De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Último crepúsculo
17/04/2009
Autor: Joel Maduro *
Fonte: Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=60122
Poético, nem tanto, talvez franco, verdadeiro e objetivo seriam os termos mais qualificados a expressar o fim doloroso de uma civilização que ora avizinha-se num pôr-do-sol opaco, sem os filetes de raios de luz, sem volta a contrapor a aurora de um novo dia dos excluídos e expulsos de vossas casas.
Ao fim da luz do sol em pleno lavrado de Makunaima entre os buritizais que serpenteiam a terra plana, desenha-se com a lavra da suprema corte brasileira e com os contornos de um governo lacaio, o crepúsculo de uma civilização indígena, o início do fim de toda uma era.
A apocalíptica presunção que hoje sinto deste povo é deveras lamentável, e porque não dizer, deplorável, pois sabemos que os destinos que lhes reservam são sombrios, com pouca luz e devem ter os mesmos destinos dos parentes yanomami e os irmãos da São Marcos.
Os primeiros sofrem à míngua desde que o governo brasileiro os entregou a própria sorte abandonado-os nas mãos de organismo não governamentais inoperantes donde os companheiros de reserva são: a malária, beri-beri, verminose, lepra e outras mazelas mundanas.
Os segundos, com fome e sede migraram de suas homologadas e festejadas terras para periferia de Boa Vista a mendigar os favores dos governos nas bolsas misérias. Os homens sem qualificação e emprego enveredam-se pelo caminho do álcool e da droga. As mulheres prostituem-se. Meninos e meninas transformam sonhos de infância em pesadelos da adolescência.
Todos sabem e aqui não me cabe profetizar o que vai acontecer com os indígenas da Raposa e da Serra do Sol. Qual será seu fim ao espelho de seus parentes onde a imagem refletida do outro lado desenha sobre tom escuro, uma nuvem cinzenta, num horizonte sem bordas de um vértice tenebroso, e infelizmente verdadeiro.
Não é paranóia e nem devaneios, são conclusões à luz da realidade. Os desterrados e expulsos daquela região hoje estão sem chão, sem amparo algum sem rumo, num mar tempestuoso encarado como um fardo a carregar, mas estão conscientes, e sabem que em breve devem colher os frutos de tantos sofrimentos e humilhação e, o que será dos indígenas?.
Por certo, Deus reservou alguma coisa muito especial para estes homens, pois os guia pelas veredas da justiça e por amor de seu nome, e como estão andando pelo vale da sombra da morte, não devem temer mal algum, porque sabemos que Deus está com eles, inclusive com os indígenas.
O plantio é voluntario, mas a colheita é obrigatória. Estamos cônscios de que somos homens e mulheres honrados e dignos de boa fé, não somos latifundiários, posseiros e intrusos. Fizemos a nossa parte e não temos vergonha de ter lutado por uma causa justa, pois justos serão aqueles que buscam a verdade e ímpios os que devem vivenciar o último crepúsculo indígena na Raposa Serra do Sol.
* Jornalista - jb.maduro@bol.com.br
Ao fim da luz do sol em pleno lavrado de Makunaima entre os buritizais que serpenteiam a terra plana, desenha-se com a lavra da suprema corte brasileira e com os contornos de um governo lacaio, o crepúsculo de uma civilização indígena, o início do fim de toda uma era.
A apocalíptica presunção que hoje sinto deste povo é deveras lamentável, e porque não dizer, deplorável, pois sabemos que os destinos que lhes reservam são sombrios, com pouca luz e devem ter os mesmos destinos dos parentes yanomami e os irmãos da São Marcos.
Os primeiros sofrem à míngua desde que o governo brasileiro os entregou a própria sorte abandonado-os nas mãos de organismo não governamentais inoperantes donde os companheiros de reserva são: a malária, beri-beri, verminose, lepra e outras mazelas mundanas.
Os segundos, com fome e sede migraram de suas homologadas e festejadas terras para periferia de Boa Vista a mendigar os favores dos governos nas bolsas misérias. Os homens sem qualificação e emprego enveredam-se pelo caminho do álcool e da droga. As mulheres prostituem-se. Meninos e meninas transformam sonhos de infância em pesadelos da adolescência.
Todos sabem e aqui não me cabe profetizar o que vai acontecer com os indígenas da Raposa e da Serra do Sol. Qual será seu fim ao espelho de seus parentes onde a imagem refletida do outro lado desenha sobre tom escuro, uma nuvem cinzenta, num horizonte sem bordas de um vértice tenebroso, e infelizmente verdadeiro.
Não é paranóia e nem devaneios, são conclusões à luz da realidade. Os desterrados e expulsos daquela região hoje estão sem chão, sem amparo algum sem rumo, num mar tempestuoso encarado como um fardo a carregar, mas estão conscientes, e sabem que em breve devem colher os frutos de tantos sofrimentos e humilhação e, o que será dos indígenas?.
Por certo, Deus reservou alguma coisa muito especial para estes homens, pois os guia pelas veredas da justiça e por amor de seu nome, e como estão andando pelo vale da sombra da morte, não devem temer mal algum, porque sabemos que Deus está com eles, inclusive com os indígenas.
O plantio é voluntario, mas a colheita é obrigatória. Estamos cônscios de que somos homens e mulheres honrados e dignos de boa fé, não somos latifundiários, posseiros e intrusos. Fizemos a nossa parte e não temos vergonha de ter lutado por uma causa justa, pois justos serão aqueles que buscam a verdade e ímpios os que devem vivenciar o último crepúsculo indígena na Raposa Serra do Sol.
* Jornalista - jb.maduro@bol.com.br
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