De Povos Indígenas no Brasil
News
Após 9 anos, policial militar vai a júri popular por assassinato de indígena no Acre
04/08/2005
Fonte: Cimi-Brasília-DF
Amanhã, dia 4 de agosto, acontece na cidade de Feijó, no Acre, o julgamento do policial militar acusado pelo assassinato de Raimundo Silvino, indígena do povo Shanenawá, em julho de 1996. Silvino foi morto pelo policial, que atirou à queima roupa na cabeça da vítima, após afirmar que um menino de oito anos estava sendo agredido pelo indígena, sem aceitar as explicações contrárias de Silvino e dos outros dois indígenas que ali estavam. Silvino morreu na hora e os outros dois indígenas ficaram feridos.
O menino, que na época tinha nove anos, era filho de uma missionária do Cimi e, por isso, conhecia os indígenas e convivia com eles.
Embora não estivessem em serviço, os policiais militares estavam armados e haviam consumido álcool. O incidente ocorreu em uma tarde de domingo, às margens do Rio Envira, a cerca de 150 metros da aldeia dos Shanenawá.
Preconceito
Na época, o Cimi afirmou que a situação revelava o grande preconceito contra os indígenas. "A frieza do crime revela que no Brasil os povos indígenas continuam vítimas do preconceito que marginaliza e mata", disse a entidade em seu informe semanal.
O preconceito na região continua existindo e, por isso, o Cimi volta a manifestar sua preocupação com a possibilidade de os policiais serem absolvidos pelo júri popular que será realizado amanhã. A região de Feijó é conhecida pela violência sistemática contra os indígenas. As aldeias ficam próximas à cidade e o contato com o mundo urbano é cotidiano.
Os indígenas e seus advogados solicitaram que o caso fosse julgado pela Justiça Federal. A solicitação permaneceu por anos no Superior Tribunal de Justiça e, em abril de 2004, o STJ definiu que o julgamento deveria ser realizado pela Justiça comum, em Feijó.
Dois policiais militares - Rossini José de Moura e José Nivaldo Araújo - foram acusados por homicídio e por dupla tentativa de homicídio. Nenhum deles ficou sequer um dia preso. Rossini José de Moura foi pronunciado - ou seja, será submetido a júri - e aguarda o julgamento prestando serviços internos no quartel da cidade de Feijó.
O crime teve repercussão nacional e internacional. Em 1996, organizações ligadas aos Direitos Humanos, como a FASE, Survival International e a ONG Saúde Sem Limites, além da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, manifestaram-se repudiando o crime e exigindo a punição dos acusados.
Sobre o povo
O povo Shanenawá são um grupo de cerca de 300 pessoas. Vivem às margens do Rio Envira, no município de Feijó, Acre, na terra indígena Katuquina/Kaxinawá, onde mora também o povo Kaxinawá. A terra não leva o nome dos Shanenawá porque a sociedade envolvente inicialmente "identificou" o grupo como sendo Katukina. Em sua língua, Shanenawá signfica "povo do pássaro azul".
Eles viviam na região do município acreano de Tarauacá. Com o processo de colonização e com a intensificação do extrativismo de borracha, os Shanenawá migraram e, há algumas décadas, ocupam território localizado em Feijó.
O menino, que na época tinha nove anos, era filho de uma missionária do Cimi e, por isso, conhecia os indígenas e convivia com eles.
Embora não estivessem em serviço, os policiais militares estavam armados e haviam consumido álcool. O incidente ocorreu em uma tarde de domingo, às margens do Rio Envira, a cerca de 150 metros da aldeia dos Shanenawá.
Preconceito
Na época, o Cimi afirmou que a situação revelava o grande preconceito contra os indígenas. "A frieza do crime revela que no Brasil os povos indígenas continuam vítimas do preconceito que marginaliza e mata", disse a entidade em seu informe semanal.
O preconceito na região continua existindo e, por isso, o Cimi volta a manifestar sua preocupação com a possibilidade de os policiais serem absolvidos pelo júri popular que será realizado amanhã. A região de Feijó é conhecida pela violência sistemática contra os indígenas. As aldeias ficam próximas à cidade e o contato com o mundo urbano é cotidiano.
Os indígenas e seus advogados solicitaram que o caso fosse julgado pela Justiça Federal. A solicitação permaneceu por anos no Superior Tribunal de Justiça e, em abril de 2004, o STJ definiu que o julgamento deveria ser realizado pela Justiça comum, em Feijó.
Dois policiais militares - Rossini José de Moura e José Nivaldo Araújo - foram acusados por homicídio e por dupla tentativa de homicídio. Nenhum deles ficou sequer um dia preso. Rossini José de Moura foi pronunciado - ou seja, será submetido a júri - e aguarda o julgamento prestando serviços internos no quartel da cidade de Feijó.
O crime teve repercussão nacional e internacional. Em 1996, organizações ligadas aos Direitos Humanos, como a FASE, Survival International e a ONG Saúde Sem Limites, além da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, manifestaram-se repudiando o crime e exigindo a punição dos acusados.
Sobre o povo
O povo Shanenawá são um grupo de cerca de 300 pessoas. Vivem às margens do Rio Envira, no município de Feijó, Acre, na terra indígena Katuquina/Kaxinawá, onde mora também o povo Kaxinawá. A terra não leva o nome dos Shanenawá porque a sociedade envolvente inicialmente "identificou" o grupo como sendo Katukina. Em sua língua, Shanenawá signfica "povo do pássaro azul".
Eles viviam na região do município acreano de Tarauacá. Com o processo de colonização e com a intensificação do extrativismo de borracha, os Shanenawá migraram e, há algumas décadas, ocupam território localizado em Feijó.
The news items published by the Indigenous Peoples in Brazil site are researched daily from a variety of media outlets and transcribed as presented by their original source. ISA is not responsible for the opinios expressed or errors contained in these texts. Please report any errors in the news items directly to the source