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Experiência de turismo de base comunitária dos povos indígenas de Roraima e da Amazônia são apresentadas durante seminário de Etnoturismo
06/10/2023
Fonte: CIR - https://cir.org.br
No segundo dia do I Seminário de Etnoturismo, nesta sexta-feira (6), a pauta foi dedicada às experiências de atuação das secretarias municipais, das comunidades e das organizações, que já fazem o turismo de base comunitária, como a Federação das Organizações Indígenas da Amazônia (FOIRN) e do Instituto Socioambiental (ISA).
Experiências nas terras indígenas de Roraima e da Amazônia
A comunidade indígena da Raposa I, na região da Raposa, na TI Raposa Serra do Sol, desde de setembro de 2020, é a única em Roraima, com o Plano de Visitação aprovado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e em pleno funcionamento.
Elaborado com 272 páginas, o coordenador do Projeto de Turismo de Base Comunitária, Enoque Raposo contou que durou 6 meses para a construção do plano. Reconheceu que é complexo entender os processos, construir e colocar em prática, mas que a decisão é coletiva.
" A decisão coletiva da comunidade prevalece. É importante a participação das comunidades na elaboração dos projetos", afirmou.
Enoque fez uma breve apresentação dos componentes do plano, os processos de construção e as vivências do turismo de base comunitária na comunidade da Raposa. Pontuou os rituais, culinárias, bebidas e lugares sagrados, como uma das imersões culturais apresentadas ao turismo.
" O etnoturismo é uma imersão cultural", afirmou. Como um dos impactos do turismo, Raposo citou o choque cultural com a presença de turistas no cotidiano da comunidade.
Outra iniciativa em andamento na Funai é da comunidade indígena Boca da Mata, na região Alto Marcos, na TI São Marcos. O coordenador de Turismo, Gleidson da Silva, do povo Wapichana, brevemente contou o processo de elaboração do plano.
Ao assumir a coordenação de turismo ano passado, Gleidson informou que retomou o processo de construção do plano, onde foi concluído e enviado à Funai. Contou que, conforme observado pelas comunidades, o potencial na área segue para o formato de ecoturismo em decorrência das cachoeiras existentes na região.
"Me sinto orgulhoso, vendo o meu Estado sendo divulgado. Temos os nossos lugares sagrados e demais atrativos", frisou Silva, exaltando as belezas naturais.
Os participantes do evento, também conheceram a experiência da comunidade Kauwê, localizada na terra indígena Raposa Serra do Sol, no município de Pacaraima. Uma das moradoras da comunidade, Karynna Makuxi, ao contar o histórico de invasão na região, ressaltou que umas das alternativas de melhoria de vida e desenvolvimento sustentável da comunidade foi com o turismo.
Citou como atividades desenvolvidas pela comunidade, projeto de viveiros de mudas, produção bovina, medicina tradicional, e um dos produtos de grande potencial é o café. São dois tipos, o Imero que já tem o selo e o Uyonpa, em processo de certificação.
Karynna informou que o plano de visitação da comunidade Kauwê já está em andamento na Funai e ressaltou que uma das principais linhas do turismo é a valorização da cultura. Esclareceu que o turismo não é renda principal, mas, agrega às ações de sustentabilidade da comunidade. " Sejamos protagonistas dessa ação na nossa comunidade", pontuou.
A pauta do segundo dia, encerrou com as experiências do Instituto Socioambiental (ISA), com a assessora de Turismo, Lana Rosa, e da Federação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (FOIRN), apresentado pela assessora técnica do Departamento de Turismo, Tífane Máximo, do povo Baré.
Após as apresentações houve debate e esclarecimentos sobre as atividades regiões extensas do Amazonas, como Yanomami e povos do Rio Negro.
Experiências nas secretarias municipais
Giovani contou a experiência, o desafio de esclarecer e levar informações às comunidades do município, sempre respeitando o desejo de quererem ou não tratar sobre o turismo.
Citou a lei municipal no 293/2021, que criou o Plano Municipal de Turismo de Normandia e que tem até 2024 para fazer levantamento nas comunidades, verificando o interesse de fazer o plano de visitação. Oliveira pontuou os festejos culturais e feiras de produção que ocorrem nas comunidades, como caxiri, cajú e outras, voltadas à valorização da cultura indígena.
" O desafio é ter anuência da comunidade para que possamos trabalhar o etnoturismo nas nossas comunidades. A maioria das comunidades tem perfil turístico, mas precisam de infraestrutura", ressaltou Giovani.
Giovani citou o Lago Caracaranã, localizado no município e no território Raposa Serra do Sol, recebe visitas e funciona com base em norma interna assinadas pelas lideranças indígenas, como um grande potencial em Roraima, mas que precisa de um plano de visitação.
Ressaltou que a decisão cabe às lideranças e que o seminário é uma oportunidade de debater o assunto, além de todo trabalho ser de forma sustentável.
A diretora do departamento de Turismo de Pacaraima, Karynna Stael Makuxi, também apresentou a realidade do município de atuar com a pasta, atendendo 65 comunidades.
Sem condições e estrutura para atuar nas comunidades, Karynna contou que trabalha a partir do pedido das próprias comunidades, exercendo o direito à consulta.
"Por ser indígena, recebi o convite das comunidades para explicar como funciona o turismo. Então é assim que começamos a elaborar o plano junto com as comunidades", explicou Karynna, sobre as discussões feitas em reunião comunitárias e assembleias, locais onde explicam às lideranças os benefícios e os malefícios também.
" A consulta é uma das principais formas de interagir com as comunidades, o que devo e não devo. Dessa forma, como poder público, interagimos com as comunidades indígenas", ressaltou Karynna, ao manifestar também preocupação com as riquezas, belezas naturais e os costumes tradicionais. Informou sobre o acompanhamento do pedido de plano de visitação da comunidade Bananal, e outras atividades dessa natureza no município.
A presidente da Fundação Municipal de Turismo e Cultura, Maria Providência colaborou com o debate compartilhando as experiências do município e citou o turismo na Serra de Tepequém, que já é consolidado na região, tendo como principal potencial as cachoeiras. Reforçou que, com o turismo, o benefício é coletivo, mas, precisa ser bem planejado.
O evento encerra neste sábado(7), com a manifestação das expectativas das comunidades e organizações indígenas em torno do etnoturismo.
https://cir.org.br/site/2023/10/06/experiencia-de-turismo-de-base-comunitaria-dos-povos-indigenas-de-roraima-e-da-amazonia-sao-apresentadas-durante-seminario-de-etnoturismo/
Experiências nas terras indígenas de Roraima e da Amazônia
A comunidade indígena da Raposa I, na região da Raposa, na TI Raposa Serra do Sol, desde de setembro de 2020, é a única em Roraima, com o Plano de Visitação aprovado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), e em pleno funcionamento.
Elaborado com 272 páginas, o coordenador do Projeto de Turismo de Base Comunitária, Enoque Raposo contou que durou 6 meses para a construção do plano. Reconheceu que é complexo entender os processos, construir e colocar em prática, mas que a decisão é coletiva.
" A decisão coletiva da comunidade prevalece. É importante a participação das comunidades na elaboração dos projetos", afirmou.
Enoque fez uma breve apresentação dos componentes do plano, os processos de construção e as vivências do turismo de base comunitária na comunidade da Raposa. Pontuou os rituais, culinárias, bebidas e lugares sagrados, como uma das imersões culturais apresentadas ao turismo.
" O etnoturismo é uma imersão cultural", afirmou. Como um dos impactos do turismo, Raposo citou o choque cultural com a presença de turistas no cotidiano da comunidade.
Outra iniciativa em andamento na Funai é da comunidade indígena Boca da Mata, na região Alto Marcos, na TI São Marcos. O coordenador de Turismo, Gleidson da Silva, do povo Wapichana, brevemente contou o processo de elaboração do plano.
Ao assumir a coordenação de turismo ano passado, Gleidson informou que retomou o processo de construção do plano, onde foi concluído e enviado à Funai. Contou que, conforme observado pelas comunidades, o potencial na área segue para o formato de ecoturismo em decorrência das cachoeiras existentes na região.
"Me sinto orgulhoso, vendo o meu Estado sendo divulgado. Temos os nossos lugares sagrados e demais atrativos", frisou Silva, exaltando as belezas naturais.
Os participantes do evento, também conheceram a experiência da comunidade Kauwê, localizada na terra indígena Raposa Serra do Sol, no município de Pacaraima. Uma das moradoras da comunidade, Karynna Makuxi, ao contar o histórico de invasão na região, ressaltou que umas das alternativas de melhoria de vida e desenvolvimento sustentável da comunidade foi com o turismo.
Citou como atividades desenvolvidas pela comunidade, projeto de viveiros de mudas, produção bovina, medicina tradicional, e um dos produtos de grande potencial é o café. São dois tipos, o Imero que já tem o selo e o Uyonpa, em processo de certificação.
Karynna informou que o plano de visitação da comunidade Kauwê já está em andamento na Funai e ressaltou que uma das principais linhas do turismo é a valorização da cultura. Esclareceu que o turismo não é renda principal, mas, agrega às ações de sustentabilidade da comunidade. " Sejamos protagonistas dessa ação na nossa comunidade", pontuou.
A pauta do segundo dia, encerrou com as experiências do Instituto Socioambiental (ISA), com a assessora de Turismo, Lana Rosa, e da Federação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (FOIRN), apresentado pela assessora técnica do Departamento de Turismo, Tífane Máximo, do povo Baré.
Após as apresentações houve debate e esclarecimentos sobre as atividades regiões extensas do Amazonas, como Yanomami e povos do Rio Negro.
Experiências nas secretarias municipais
Giovani contou a experiência, o desafio de esclarecer e levar informações às comunidades do município, sempre respeitando o desejo de quererem ou não tratar sobre o turismo.
Citou a lei municipal no 293/2021, que criou o Plano Municipal de Turismo de Normandia e que tem até 2024 para fazer levantamento nas comunidades, verificando o interesse de fazer o plano de visitação. Oliveira pontuou os festejos culturais e feiras de produção que ocorrem nas comunidades, como caxiri, cajú e outras, voltadas à valorização da cultura indígena.
" O desafio é ter anuência da comunidade para que possamos trabalhar o etnoturismo nas nossas comunidades. A maioria das comunidades tem perfil turístico, mas precisam de infraestrutura", ressaltou Giovani.
Giovani citou o Lago Caracaranã, localizado no município e no território Raposa Serra do Sol, recebe visitas e funciona com base em norma interna assinadas pelas lideranças indígenas, como um grande potencial em Roraima, mas que precisa de um plano de visitação.
Ressaltou que a decisão cabe às lideranças e que o seminário é uma oportunidade de debater o assunto, além de todo trabalho ser de forma sustentável.
A diretora do departamento de Turismo de Pacaraima, Karynna Stael Makuxi, também apresentou a realidade do município de atuar com a pasta, atendendo 65 comunidades.
Sem condições e estrutura para atuar nas comunidades, Karynna contou que trabalha a partir do pedido das próprias comunidades, exercendo o direito à consulta.
"Por ser indígena, recebi o convite das comunidades para explicar como funciona o turismo. Então é assim que começamos a elaborar o plano junto com as comunidades", explicou Karynna, sobre as discussões feitas em reunião comunitárias e assembleias, locais onde explicam às lideranças os benefícios e os malefícios também.
" A consulta é uma das principais formas de interagir com as comunidades, o que devo e não devo. Dessa forma, como poder público, interagimos com as comunidades indígenas", ressaltou Karynna, ao manifestar também preocupação com as riquezas, belezas naturais e os costumes tradicionais. Informou sobre o acompanhamento do pedido de plano de visitação da comunidade Bananal, e outras atividades dessa natureza no município.
A presidente da Fundação Municipal de Turismo e Cultura, Maria Providência colaborou com o debate compartilhando as experiências do município e citou o turismo na Serra de Tepequém, que já é consolidado na região, tendo como principal potencial as cachoeiras. Reforçou que, com o turismo, o benefício é coletivo, mas, precisa ser bem planejado.
O evento encerra neste sábado(7), com a manifestação das expectativas das comunidades e organizações indígenas em torno do etnoturismo.
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