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Procuradores do MPF visitam comunidades Guarani do oeste do Paraná

12/07/2016

Autor: Rafael Nakamura

Fonte: CTI- http://www.trabalhoindigenista.org.br



No final de semana dos dias 2 e 3 de julho, as comunidades Guarani dos municípios de Guaíra e Terra Roxa, região oeste do Paraná, receberam a visita de procuradores da república que compõem o Grupo de Trabalho Violações dos Direitos dos Povos Indígenas e Regime Militar do Ministério Público Federal. Na aldeia Jevy, o encontro reuniu caciques de 14 comunidades e os procuradores apresentaram o trabalho de reunir memórias das iniciativas do Estado brasileiro que afetaram as comunidades no passado, seja através do incentivo de empreendimentos privados, seja através de projetos governamentais.

O oeste do Paraná é região de ocupação tradicional do povo Avá Guarani, onde até hoje estão algumas comunidades, a maioria delas beirando os limites de cercas das fazendas nas áreas antes ocupadas pelos indígenas. Durante o século XX, em diversos momentos os indígenas conviveram com assassinatos de seus parentes, trabalhos forçados, fugas, chegando ao esbulho territorial de várias das comunidades.

"A ideia do GT é trabalhar assuntos que ficaram pendentes no sentido de reconstruir a memória do ponto de vista das violações dos direitos indígenas durante o período militar. Tentar reconstruir essa história e relacionar os danos causados com a situação que eles vivem hoje, de modo a tentar atingir alguma reparação coletiva para melhorar a vida hoje se baseando naquilo que o Estado provocou a eles", explica Lucas Aguilar, procurado do MPF. Em 2014, durante os trabalhos da Comissão Nacional da Verdade (CNV), uma parte dessas histórias foram relatadas pelos Avá Guarani do oeste do Paraná.

O dia seguinte ao encontro que reuniu todos os caciques Guarani dos municípios de Guaíra e Terra Roxa foi aproveitado pelos procuradores para visitas em algumas comunidades. Em longas conversas, os anciões das aldeias Karumbey, Marangatu e Y'hovy, contaram o que viveram com a chegada dos brancos nos territórios de antigas aldeias. Nas entrevistas com os indígenas mais velhos é muito comum a lembrança do período da Mate Laranjeira, empresa para a qual muitos trabalharam forçadamente, e posteriormente da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, que alagou áreas de uso dos indígenas, além de elementos importantes na cosmovisão Guarani.

Na opinião de Julio Araujo, conseguir levantar todas essas histórias pode significar uma tentativa de correção dos erros do passado que afligem os indígenas até hoje. "O GT vai discutir a memória e as violações que vários povos indígenas sofreram, principalmente na época da ditadura. Vamos ouvir grupos que sofreram violações para pedir alguma reparação", diz Araujo, que é procurador do MPF em Volta Redonda, Rio de Janeiro.

O Grupo de Trabalho de justiça de transição formado por procuradores da república já acumula algumas outras experiências de pesquisas semelhantes. Como exemplo, Lucas cita o trabalho que resultou no pedido de anistia para o povo Krenak movido pelo Ministério Público Federal em Minas Gerais. Em um trabalho que envolvia antropólogos, psicólogos, além dos próprios procuradores, o GT conseguiu levantar a história do presídio Krenak, um reformatório construído dentro de uma terra indígena ao qual povos indígenas de todo o Brasil estavam sujeitos. "Era uma espécie de prisão sem pena, sem processo, que índios de todo o Brasil estavam sujeitos, principalmente as lideranças que eram contra os projetos de desenvolvimento da ditadura. Mas no caso dos Krenak, eles moravam lá, então eles se tornavam semiescravos das pessoas que giravam aquele mecanismo ilegal. As provas produzidas no inquérito civil já podem contar como uma reconstrução da memória", conta o procurador.



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