De Povos Indígenas no Brasil
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News
Deslocamentos e o mercado de trabalho
01/07/2010
Autor: Kenedy Morais
Fonte: Jornal Ajindo - http://www.jovensindigenas.org.br
Índios da Reserva de Dourados estão cada vez mais presentes na cidade em busca de oportunidades de trabalho
As grandes transformações ocorridas nos últimos tempos em nossa sociedade têm levado pessoas, gruposa se deslocarem de seus "lugares" de origens rumo aos grandescentros urbanos em busca de melhores oportunidades.
Esses deslocamentos são muito observados entre os indígenas brasileiros. Só na Grande São Paulo, por exemplo, estima-se que haja mais de mil indígenas da etnia Pankararu. Em conseqüência da expulsão de suas terras ou na busca por empregos e melhores condições de saúde e educação, os índios buscam as cidades para se instalarem.
Na Reserva Indígena de Dourados, vemos um intenso trânsito entre a cidade e a aldeia. O resultado é que o modo devida na aldeia se aproxima muito daquele da cidade e osíndios precisam, então, trabalhar para manter suas casas.
Na Reserva mesmo, as oportunidades de trabalho são mínima se o que resta aos homens é o trabalho no corte de canada região. Segundo dados do Ministério Público do Trabalho,entre sete e oito mil indígenas dependem deste serviço. Para as mulheres, um caminho muito comum é o trabalho de empregada doméstica nas casas da cidade.
Mas o setor da construção civil também tem sido um grande empregador de mão obra indígena. Juscelino Morales, índioguarani de 45 anos e morador da Aldeia Jaguapirú trabalhacomo pedreiro em Dourados. "Eu trabalhei muito tempo na usina, mas o serviço lá é muito cansativo e a comida é ruim, falta água... Agora, há mais ou menos cinco anos eu trabalhocomo pedreiro na construção civil na cidade", conta.
De acordo com Juscelino, a construção civil é um setorque tem empregado muitos indígenas, ele tem cerca de dezcolegas índios e diz que há muitos também em outras obras.
A terra
O cultivo da terra é feito por poucos indígenas da Reservade Dourados e, em geral, as pessoas plantam mais para subsistênciado que para vender. Alguns têm terra, mas não têmcondições para cultivar, então arrendam a terceiros para o plantio de grãos, o que garante alguma renda.
O fato é que medidas de incentivo à produção, como aliberação de linhas de créditos e outros tipos de financiamentosdestinados a agricultores não acontece para os produtoresindígenas, ou seja, não existe uma ação do governo para potencializar o que vem sendo produzido em pequena escala.
Os estudos
No entanto, os mais jovens não têm interesse pela agricultura,querem estudar. "Nossos filhos não querem mais mexercom a terra e, por um lado, eu acho bom, porque não é fácil ficar o dia todo embaixo de sol e chuva e às vezes nãocolher nada. Tenho dois filhos eu trabalho na roça para dar condições para eles estudarem, quero que eles façam curso e arrumem outro tipo de trabalho", diz Julio Vera, índio kaiowá, morador da Aldeia Bororó.
A cada ano, aumenta o número de indígenas que buscam formação nas universidades. Depois de formados, disputamespaços na aldeia e também na cidade. "Nós jovens indígenas temos que estar super bem preparados, pois ainda somosdesafiados muitas vezes a enfrentar o preconceito. Estamosem uma era em que os jovens indígenas precisam não somenteestar preparados, mas estar preparados com qualidade", reforça Emerson Cabreira, estudante de Audiovisual na Faculdade Anhanguera, que aprendeu a filmar e a editar vídeos na ONG Ação dos Jovens Indígenas (AJI) e agora trabalha para ocanal de televisão "Boa Vida", transmitido pela Via Cabo TVde Dourados.
As transformações que ocorrem nas sociedades precisam ser compreendidas pelos organismos implementadores de políticas públicas para os povos indígenas. Não podemos nos prender a teorias das décadas de 50 e 60 para serem as norteadoras do atual momento.
Hoje a realidade é outra e isso não quer dizer que "estamos deixando de ser índios", estamos apenas nos transformando. A falta de oportunidades acaba perpetuando a exclusão social, a marginalização, a desigualdade e a pobreza em quese encontram atualmente os povos indígenas brasileiros.
http://www.jovensindigenas.org.br/midia/321/321/ajindo-ed_21.pdf
As grandes transformações ocorridas nos últimos tempos em nossa sociedade têm levado pessoas, gruposa se deslocarem de seus "lugares" de origens rumo aos grandescentros urbanos em busca de melhores oportunidades.
Esses deslocamentos são muito observados entre os indígenas brasileiros. Só na Grande São Paulo, por exemplo, estima-se que haja mais de mil indígenas da etnia Pankararu. Em conseqüência da expulsão de suas terras ou na busca por empregos e melhores condições de saúde e educação, os índios buscam as cidades para se instalarem.
Na Reserva Indígena de Dourados, vemos um intenso trânsito entre a cidade e a aldeia. O resultado é que o modo devida na aldeia se aproxima muito daquele da cidade e osíndios precisam, então, trabalhar para manter suas casas.
Na Reserva mesmo, as oportunidades de trabalho são mínima se o que resta aos homens é o trabalho no corte de canada região. Segundo dados do Ministério Público do Trabalho,entre sete e oito mil indígenas dependem deste serviço. Para as mulheres, um caminho muito comum é o trabalho de empregada doméstica nas casas da cidade.
Mas o setor da construção civil também tem sido um grande empregador de mão obra indígena. Juscelino Morales, índioguarani de 45 anos e morador da Aldeia Jaguapirú trabalhacomo pedreiro em Dourados. "Eu trabalhei muito tempo na usina, mas o serviço lá é muito cansativo e a comida é ruim, falta água... Agora, há mais ou menos cinco anos eu trabalhocomo pedreiro na construção civil na cidade", conta.
De acordo com Juscelino, a construção civil é um setorque tem empregado muitos indígenas, ele tem cerca de dezcolegas índios e diz que há muitos também em outras obras.
A terra
O cultivo da terra é feito por poucos indígenas da Reservade Dourados e, em geral, as pessoas plantam mais para subsistênciado que para vender. Alguns têm terra, mas não têmcondições para cultivar, então arrendam a terceiros para o plantio de grãos, o que garante alguma renda.
O fato é que medidas de incentivo à produção, como aliberação de linhas de créditos e outros tipos de financiamentosdestinados a agricultores não acontece para os produtoresindígenas, ou seja, não existe uma ação do governo para potencializar o que vem sendo produzido em pequena escala.
Os estudos
No entanto, os mais jovens não têm interesse pela agricultura,querem estudar. "Nossos filhos não querem mais mexercom a terra e, por um lado, eu acho bom, porque não é fácil ficar o dia todo embaixo de sol e chuva e às vezes nãocolher nada. Tenho dois filhos eu trabalho na roça para dar condições para eles estudarem, quero que eles façam curso e arrumem outro tipo de trabalho", diz Julio Vera, índio kaiowá, morador da Aldeia Bororó.
A cada ano, aumenta o número de indígenas que buscam formação nas universidades. Depois de formados, disputamespaços na aldeia e também na cidade. "Nós jovens indígenas temos que estar super bem preparados, pois ainda somosdesafiados muitas vezes a enfrentar o preconceito. Estamosem uma era em que os jovens indígenas precisam não somenteestar preparados, mas estar preparados com qualidade", reforça Emerson Cabreira, estudante de Audiovisual na Faculdade Anhanguera, que aprendeu a filmar e a editar vídeos na ONG Ação dos Jovens Indígenas (AJI) e agora trabalha para ocanal de televisão "Boa Vida", transmitido pela Via Cabo TVde Dourados.
As transformações que ocorrem nas sociedades precisam ser compreendidas pelos organismos implementadores de políticas públicas para os povos indígenas. Não podemos nos prender a teorias das décadas de 50 e 60 para serem as norteadoras do atual momento.
Hoje a realidade é outra e isso não quer dizer que "estamos deixando de ser índios", estamos apenas nos transformando. A falta de oportunidades acaba perpetuando a exclusão social, a marginalização, a desigualdade e a pobreza em quese encontram atualmente os povos indígenas brasileiros.
http://www.jovensindigenas.org.br/midia/321/321/ajindo-ed_21.pdf
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