a prefeitura não deixa de ter cautela especialmente quando se trata de recursos públicos, mas que isso não afeta diretamente o atendimento aos indígenas. O assessor fez menção ao fato de os próprios índios não saberem administrar os recursos que são encaminhados para a assistência indígena.

"Essas denúncias não têm procedência. O prefeito está em plena campanha, não iria se ocupar com nenhuma ordem deste tipo. Todos os postos estão autorizados a fazer atendimento seja para um índio ou um "não índio" como eles chamam", disse.


Situação caótica
Os indígenas, no entanto, ressaltam que a atitude tomada pelos funcionários do posto só reforça a existência das dificuldades na área da saúde da região, fazendo com que os indígenas tenham que recorrer a outros equipamentos que não os direcionados para os indígenas.

O Plano de Emergência proposto pela Fundação Nacional da Saúde não está sendo suficiente para atender a demanda das várias etnias da área. Os problemas para consolidar uma assistência médica eficiente continuam os mesmos: há dificuldade para fixar profissionais da área de saúde, por conta da geografia do local, há poucos recursos financeiros para os convênios de saúde que possibilitam o atendimento de indígenas.

Enquanto a situação não se resolve, muitos indígenas continuam sendo vitimados pelo vírus da hepatite B e D que, no ano passado, levou vários deles à morte.
 

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