De Povos Indígenas no Brasil
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Notícias
Envelhecimento nas aldeias é estudado
25/07/2010
Autor: Lúcio Pinheiro
Fonte: A Crítica (AM) - http://www.acritica.com/
Professores da UnATI-UEA e PUCRS realizam exames em comunidades que, no futuro, ajudarão a desvendar saúde de índios idosos
Um projeto de extensão realizado pela Universidade Aberta da Terceira Idade, da Universidade do Estado do Amazonas (UnATI-UEA), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), pode - de acordo com seus idealizadores - lançar luz sobre um assunto ainda pouco estudado no País: o envelhecimento indígena.
O trabalho intitulado "Missão de Intercâmbio: Estudos do Envelhecimento e Cultura Indígena no Amazonas" iniciou no último dia 14 e contou com a participação de universitários voluntários da UEA, PUCRS, Inglaterra e Lituânia.
Por mais de uma semana, o grupo visitou cinco localidades que compõem a comunidade indígena Beija-Flor, situada no município de Rio Preto da Eva - a 80 quilômetros de Manaus.
Lançando mão de tecnologias utilizadas na telemedicina, estudantes e residentes das áreas de Enfermagem, Odontologia e Medicina realizaram uma série de exames em índios com mais de 40 anos.
De acordo com a professora e coordenadora de estágios da UnATI-UEA, Fernanda Farias de Castro, em princípio os resultados dos exames - que serão enviados para análise de especialistas na PUCRS -, servirão para orientar o trabalho das equipes de saúde que, atualmente, prestam atendimento àqueles povos.
Já para a Ciência, ela acredita que as informações poderão, no futuro, dar início a estudos até então reduzidos sobre a saúde dos idosos indígenas.
"Os dados serão enviados via Internet para especialistas, por meio de softwares específicos. Lá, eles vão olhar os exames e traçar um diagnóstico, o que nós chamamos de segunda opinião", explica Fernanda.
O tuxaua-geral da comunidade Beija-Flor, Fausto de Andrade Mariá, destacou entre as doenças que têm atingido o povo idoso da comunidade, problemas odontológicos, do coração, pele e visão.
"Nos idosos, nos últimos dez anos, temos tido muito problema de pele, coração e dentição", comentou Fausto, que é da etnia sateré-maué.
Hipertensão é um mal que preocupa
Para a pesquisadora da PUCRS Ana Karina Silva da Rocha, após uma semana de trabalho com os indígenas da comunidade Beija-Flor, foi possível perceber problemas nutricionais e de hipertensão.
"Nesse trabalho, tenho feito a triagem e notei que, realmente, a hipertensão está bem grande, junto à alteração da circunferência abdominal", destacou Ana Karina, que é doutoranda pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia Biomédica da PUCRS, na linha de pesquisa do envelhecimento indígena.
Os resultados do projeto de extensão serão apresentados dentro de três meses, segundo informou Fernanda Farias.
"O que vamos apresentar são apenas resultados de um trabalho de extensão, por meio de exposições e seminários. Mas, existe, sim, o interesse de transformar isso em um projeto de pesquisa. Por isso, temos aqui na equipe a presença de alguns pesquisadores", disse a coordenadora.
A ideia do projeto "Missão de Intercâmbio: Estudos do Envelhecimento e Cultura Indígena no Amazonas" foi do coordenador do Núcleo de Pesquisa da Cultura Indígena da PUCRS, Edison Hüttner.
Para ele, o Brasil ainda precisa avançar em termos de pesquisas e na promoção e garantias de direitos voltados à população indígena idosa.
Hábitos alimentares
"Trabalho com síndrome metabólica no envelhecimento indígena. No Rio Grande do Sul, fizemos um trabalho com idosos indígenas da zona rural e da zona urbana, e constatamos que 65,3% dessa população têm síndrome metabólica", informa a pesquisadora do envelhecimento indígena, Ana Karina Rocha.
Ela explica que cinco itens são avaliados. Desses cinco, a pessoa tem que apresentar alterações em pelo menos três, referentes a hipertensão, circunferência abdominal, triglicerídeo, glicemia e o HDL, que é o colesterol bom.
"Para nós, é uma preocupação muito grande. Gostaria muito de fazer esse trabalho aqui também", ressalta.
Um dos fatores responsáveis pelos problemas de saúde dos índios no Sul, apontados acima pela pesquisadora, é a mudança na alimentação.
"A gente percebeu muita ingestão de gordura, fritura, pouca ingestão de legumes e verduras. Mesmo tendo, a fruta é deixada de lado. Preferem fazer suco de pó ou tomar refrigerante", observa Ana Karina.
Continuidade
Há seis meses morando na comunidade indígena Beija-flor 3, localizada no ramal ZF-9, Km 105 da AM-010, Irene dos Santos Ramos, 96, da etnia Marubu diz esperar que os trabalhos continuem.
Há dois anos, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que lhe tirou a fala e os movimentos do lado direito do corpo. Mesmo frágil por causa da idade avançada, ela se alimenta sozinha e consegue se comunicar por meio de gestos com os filhos.
Irene é natural do município de Tabatinga - localizado a 1.105 quilômetros de Manaus -, onde teve 13 filhos. Uma de suas filhas, Tereza Ramos da Costa, 52, agradeceu à presença da equipe do projeto.
"Achei muito bom, porque, para sair daqui para Rio Preto, a gente tem que ter dinheiro. E se for para Manaus ainda gasta mais. Espero que continuem", salienta.
Consultas encerram amanhã
Atualmente, 610 indígenas vivem nas cinco áreas que compõem a comunidade indígena Beija-Flor, no Rio Preto da Eva. Ao todo, são 158 famílias. Amanhã (26), as equipes realizam as últimas consultas.
Até a última sexta-feira (23), mais de 40 idosos já tinham sido atendidos pela equipe do projeto da UnATI-UEA/PUCRS
http://www.acritica.com/amazonia/Amazonas-Manaus-Amazonia-Indios-Saude-Rio_Preto_da_Eva-Envelhecimento-aldeias-estudado_0_304769555.html
Um projeto de extensão realizado pela Universidade Aberta da Terceira Idade, da Universidade do Estado do Amazonas (UnATI-UEA), em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), pode - de acordo com seus idealizadores - lançar luz sobre um assunto ainda pouco estudado no País: o envelhecimento indígena.
O trabalho intitulado "Missão de Intercâmbio: Estudos do Envelhecimento e Cultura Indígena no Amazonas" iniciou no último dia 14 e contou com a participação de universitários voluntários da UEA, PUCRS, Inglaterra e Lituânia.
Por mais de uma semana, o grupo visitou cinco localidades que compõem a comunidade indígena Beija-Flor, situada no município de Rio Preto da Eva - a 80 quilômetros de Manaus.
Lançando mão de tecnologias utilizadas na telemedicina, estudantes e residentes das áreas de Enfermagem, Odontologia e Medicina realizaram uma série de exames em índios com mais de 40 anos.
De acordo com a professora e coordenadora de estágios da UnATI-UEA, Fernanda Farias de Castro, em princípio os resultados dos exames - que serão enviados para análise de especialistas na PUCRS -, servirão para orientar o trabalho das equipes de saúde que, atualmente, prestam atendimento àqueles povos.
Já para a Ciência, ela acredita que as informações poderão, no futuro, dar início a estudos até então reduzidos sobre a saúde dos idosos indígenas.
"Os dados serão enviados via Internet para especialistas, por meio de softwares específicos. Lá, eles vão olhar os exames e traçar um diagnóstico, o que nós chamamos de segunda opinião", explica Fernanda.
O tuxaua-geral da comunidade Beija-Flor, Fausto de Andrade Mariá, destacou entre as doenças que têm atingido o povo idoso da comunidade, problemas odontológicos, do coração, pele e visão.
"Nos idosos, nos últimos dez anos, temos tido muito problema de pele, coração e dentição", comentou Fausto, que é da etnia sateré-maué.
Hipertensão é um mal que preocupa
Para a pesquisadora da PUCRS Ana Karina Silva da Rocha, após uma semana de trabalho com os indígenas da comunidade Beija-Flor, foi possível perceber problemas nutricionais e de hipertensão.
"Nesse trabalho, tenho feito a triagem e notei que, realmente, a hipertensão está bem grande, junto à alteração da circunferência abdominal", destacou Ana Karina, que é doutoranda pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia Biomédica da PUCRS, na linha de pesquisa do envelhecimento indígena.
Os resultados do projeto de extensão serão apresentados dentro de três meses, segundo informou Fernanda Farias.
"O que vamos apresentar são apenas resultados de um trabalho de extensão, por meio de exposições e seminários. Mas, existe, sim, o interesse de transformar isso em um projeto de pesquisa. Por isso, temos aqui na equipe a presença de alguns pesquisadores", disse a coordenadora.
A ideia do projeto "Missão de Intercâmbio: Estudos do Envelhecimento e Cultura Indígena no Amazonas" foi do coordenador do Núcleo de Pesquisa da Cultura Indígena da PUCRS, Edison Hüttner.
Para ele, o Brasil ainda precisa avançar em termos de pesquisas e na promoção e garantias de direitos voltados à população indígena idosa.
Hábitos alimentares
"Trabalho com síndrome metabólica no envelhecimento indígena. No Rio Grande do Sul, fizemos um trabalho com idosos indígenas da zona rural e da zona urbana, e constatamos que 65,3% dessa população têm síndrome metabólica", informa a pesquisadora do envelhecimento indígena, Ana Karina Rocha.
Ela explica que cinco itens são avaliados. Desses cinco, a pessoa tem que apresentar alterações em pelo menos três, referentes a hipertensão, circunferência abdominal, triglicerídeo, glicemia e o HDL, que é o colesterol bom.
"Para nós, é uma preocupação muito grande. Gostaria muito de fazer esse trabalho aqui também", ressalta.
Um dos fatores responsáveis pelos problemas de saúde dos índios no Sul, apontados acima pela pesquisadora, é a mudança na alimentação.
"A gente percebeu muita ingestão de gordura, fritura, pouca ingestão de legumes e verduras. Mesmo tendo, a fruta é deixada de lado. Preferem fazer suco de pó ou tomar refrigerante", observa Ana Karina.
Continuidade
Há seis meses morando na comunidade indígena Beija-flor 3, localizada no ramal ZF-9, Km 105 da AM-010, Irene dos Santos Ramos, 96, da etnia Marubu diz esperar que os trabalhos continuem.
Há dois anos, ela sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), que lhe tirou a fala e os movimentos do lado direito do corpo. Mesmo frágil por causa da idade avançada, ela se alimenta sozinha e consegue se comunicar por meio de gestos com os filhos.
Irene é natural do município de Tabatinga - localizado a 1.105 quilômetros de Manaus -, onde teve 13 filhos. Uma de suas filhas, Tereza Ramos da Costa, 52, agradeceu à presença da equipe do projeto.
"Achei muito bom, porque, para sair daqui para Rio Preto, a gente tem que ter dinheiro. E se for para Manaus ainda gasta mais. Espero que continuem", salienta.
Consultas encerram amanhã
Atualmente, 610 indígenas vivem nas cinco áreas que compõem a comunidade indígena Beija-Flor, no Rio Preto da Eva. Ao todo, são 158 famílias. Amanhã (26), as equipes realizam as últimas consultas.
Até a última sexta-feira (23), mais de 40 idosos já tinham sido atendidos pela equipe do projeto da UnATI-UEA/PUCRS
http://www.acritica.com/amazonia/Amazonas-Manaus-Amazonia-Indios-Saude-Rio_Preto_da_Eva-Envelhecimento-aldeias-estudado_0_304769555.html
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