De Povos Indígenas no Brasil

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Revitalização da etnia krenak

18/02/2006

Autor: ALMEIDA, Luciano Mendes de

Fonte: FSP, Opinião, p. A2



Revitalização da etnia krenak

Luciano Mendes De Almeida

As últimas semanas permitiram novos contatos entre as lideranças do povo krenak e os representantes governamentais da Funai, do Estado de Minas Gerais com os responsáveis pela Companhia Vale do Rio Doce e pelo Consórcio da Usina Hidroelétrica Aimorés. Após o evento, por parte dos índios, a 1º de dezembro do ano passado paralisando a ferrovia que liga Itabira a Vitória, seguiram-se os esforços de entendimento para atender as reivindicações da população krenak, que nos últimos decênios sofreu a expulsão de suas terras e a dispersão das famílias, causando até a morte de vários índios. A volta para a área primitiva marca o início da revitalização da etnia krenak.
A 13 de fevereiro, realizou-se em Belo Horizonte um encontro sem precedentes e promissor entre os interessados nesta revitalização, sob a direção do dr. Mércio Pereira Gomes, presidente da Funai. A reunião teve lugar no prédio da Fundação João Pinheiro, que abriu suas portas para acolher 60 índios e os demais integrantes das instituições ligadas à busca de soluções que promovam definitivamente o povo krenak, em Minas Gerais.
A pauta incluía o encaminhamento das três questões básicas: 1) a área a ser homologada; 2) a avaliação dos impactos socioeconômicos referentes à construção da UHE Aimorés; 3) o levantamento histórico da vida do povo krenak às margens do rio Doce, incluindo a série de vicissitudes sofridas pela população indígena ao longo do século passado.
A questão da terra está bem adiantada pela Funai, que demarcará a área relacionada com a cultura krenak, tendo à frente o antropólogo Rodrigo Thurler. Os trabalhos são acompanhados pelo prof. Célio do Valle, do IEF de Minas Gerais.
A comunidade indígena elencou 21 propostas ao Consórcio Aimorés. Foi elaborada uma planilha, pelo dr. Carlos Orsini, em nome do governo de Minas Gerais, indicando com precisão as ações a serem desenvolvidas e os responsáveis pela sua execução. A título de exemplo citamos o atendimento à saúde com ampliação do posto e cadastramento rigoroso das necessidades com atuação da Funasa e do Ministério da Saúde; construção de escola adaptada à cultura indígena; edificação de 55 casas; melhoria da estrada; construção de pontes; centro cultural; projetos agrícolas prevendo plantio, piscicultura, captação de água e outros. O Consórcio Aimorés comunicou o bom sucesso da escalada dos peixes (piracema) restabelecida no rio Doce.
Os trabalhos históricos terão à frente um grupo coordenado em Minas Gerais pelo perito Ailton Krenak, utilizando preciosos estudos sobre a cultura do seu povo.
O presidente da Funai exortou as lideranças indígenas dos caciques Rondon, José Alfredo (Nego) e Leoni a unirem sempre mais seus esforços em metas comuns e expressou o grande interesse da Funai para uma progressiva e adequada solução. A fim de levar adiante os trabalhos, aprovou-se uma comissão formada pelas lideranças, e representantes da Funai, do governo do Estado, do Consórcio Aimorés e da Companhia Vale do Rio Doce. A assembléia de 13 de fevereiro permanecerá na lembrança dos participantes como um marco de esperança para a causa indígena, fruto do diálogo e do respeito recíproco. Deus seja louvado!

FSP, 18/02/2006, p. A2
 

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