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No Amazonas, menina indígena escravizada por casal dormia apenas quatro horas por dia
13/04/2011
Autor: Elaíze Farias
Fonte: A Crítica(AM) - http://acritica.uol.com.br/
A Associação de Mulheres Indígenas Sateré-Mawé já soube de outro caso semelhante este ano. Ano passado, outras duas foram resgatadas.
A Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (Amism) está em uma jornada nos órgãos indigenistas para que a menina indígena de 16 anos de idade resgatada em condições de semi-escravidão em Manaus retorne para sua aldeia.
Outra batalha é para que a menina receba a remuneração referente aos quatro meses em que ela trabalhou para o casal (ele dentista, ela cabeleireira), cuja residência fica no conjunto Cidadão 6, próximo ao bairro Nova Cidade, Zona Norte.
A coordenadora da Amism, Regina Sateré, disse ao portal acritica.com, que os pais de M.O. vivem na terra indígena sateré-mawé Marau, no munícípio de Maués (a 257,74 quilômetros de Manaus) e não sabem, até o momento, que a filha estava vivendo há quatro meses em Manaus.
Segundo Regina, que ganhou a guarda provisória da menina, a adolescente vivia com os tios na comunidade ribeirinha Apucuitaia, quando eles foram procurados pelo casal de Manaus.
A garota tinha ido morar com os tios porque a comunidade fica mais próximo da sede do município de Maués e assim ela teria mais facilidade de se deslocar para estudar.
"O casal pediu dos tios para trazer a menina para Manaus, com a garantia de que ela seria matriculada numa escola. Era o grande desejo da menina, estudar. Ela tinha estudado até a quinta série (o equivalente ao sexto ano do ensino fundamental), mas na aldeia não tem outras séries. Só que quando chegou em Manaus, o casal não tirou nenhum documento dela, não matriculou em escola e fazia a menina trabalhar das cinco da manhã à uma da madrugada, todos os dias. Ela cuidava dos filhos, levada eles para escola, lavava roupa, limpava a casa e era proibida de sair e de conversar com outras pessoas do conjunto", diz Regina.
Conforme Regina, M.O., quando foi resgatada da casa, após denúncia de vizinhos indígenas da etnia tikuna, estava "tão agoniada para sair dali", que deixou seus poucos pertences na casa.
Ela saiu apenas com a roupa do corpo e um único documento, o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani).
Jucenilda Pena de Souza, também membro da Amism, informou que a garota está vivendo provisoriamente na sede da associação, localizada no bairro Compensa, na Zona Oeste, até que se resolva o futuro da garota.
"A questão toda é ela quer estudar. Pedimos para a representação da Funai em Maués entrar em contato com a família dela para decidir o que fazer", disse Jucenilda, que participou do resgate da garota, ocorrido na semana passada.
"Ela estava muito nervosa e cansada. Faziam ela trabalhar 24 horas por dia", diz Jucenilda.
Regina quer apoio da Secretaria Estadual dos Povos Indígenas (Seind) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o caso da M.O.
Casos
Segundo Regina, a situação de M.O. está longe de ser a única. Ela observou que esta é uma prática antiga, onde famílias "da cidade" levam adolescentes indígenas para fazer trabalhos domésticos com a promessa de estudos e pagamento de salário.
"Ano passado tivemos dois casos assim. As meninas indígenas trabalhavam em casas do bairro Hiléia na mesma condição de escravidão. As denúncias chegaram na comunidade sateré-mawé do bairro Redenção e houve uma mobilização para levá-las de volta à aldeia", disse.
Segundo Regina, há outro caso de uma garota indígena sateré-mawé que também estava sendo explorada sem receber salário e que, pelo que se tem notícias, fugiu da casa e não se sabe o destino dela até agora.
A delegada que acompanha o caso de M.O., Sylvia Laurena, disse que o casal, que já foi notificado, vai ser ouvido nos próximos dias, para que ela realize o indiciamento.
A delegada, por questões de cautela, disse que ainda não pode divulgar o nome do casal à imprensa.
http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonas-adolescente-indigena-condicao-escravidao_0_461953993.html
A Associação das Mulheres Indígenas Sateré-Mawé (Amism) está em uma jornada nos órgãos indigenistas para que a menina indígena de 16 anos de idade resgatada em condições de semi-escravidão em Manaus retorne para sua aldeia.
Outra batalha é para que a menina receba a remuneração referente aos quatro meses em que ela trabalhou para o casal (ele dentista, ela cabeleireira), cuja residência fica no conjunto Cidadão 6, próximo ao bairro Nova Cidade, Zona Norte.
A coordenadora da Amism, Regina Sateré, disse ao portal acritica.com, que os pais de M.O. vivem na terra indígena sateré-mawé Marau, no munícípio de Maués (a 257,74 quilômetros de Manaus) e não sabem, até o momento, que a filha estava vivendo há quatro meses em Manaus.
Segundo Regina, que ganhou a guarda provisória da menina, a adolescente vivia com os tios na comunidade ribeirinha Apucuitaia, quando eles foram procurados pelo casal de Manaus.
A garota tinha ido morar com os tios porque a comunidade fica mais próximo da sede do município de Maués e assim ela teria mais facilidade de se deslocar para estudar.
"O casal pediu dos tios para trazer a menina para Manaus, com a garantia de que ela seria matriculada numa escola. Era o grande desejo da menina, estudar. Ela tinha estudado até a quinta série (o equivalente ao sexto ano do ensino fundamental), mas na aldeia não tem outras séries. Só que quando chegou em Manaus, o casal não tirou nenhum documento dela, não matriculou em escola e fazia a menina trabalhar das cinco da manhã à uma da madrugada, todos os dias. Ela cuidava dos filhos, levada eles para escola, lavava roupa, limpava a casa e era proibida de sair e de conversar com outras pessoas do conjunto", diz Regina.
Conforme Regina, M.O., quando foi resgatada da casa, após denúncia de vizinhos indígenas da etnia tikuna, estava "tão agoniada para sair dali", que deixou seus poucos pertences na casa.
Ela saiu apenas com a roupa do corpo e um único documento, o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (Rani).
Jucenilda Pena de Souza, também membro da Amism, informou que a garota está vivendo provisoriamente na sede da associação, localizada no bairro Compensa, na Zona Oeste, até que se resolva o futuro da garota.
"A questão toda é ela quer estudar. Pedimos para a representação da Funai em Maués entrar em contato com a família dela para decidir o que fazer", disse Jucenilda, que participou do resgate da garota, ocorrido na semana passada.
"Ela estava muito nervosa e cansada. Faziam ela trabalhar 24 horas por dia", diz Jucenilda.
Regina quer apoio da Secretaria Estadual dos Povos Indígenas (Seind) e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o caso da M.O.
Casos
Segundo Regina, a situação de M.O. está longe de ser a única. Ela observou que esta é uma prática antiga, onde famílias "da cidade" levam adolescentes indígenas para fazer trabalhos domésticos com a promessa de estudos e pagamento de salário.
"Ano passado tivemos dois casos assim. As meninas indígenas trabalhavam em casas do bairro Hiléia na mesma condição de escravidão. As denúncias chegaram na comunidade sateré-mawé do bairro Redenção e houve uma mobilização para levá-las de volta à aldeia", disse.
Segundo Regina, há outro caso de uma garota indígena sateré-mawé que também estava sendo explorada sem receber salário e que, pelo que se tem notícias, fugiu da casa e não se sabe o destino dela até agora.
A delegada que acompanha o caso de M.O., Sylvia Laurena, disse que o casal, que já foi notificado, vai ser ouvido nos próximos dias, para que ela realize o indiciamento.
A delegada, por questões de cautela, disse que ainda não pode divulgar o nome do casal à imprensa.
http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonas-adolescente-indigena-condicao-escravidao_0_461953993.html
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