De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
GOLPE30 ou COP30?
24/01/2025
Autor: SURUÍ, Txai
Fonte: FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
GOLPE30 ou COP30?
Ocupação na Seduc-PA é um grito pela continuidade de uma educação escolar indígena diferenciada nas aldeias
Txai Suruí
Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé
24/01/2025
Há onze dias, indígenas de mais de 20 povos, incluindo munduruku, wai wai, tembé, arapiuns e tupinambá ocupam a sede da Seduc do estado do Pará, em Belém, unindo-se ao movimento de professores de diversos municípios do estado, quilombolas e trabalhadores sem terra.
Também há nove dias, rodovias têm sido bloqueadas para pressionar o governo estadual a revogar a lei 10.820, que extingue o Sistema de Organização Modular de Ensino Indígena (Somei), um programa estadual que leva professores não indígenas para dar aulas nas comunidades do interior e estabelece um novo magistério público no Pará.
Essa lei revoga todo arcabouço normativo da educação escolar indígena no estado e acaba com o regime presencial nas escolas indígenas, tornando todas as aulas virtuais. Também libera aulas a distância para quilombolas e comunidades do campo.
Os manifestantes exigem também a exoneração de Rossieli Soares, atual secretário de Educação do estado, e denunciam os atos ilegais e violentos do governo Helder Barbalho que vêm ocorrendo desde o dia 14 deste mês contra os manifestantes. Quando da ocupação, a Polícia Militar agiu com truculência, jogou spray de pimenta, energia e água do prédio foram cortadas, além disso, a imprensa e representantes do Ministério Público Federal e da OAB foram impedidos de acessar o local.
A jornalista indígena Ayla Tapajós apurou que o governo estadual cortou 85% do orçamento destinado à educação indígena em 2025, reduzindo o valor para apenas R$ 500 mil -menos de 0,005% do orçamento total da Secretaria de Educação.
A ocupação na Seduc-PA é um grito pela continuidade de uma educação escolar indígena diferenciada nas aldeias, nos quilombos e nas comunidades.
A proposta de uma educação a distância, na verdade, é uma educação a distância que retira qualquer possibilidade dos povos que estejam nessa região de concluir um ensino médio de qualidade. Vivemos essa experiência durante a pandemia quando nossos jovens não tinham condições de estudar. Lembrando da precariedade da estrutura das escolas indígenas.
Durante a ocupação, uma das lideranças se manifestou: "Os povos indígenas, a diversidade que está aqui, é os povos que não participam do bolo, da organização que está aparelhada ao governo. Nós queremos o direito que é nosso, de cada povo que está aqui, que quer suas escolas, que quer os professores, que quer políticas públicas chegando, como deve. Como é direito de cada um. E registrar perante vocês que não estavam, que nós não recebemos o mandato. Deixe que a justiça trabalhe para nos identificar, mas nós continuaremos firme aqui e vamos resistir. E vai ficar feio se a juíza reeditar o mandato identificando lideranças. Vai ficar feio para o estado. Nós não vamos nos render. Podem até nos levar, mas vão levar na força. E na força é o passaporte para cancelar a COP. Porque aí não vai ser a força do governo, vai ser a força do movimento para pressionar para que a COP não saia. Porque não adianta fazer uma COP, não adianta vender uma imagem do Pará que não existe, uma Amazônia que não existe, isso aqui não é fantasia, um filme de Hollywood, isso aqui é a realidade".
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/txai-surui/2025/01/golpe30-ou-cop30.shtml
Ocupação na Seduc-PA é um grito pela continuidade de uma educação escolar indígena diferenciada nas aldeias
Txai Suruí
Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé
24/01/2025
Há onze dias, indígenas de mais de 20 povos, incluindo munduruku, wai wai, tembé, arapiuns e tupinambá ocupam a sede da Seduc do estado do Pará, em Belém, unindo-se ao movimento de professores de diversos municípios do estado, quilombolas e trabalhadores sem terra.
Também há nove dias, rodovias têm sido bloqueadas para pressionar o governo estadual a revogar a lei 10.820, que extingue o Sistema de Organização Modular de Ensino Indígena (Somei), um programa estadual que leva professores não indígenas para dar aulas nas comunidades do interior e estabelece um novo magistério público no Pará.
Essa lei revoga todo arcabouço normativo da educação escolar indígena no estado e acaba com o regime presencial nas escolas indígenas, tornando todas as aulas virtuais. Também libera aulas a distância para quilombolas e comunidades do campo.
Os manifestantes exigem também a exoneração de Rossieli Soares, atual secretário de Educação do estado, e denunciam os atos ilegais e violentos do governo Helder Barbalho que vêm ocorrendo desde o dia 14 deste mês contra os manifestantes. Quando da ocupação, a Polícia Militar agiu com truculência, jogou spray de pimenta, energia e água do prédio foram cortadas, além disso, a imprensa e representantes do Ministério Público Federal e da OAB foram impedidos de acessar o local.
A jornalista indígena Ayla Tapajós apurou que o governo estadual cortou 85% do orçamento destinado à educação indígena em 2025, reduzindo o valor para apenas R$ 500 mil -menos de 0,005% do orçamento total da Secretaria de Educação.
A ocupação na Seduc-PA é um grito pela continuidade de uma educação escolar indígena diferenciada nas aldeias, nos quilombos e nas comunidades.
A proposta de uma educação a distância, na verdade, é uma educação a distância que retira qualquer possibilidade dos povos que estejam nessa região de concluir um ensino médio de qualidade. Vivemos essa experiência durante a pandemia quando nossos jovens não tinham condições de estudar. Lembrando da precariedade da estrutura das escolas indígenas.
Durante a ocupação, uma das lideranças se manifestou: "Os povos indígenas, a diversidade que está aqui, é os povos que não participam do bolo, da organização que está aparelhada ao governo. Nós queremos o direito que é nosso, de cada povo que está aqui, que quer suas escolas, que quer os professores, que quer políticas públicas chegando, como deve. Como é direito de cada um. E registrar perante vocês que não estavam, que nós não recebemos o mandato. Deixe que a justiça trabalhe para nos identificar, mas nós continuaremos firme aqui e vamos resistir. E vai ficar feio se a juíza reeditar o mandato identificando lideranças. Vai ficar feio para o estado. Nós não vamos nos render. Podem até nos levar, mas vão levar na força. E na força é o passaporte para cancelar a COP. Porque aí não vai ser a força do governo, vai ser a força do movimento para pressionar para que a COP não saia. Porque não adianta fazer uma COP, não adianta vender uma imagem do Pará que não existe, uma Amazônia que não existe, isso aqui não é fantasia, um filme de Hollywood, isso aqui é a realidade".
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/txai-surui/2025/01/golpe30-ou-cop30.shtml
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