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Dia do Índio: nativos ganham notoriedade no esporte na Amazônia

19/04/2016

Fonte: Portal Amazônia - http://portalamazonia.com/



A música "Todo Dia Era Dia de Índio", composta por Jorge Ben Jor e eternizada na voz de Baby do Brasil, fala em "lamento de uma raça que já foi muito feliz". Entretanto, na região amazônica, a cultura indígena ganhou um aliado que só traz sorrisos: o esporte. Nos últimos anos, atletas indígenas protagonizaram feitos importantes que despertaram a sensibilidade de todo o Brasil. A cereja do bolo foi a celebração dos primeiros Jogos Mundiais dos Povos Indígenas justamente na Amazônia.

Na cultura indígena, o esporte fortalece o ânimo e o estado de espírito das tribos. Modalidades como o arco e flecha, corrida de tora, cabo de força e arremesso de lança são parte da identidade dos índios. Mas, eles também provaram que podem fazer bonito nos chamados 'esportes ocidentais'. E o principal deles é atualmente um esporte olímpico, mas possui origem nativa: o tiro com arco.

O arco e a flecha representam muito mais do que um esporte para os indígenas. Também são um instrumento de sobrevivência na floresta. A prática nativa é bem diferente das regras olímpicas, mas um projeto social no Amazonas tratou de introduzir os indígenas na modalidade ocidental.

O Projeto Arquearia Indígena, idealizado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), nasceu com o objetivo de contribuir para a popularização da arquearia e fortalecer a imagem e autoestima das populações indígenas da Amazônia. Ao passo que introduzia jovens indígenas no tiro com arco moderno, o projeto também tinha uma proposta até então vista como utópica: classificar um indígena para os Jogos Olímpicos de 2016.

A possibilidade quase chegou a se concretizar. Três indígenas disputam a seletiva do tiro com arco brasileiro para os Jogos do Rio: Dream Braga e Nelson Silva, da etnia Kambeba; e Graziela Paulino, da etnia Karapãna. No último fim de semana (dias 16 e 17), eles disputaram a terceira da quarta seletiva brasileira para as Olimpíadas. O sonho acabou adiado para 2020, mas nada que diminua a esperança e o talento dos nativos.

Até pouco tempo atrás, o trio vivia em suas respectivas aldeias. Hoje, todos são atletas de alto rendimento. "Esse projeto não é apenas esportivo. O projeto original é de colocar um indígena na Olimpíada, mas por trás ele procura resgatar a cidadania dos povos, dar um reconhecimento a esses jovens", explica o técnico amazonense Aníbal Forte ao Portal Amazônia.

E os jovens arqueiros indígenas já conquistaram feitos históricos. Graziela e Nelson foram campeões brasileiros de duplas mistas em 2015. Na semana passada, o mesmo Nelson Silva conquistou a primeira medalha internacional de um indígena no tiro com arco ao ganhar o bronze da Copa Arizona, em Phoenix, nos Estados Unidos.

E o projeto não vai acabar após a Olimpíada do Rio. Os talentos indígenas transformaram-se em semente para outros jovens que serão captados nas aldeias. "Existe um objetivo de, a partir do ano que vem, a gente identificar novos talentos nas comunidades indígenas e aumentar o número de atletas. Queremos ir mais a fundo, em comunidades mais distantes aqui do Amazonas", revelou Aníbal.


Jogos Mundiais Indígenas: um marco


A realização dos primeiros Jogos Mundiais Indígenas, no ano passado, foi um marco na comunidade indígena em todo o planeta. E não haveria simbolismo maior do que fazer a primeira edição na Amazônia. A capital do Tocantins, Palmas, foi a escolhida para receber a edição inaugural dos Jogos em 2015.

Um total de 24 etnias brasileiras e 23 delegações de outros países, que compreendem 1129 indígenas nacionais e 566 atletas internacionais, passaram pela capital tocantinense. Foram 13 dias de celebração, com mais de 100 mil visitantes e R$ 2,5 milhões injetados na economia local.

"Acertamos pela escolha da cidade de Palmas, que une o Pantanal ao Norte do país, onde existe a maior concentração de comunidades indígenas. Foi uma parceria que deu certo", disse à época o até então Ministro do Esporte, George Hilton. Estima-se que 10 mil indígenas vivam no Tocantins, todas com cultura e tradições preservadas. Sete etnias estão englobadas: Krahô, Krahô Canela, Karajá, Karajá Xambioá, Apinajé, Xerente e Javaé.

A celebração histórica superou qualquer expectativa. Vários momentos entraram para a história, como o povo Xerente, do Tocantins, conquistando o título mundial indígena de futebol masculino.

"Os Jogos atenderam totalmente as nossas expectativas como indígena. Nós deixamos um grande legado patrimonial, cultural e desportivo para a cidade de Palmas. Além dos recursos econômicos trazidos pelos estrangeiros durante os nove dias em Palmas e a geração de empregos na cidade", analisou o presidente do Comitê Intertribal Memória e Ciência Indígena (ITC), Marcos Terena, após o evento.


Gavião Kyikatejê: indígenas no futebol


Não há como falar em indígenas no esporte sem destacar o Gavião Kyikatejê. O primeiro clube indígena profissional do Brasil é do Pará, mais precisamente da aldeia Gavião, na reserva Mãe Maria, no município de Bom Jesus do Tocantins. O cacique Zeca Gavião é o presidente da equipe.

O Gavião ganhou notoriedade ao disputar a primeira divisão do Campeonato Paraense de Futebol em 2015. A aventura durou pouco, é verdade. Com apenas uma vitória em nove jogos, o time foi rebaixado.

Concebido há sete anos com o novo nome, o Kyikatejê hoje é um pouco diferente do que era no passado. No Parazão de 2015, por exemplo, a equipe era formada em sua maioria por não-indígenas. Na origem do clube, o método de treinamento dos atletas incluía corridas com toras de 50 quilos nas costas e natação em igarapés.

Entre os jogadores indígenas, um deles conseguiu se sobressair: o atacante Aru Sompré. Conhecido por entrar em campo pintado com as cores Kyikatejê (preto e vermelho), ele chegou a ensaiar uma carreira fora do time da tribo. No ano passado, por exemplo, ele jogou a Série D pelo Palmas. Aru iniciou 2016 no time do Parauapebas, do Pará, mas foi dispensado pelo treinador Sinomar Naves por questões técnicas.

Não há dúvidas de que o esporte possui um papel cada vez mais preponderante na promoção da cultura indígena. E contrariando Baby do Brasil, os atletas indígenas da Amazônia têm muito mais do que um 19 de abril: o orgulho de um povo e de uma nação.



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