De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
'Lei será aplicada', diz ministro sobre índios
10/11/2012
Fonte: OESP, Nacional, p. A20
'Lei será aplicada', diz ministro sobre índios
Para José Eduardo Cardozo, escutas revelam que policiais que entraram em confronto com indígenas em MT teriam sido vítimas de emboscada
VANNILDO MENDES / BRASÍLIA
FÁTIMA LESSA
ESPECIAL PARA O ESTADO / CUIABÁ
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem que investigações preliminares indicam que policiais federais foram vítimas de uma emboscada de índios em Mato Grosso. "As escutas revelam - e os relatos comprovam - que os policiais teriam sido vítimas de uma emboscada", destacou.
O ministro determinou "apuração cuidadosa" de responsabilidades no conflito que resultou na morte de um índio e em pelo menos nove pessoas feridas - três policiais e seis índios. O incidente ocorreu na quarta-feira, durante operação da Polícia Federal para destruir dragas em garimpos ilegais no norte do Estado.
O índio Adenílson Crixi, de 28 anos, foi morto na Aldeia Teles Pires, na região de Alta Floresta, a 812 km de Cuiabá. O corpo foi encontrado na quinta-feira, com três tiros.
Em Cuiabá, a PF admitiu a morte do índio, mas aguarda resultado de exames para saber a causa. "Só depois poderemos dar mais informações e investigar o que ocorreu", disse a assessoria de imprensa. A superintendência da PF deve instaurar inquérito para saber se houve excesso na ação, que foi suspensa após o confronto.
Balsas. Segundo Cardozo, a PF cumpria ordem judicial para afundar 14 balsas usadas por uma quadrilha para extração ilegal de ouro, com cumplicidade de chefes indígenas. Citando escutas telefônicas e filmagens, ele disse que os índios teriam tramado a emboscada, enquanto o cacique José Emiliano Krixi, um dos feridos, negociava a realização pacífica da operação com o delegado Antônio Carlos Moriel, também ferido.
Uma das escutas, segundo Cardozo, "mostra indígenas comentando entre eles, por telefone: 'Vamos nos preparar para matar ou morrer'". "Na hora em que se estava explodindo a balsa, policiais foram atacados com flechas e armas de fogo", disse, acrescentando que a polícia reagiu, dominou a situação e apreendeu as armas.
O delegado, conforme Cardozo, foi alvejado por uma flecha quando estava em cima da balsa e teria caído no rio. "Os policiais reagiram e houve o incidente lamentável com a morte do indígena e outros feridos."
Ele explicou que a Operação Eldorado foi desencadeada a pedido do Ibama. Investigações de vários meses, com agentes infiltrados na região e escutas telefônicas, reuniram "provas muito claras de abusos, com desmatamento indevido, infrações ambientais e outras situações ilegais". Assim, acrescentou, a Justiça determinou a prisão de várias pessoas, inclusive de chefes indígenas.
Apesar das evidências de emboscada, Cardozo disse que determinou apuração isenta e rigorosa ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra. "Se houve abuso, será punido. Mas, claro, na medida em que também houve ato ilícito praticado por indígena, temos de aplicar a lei como ela se coloca." A Justiça Federal, conforme Cardozo, determinou a prisão de 15 indígenas. As armas, todas de cano longo, foram apreendidas.
Em nota, a Funai esclarece que designou dois servidores para acompanhar a situação e aguarda a investigação da causa do óbito do indígena e dá assistência aos índios envolvidos. Já o Ministério Público Federal do Pará busca saber sobre que providências foram adotadas pela Funai e PF.
Entidades culpam governo federal por confronto
Diversas entidades de Cuiabá (MT) realizaram ontem um ato público em defesa dos povos indígenas. Além disso, assinaram um manifesto criticando a atuação da Polícia Federal no confronto com os índios mundurucu. No documento, as entidades responsabilizam o governo brasileiro pelo ocorrido e exigem que os fatos "sejam apurados e os culpados pelos ataques e assassinato do índio mundurucu sejam criminalmente penalizados".
Dentre os signatários estão o Movimento Xingu Vivo, a Comissão Pastoral da Terra, o Diretório Central dos Estudantes da UFPA e partidos políticos, como o PSOL e o PSTU. O grupo diz que a operação da PF atende a "interesses de empresários, ávidos pelos recursos minerais em terras indígenas". O documento será encaminhado para a presidente Dilma Rousseff, para o Congresso e organismos internacionais de defesa de direitos humanos. / F.L.
OESP, 10/11/2012, Nacional, p. A20
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lei-sera-aplicada-diz-ministro-sobre-indios-,958310,0.htm
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,entidades-culpam-governo-federal--por-confronto-,958306,0.htm
Para José Eduardo Cardozo, escutas revelam que policiais que entraram em confronto com indígenas em MT teriam sido vítimas de emboscada
VANNILDO MENDES / BRASÍLIA
FÁTIMA LESSA
ESPECIAL PARA O ESTADO / CUIABÁ
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse ontem que investigações preliminares indicam que policiais federais foram vítimas de uma emboscada de índios em Mato Grosso. "As escutas revelam - e os relatos comprovam - que os policiais teriam sido vítimas de uma emboscada", destacou.
O ministro determinou "apuração cuidadosa" de responsabilidades no conflito que resultou na morte de um índio e em pelo menos nove pessoas feridas - três policiais e seis índios. O incidente ocorreu na quarta-feira, durante operação da Polícia Federal para destruir dragas em garimpos ilegais no norte do Estado.
O índio Adenílson Crixi, de 28 anos, foi morto na Aldeia Teles Pires, na região de Alta Floresta, a 812 km de Cuiabá. O corpo foi encontrado na quinta-feira, com três tiros.
Em Cuiabá, a PF admitiu a morte do índio, mas aguarda resultado de exames para saber a causa. "Só depois poderemos dar mais informações e investigar o que ocorreu", disse a assessoria de imprensa. A superintendência da PF deve instaurar inquérito para saber se houve excesso na ação, que foi suspensa após o confronto.
Balsas. Segundo Cardozo, a PF cumpria ordem judicial para afundar 14 balsas usadas por uma quadrilha para extração ilegal de ouro, com cumplicidade de chefes indígenas. Citando escutas telefônicas e filmagens, ele disse que os índios teriam tramado a emboscada, enquanto o cacique José Emiliano Krixi, um dos feridos, negociava a realização pacífica da operação com o delegado Antônio Carlos Moriel, também ferido.
Uma das escutas, segundo Cardozo, "mostra indígenas comentando entre eles, por telefone: 'Vamos nos preparar para matar ou morrer'". "Na hora em que se estava explodindo a balsa, policiais foram atacados com flechas e armas de fogo", disse, acrescentando que a polícia reagiu, dominou a situação e apreendeu as armas.
O delegado, conforme Cardozo, foi alvejado por uma flecha quando estava em cima da balsa e teria caído no rio. "Os policiais reagiram e houve o incidente lamentável com a morte do indígena e outros feridos."
Ele explicou que a Operação Eldorado foi desencadeada a pedido do Ibama. Investigações de vários meses, com agentes infiltrados na região e escutas telefônicas, reuniram "provas muito claras de abusos, com desmatamento indevido, infrações ambientais e outras situações ilegais". Assim, acrescentou, a Justiça determinou a prisão de várias pessoas, inclusive de chefes indígenas.
Apesar das evidências de emboscada, Cardozo disse que determinou apuração isenta e rigorosa ao diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra. "Se houve abuso, será punido. Mas, claro, na medida em que também houve ato ilícito praticado por indígena, temos de aplicar a lei como ela se coloca." A Justiça Federal, conforme Cardozo, determinou a prisão de 15 indígenas. As armas, todas de cano longo, foram apreendidas.
Em nota, a Funai esclarece que designou dois servidores para acompanhar a situação e aguarda a investigação da causa do óbito do indígena e dá assistência aos índios envolvidos. Já o Ministério Público Federal do Pará busca saber sobre que providências foram adotadas pela Funai e PF.
Entidades culpam governo federal por confronto
Diversas entidades de Cuiabá (MT) realizaram ontem um ato público em defesa dos povos indígenas. Além disso, assinaram um manifesto criticando a atuação da Polícia Federal no confronto com os índios mundurucu. No documento, as entidades responsabilizam o governo brasileiro pelo ocorrido e exigem que os fatos "sejam apurados e os culpados pelos ataques e assassinato do índio mundurucu sejam criminalmente penalizados".
Dentre os signatários estão o Movimento Xingu Vivo, a Comissão Pastoral da Terra, o Diretório Central dos Estudantes da UFPA e partidos políticos, como o PSOL e o PSTU. O grupo diz que a operação da PF atende a "interesses de empresários, ávidos pelos recursos minerais em terras indígenas". O documento será encaminhado para a presidente Dilma Rousseff, para o Congresso e organismos internacionais de defesa de direitos humanos. / F.L.
OESP, 10/11/2012, Nacional, p. A20
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,lei-sera-aplicada-diz-ministro-sobre-indios-,958310,0.htm
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,entidades-culpam-governo-federal--por-confronto-,958306,0.htm
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