De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

Notícias

Povos indígenas: Paz e Terra e Não à guerra

03/11/2009

Autor: Egon Dionísio Heck

Fonte: Adital - http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=42519



"Unimo-nos ao clamor da natureza, contra a destruição da vida no planeta Terra. Os povos indígenas continuam a oferecer a todo o mundo seus projetos históricos de convivência harmoniosa com a natureza. Mesmo que campanhas antiindígenas tentem abafar nossos gritos por terra e justiça, jamais conseguirão matar nossos sonhos e nossa decisão inquebrantável de lutar pela vida, a dignidade e os direitos dos povos indígenas" (Documento da 18ª Assembléia Geral do Cimi - Luziânia 30/10/09).

Quando sentimos esse compromisso brotando de mais de 150 militantes do Cimi, representantes indígenas, representantes de outras igrejas, de outros países do continente e da Europa, podemos sentir o peso profético e escatológico desse gesto evangélico, esperançoso e radical. A vida não pode ser barrada pelos projetos de morte. A natureza não pode estar sendo destruída por projetos financiados pelo grande capital, privado e dinheiro público. O Planeta Terra não pode continuar sendo açoitado e ameaçado pela ganância, privilégios e vida nababesca de uns poucos. Poderemos ser submetidos ao juízo da história se compactuarmos com o sistema consumista, concentrador e excludente que hoje avassala o mundo. Seremos acusados de criminosos omissos pelas futuras gerações se deixarmos avançar o atual modelo de destruição. Por tudo isso a 18ª Assembléia Geral do Cimi se reveste de especial importância, por seu posicionamento firme contra a correnteza do modelo neoliberal capitalista, a partir e a favor dos projetos dos povos indígenas, do Brasil e do continente.

A força está na vibração e decisões estratégicas dos participantes, que contaram, dentre outros, com a presença das dioceses de maior população indígena da Amazônia, como D. Roque, de Roraima, D. Edson, de São Gabriel da Cachoeira-Rio Negro, D. Erwin, de Altamira, no Xingu e D. Manoel, Diocese de Chapecó, SC. Além da presença do coordenador da linha Missionária da CNBB, contou com a presença de organismos de direitos humanos e da cooperação internacional. Juntos conclamaram a sociedade nacional e internacional a se unirem em torno da vida e direitos dos povos indígenas no Brasil. Após emocionadas celebrações dos mártires missionários e indígenas, nesses 37 anos de atuação da entidade junto aos povos indígenas, veio o grito de "Avançaremos".

Kaiowá-Guarani: uma causa nacional

Após os depoimentos dramáticos do representante desse povo na Assembléia, dos depoimentos dos missionários da região e dos vídeos mostrando as agressões, violências extremas, do processo genocida contra os Kaiowá Guarani; a causa desse povo foi assumida como uma prioridade da entidade em termos nacionais: "Como missionários e missionárias do Cimi, seguindo a tradição da entidade, desde a 1ª Assembléia Geral, em 1975, assumimos o compromisso de apoio irrestrito aos povos indígenas na luta pela demarcação e garantia de seus territórios tradicionais, conforme determina a Constituição Federal e convenções e declarações internacionais da qual o Brasil é signatário. Definimos como ação estratégica prioritária o apoio aos povos Guarani-Kaiowá, do Mato Grosso do Sul. A expulsão destes povos de suas terras ancestrais configura-se em verdadeiro processo genocida e etnocida". O mesmo já ocorrera pelo movimento indígena, em maio, no Acampamento Terra Livre.

Apesar da gravidade da realidade enfrentada pelos povos indígenas, foi destacada a crescente importância que vem assumindo o movimento indígena no continente, seja pelo seu enfrentamento com os interesses que visam saquear os recursos naturais, seja pelas suas contribuições na construção de alternativas sócio-políticas, a partir de outra lógica de vida e valores.

A Assembléia aconteceu no ritmo alegre da primavera em flor, dos cantos dos pássaros saudando a vida, da esperança brotando em cada árvore, mente e coração lutador.

Com os povos indígenas continuaremos a luta firme e decidida pelos seus direitos de viver em paz em suas terras, dizendo não à continuada guerra colonial de séculos.

Cimi MS
Brasília, 31 de outubro de 2009

* Assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Mato Grosso do Sul
 

As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.