De Povos Indígenas no Brasil
The printable version is no longer supported and may have rendering errors. Please update your browser bookmarks and please use the default browser print function instead.

News

Maturuca relembra lutas e conquistas na festa pela homologação da TI Raposa Serra do Sol

21/04/2010

Fonte: Cimi - http://www.cimi.org.br/



Alegria pela vitória no significa esquecimento pelas lutas que ainda precisam acontecer



Unidos venceremos! A luta continua! Esse foi o grito que marcou a comemoração dos Netos de Makunaima, festa que celebrou um ano que o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol em Área contínua. Os festejos começaram no último dia 15 e acabaram ontem (20) com a saí­da dos visitantes da comunidade de Maturuca, municí­pio de Uiramuta, nordeste de Roraima, a aproximadamente 350 quilômetros de Boa Vista.



Cerca de oito mil pessoas participaram dos cinco dias de festa, que foi regada a caxiri (bebida fermentada a base de mandioca ou milho), muita comida, rituais e danças tí­picas dos povos indígenas da região, como o parixara. Todos os visitantes dançaram e festejaram junto à comunidade mais uma vitória, mas também ouviram do tuxaua Jacir José de Sousa que a luta continua, pois os indígenas agora precisam de subsídios e formas que garantam subsistência e autonomia ao povo.



"Essa festa é um marco simbólico da conquista de nossa comunidade, demonstra que nos organizamos para vencer o alcoolismo, as brigas e a violência que estavam dominando o povo. A luta agora é pela dignidade dos indígenas da região. Chegou a hora de dizer não à escravidão da cachaça e da fome e também de garantir participação nas instâncias de poder do país, afirmou o tuxaua.



A comunidade de Maturuca se transformou nesses dias de festa para receber os milhares de convidados. Havia pessoas espalhadas por todos os cantos, em barracas, malocas e construções improvisadas para acolher os visitantes. Durante o dia todos se espalhavam pela área para ver os artesanatos e apresentação a céu aberto ou no maloca da homologação. À noite, via-se um emaranhado colorido pelo caminho, eram as redes preparadas para o repouso tranqüilo e sossegado depois de um dia agitado com muita música, dança e até subida à Serra Muturuca, de onde é possí­vel avistar o Monte Roraima e a Guiana.



A TI Raposa Serra do Sol está ao norte do estado e faz fronteira com a Venezuela e a Guiana Inglesa. Na região vivem mais de 20 mil indígenas dos povos Macuxi, Wapichana, Ingaricó, Patamona e Taurepang, em mais de 190 comunidades.


Críticas ao PAC



Durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no dia 19, a comunidade de Maturuca não o recebeu somente para prestar homenagens e agradecer pela homologação. Membros da comunidade aproveitaram a oportunidade para pedir ao Governo Federal que invista em melhoria das condições de vida da população que vive na área e também que olhe para as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). 'Não queremos grandes obras e sim a vida', afirmou Dionito José de Sousa, coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR).



Durante discurso, Lula disse reconhecer o direito dos indí­genas As suas terras tradicionais e a condições de subsistência e infra-estrutura, como acesso a água potável, luz elétrica, saneamento básico, saúde e educação de qualidade. Ele disse ainda, que muito já foi feito, mas que é preciso fazer mais, pois foram mais de 500 anos de exploração e esquecimento. Interessa que o estado seja desenvolvido e cresça economicamente, mas sem tirar o direito do índio que aqui vive há mais de quinhentos anos, afirmou.



Resta agora saber se o presidente também reconhece os direitos de outros povos indígenas, como os Guarani Kaiowá, de Mato Grosso do Sul, que há anos vivem de forma desumana e sofrem todo o tipo de discriminação e violência na busca de seus territórios, e os milhares de indí­genas que serão expulsos de suas terras pela nefasta obra da Hidrelétrica de Belo Monte, no estado do Pará, cujo leilão aconteceu ontem em Brasília, mesmo com protestos e liminares contra a obra impetradas na justiça.



Levantando poeira



Os indí­genas e visitantes que participavam das comemorações em Maturuca se assustaram na tarde de sábado (17), quando dois aviões da Força Aéra Nacional começaram a sobrevoar a região levantando poeira entre as malocas. Uma manobra desnecessária e invasiva para preparar o local de pouso para a chegada do presidente.



O número de militares na área também chamou atenção. De sábado até segunda, o número de pessoas, seguranças e assessores da presidência aumentou consideravelmente no local. O tráfego por alguns locais, que davam acesso a barracas ou redes, foi proibido e tudo passou a girar em torno da chegada do visitante ilustre.

http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=4581&eid=357
 

The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source