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Funai realiza III Módulo da Formação de Multiplicadores Indígenas em Restauração Ecológica em Mato Grosso Caixa de entrada
11/03/2025
Fonte: Funai - https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/funai-realiza-iii-modulo-da-formacao-d
Funai realiza III Módulo da Formação de Multiplicadores Indígenas em Restauração Ecológica em Mato Grosso
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Publicado em 11/03/2025 12h27
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realizou entre os dias 17 e 21 de fevereiro o III Módulo da Formação de Multiplicadores Indígenas em Restauração Ecológica (MIRE), no bioma Cerrado, no estado de Mato Grosso. A formação, realizada no município de Nova Xavantina e na Terra Indígena Pimentel Barbosa, tem como objetivos engajar representantes indígenas para atuarem como multiplicadores da restauração em nível local, regional e nacional, bem como fortalecer processos de restauração já realizados em territórios indígenas. Também espera-se dar maior visibilidade ao papel fundamental dos povos indígenas na restauração e contribuir para a qualificação de ações que tenham interface com os povos indígenas.
A coordenadora de Conservação e Recuperação Ambiental da Funai, Nathali Germano, ressalta a importância do evento. "O terceiro módulo voltou o olhar de todos os participantes para o bioma Cerrado e reforçou a importância das ações em rede para que a restauração ecológica ganhe escala e maior efetividade, especialmente em termos de valorização dos conhecimentos tradicionais, inclusão social e geração de renda para comunidades locais", enfatiza.
A iniciativa é promovida pela Coordenação de Conservação e Recuperação Ambiental (Coram) da Funai, no âmbito da execução do Projeto BRA/13/019 - Implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O primeiro módulo foi realizado em novembro, no estado de Rondônia, bioma Amazônia, e o segundo módulo em dezembro, na Bahia, bioma Mata Atlântica.
Terceiro módulo
O terceiro módulo foi construído com a parceria da Rede de Sementes do Xingu (RSX) e teve como foco a gestão e articulação de ações de restauração em redes. Foram abordadas ainda as bases legais para produção e comercialização de sementes e mudas e ações de restauração ecológica em contexto do manejo integrado do fogo. Também foram realizadas atividades práticas para vivenciar a restauração ecológica em campos e savanas do bioma Cerrado, bem como aprofundamento sobre o plantio direto com o uso de muvuca de sementes - uma técnica socioambiental que consiste na mistura de sementes, visando a restauração de áreas degradadas.
O representante da Rede de Semente do Xingu Renato Nazario ressalta o aprendizado promovido pela formação, com uma ampla troca de saberes entre os participantes associados à cadeia de coleta de sementes florestais e da restauração ecológica.
"Foi especial conhecer e escutar ativamente os participantes e o engajamento de cada um com projetos de restauração em seus territórios, associados a diferentes cosmovisões e a valores imprescindíveis de serem considerados diante dos diferentes contextos que se expressam no âmbito da diversidade étnica e territorial. Saímos inspirados e motivados para novas parcerias e para avançar na agenda da restauração de terras compatível com os ecossistemas e saberes ancestrais", pontua.
Para a conclusão da formação, cada um dos indígenas multiplicadores apresentará, em abril de 2025, um trabalho final, que consiste em um projeto de restauração ecológica planejado para seus territórios, conforme modelo de projeto em editais recorrentes na área.
Renan Kawire Malure Txicão, indígena do povo Ikpeng, celebra o conhecimento adquirido por meio da formação. "Durante esses cinco dias, aprendi com cada um dos participantes. Foram momentos únicos que levarei para o resto da minha vida. Gratidão a todos os envolvidos, todos com o mesmo objetivo de manter nosso território protegido e torná-lo um lugar melhor pra se viver e permanecer".
A iniciativa contempla 15 indígenas selecionados para a formação, representantes de 12 povos indígenas dos territórios Araribóia, Barra Velha, Cachoeirinha, Kapinawá, Karitiana, Krikati, Katokinn, Kumaruara, Nioaque, Parque do Xingu, Renascer/Ywty Guaçu, Xakriabá e Xukuru. Participaram ainda duas indígenas Kaingang da Terra Indígena (TI) Rio das Cobras e três indígenas Xavante da TI Maraiwatsede. Além dos indígenas, a formação contou com a participação de servidores da Funai das Coordenações Regionais (CRs) Ribeirão Cascalheiras; Xavante; Minas Gerais e Espírito Santo; Guarapuava; e Noroeste de Mato Grosso.
Fabriciane Pereira Oliveira é indígena do povo Xakriabá, de Minas Gerais. Ela destaca a importância do terceiro módulo da formação no Cerrado. "Esse bioma possui ambientes diversos, cada qual com sua riqueza e importância para nós povos do Cerrado. O intercâmbio com o Povo Xavante também foi importante para a troca de aprendizados. Somos muitos povos e culturas diferentes, mas todos empenhados em buscar melhorias para o seu território e seu povo, enxergando na coleta de sementes e toda a cadeia de restauração uma forma de gerar fonte de renda e ao mesmo tempo contribuir para a recuperação de áreas diversas, pensando no bem estar das presentes e futuras gerações", afirma.
O terceiro módulo contou com a parceria das Coordenações Regionais Xavante e Ribeirão Cascalheiras da Funai; da Aldeia Ripá, na Terra Indígena Pimentel Barbosa; da Rede de Sementes do Xingu; da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum); da Rede de Sementes do Cerrado; do Redário; da The Nature Conservancy (TNC); e do Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O coordenador do CBC-ICMBio, Alexandre Sampaio, ressalta que desde o início da formação, os multiplicadores mesclaram conhecimentos tradicionais e científicos, em uma construção que vai trazer importantes avanços para a restauração brasileira. Para ele, o conhecimento tradicional dos povos indígenas traz bases sólidas para o avanço no conhecimento sobre restauração.
"A iniciativa dos MIRE está formando a vanguarda da restauração brasileira. A ecologia dos ecossistemas e reprodução das plantas nativas é parte do profundo conhecimento tradicional indígena. A restauração dos ecossistemas, no entanto, é algo recente na história indígena, que surge com o impacto das atividades dos 'brancos' sobre seus territórios", afirma.
A representante do Redário, da Rede de Sementes do Cerrado e da Araticum Natanna Horstmann reforça que "o terceiro módulo do MIRE promoveu uma rica troca entre o conhecimento tradicional indígena e as práticas de restauração, integrando temas da ecologia do Cerrado com os usos culturais destas plantas. Essa troca fortalece as redes de sementes e contribui para a criação de muvucas mais diversas em espécies e significados".
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/funai-realiza-iii-modulo-da-formacao-de-multiplicadores-indigenas-em-restauracao-ecologica-em-mato-grosso
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Publicado em 11/03/2025 12h27
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) realizou entre os dias 17 e 21 de fevereiro o III Módulo da Formação de Multiplicadores Indígenas em Restauração Ecológica (MIRE), no bioma Cerrado, no estado de Mato Grosso. A formação, realizada no município de Nova Xavantina e na Terra Indígena Pimentel Barbosa, tem como objetivos engajar representantes indígenas para atuarem como multiplicadores da restauração em nível local, regional e nacional, bem como fortalecer processos de restauração já realizados em territórios indígenas. Também espera-se dar maior visibilidade ao papel fundamental dos povos indígenas na restauração e contribuir para a qualificação de ações que tenham interface com os povos indígenas.
A coordenadora de Conservação e Recuperação Ambiental da Funai, Nathali Germano, ressalta a importância do evento. "O terceiro módulo voltou o olhar de todos os participantes para o bioma Cerrado e reforçou a importância das ações em rede para que a restauração ecológica ganhe escala e maior efetividade, especialmente em termos de valorização dos conhecimentos tradicionais, inclusão social e geração de renda para comunidades locais", enfatiza.
A iniciativa é promovida pela Coordenação de Conservação e Recuperação Ambiental (Coram) da Funai, no âmbito da execução do Projeto BRA/13/019 - Implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI), em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). O primeiro módulo foi realizado em novembro, no estado de Rondônia, bioma Amazônia, e o segundo módulo em dezembro, na Bahia, bioma Mata Atlântica.
Terceiro módulo
O terceiro módulo foi construído com a parceria da Rede de Sementes do Xingu (RSX) e teve como foco a gestão e articulação de ações de restauração em redes. Foram abordadas ainda as bases legais para produção e comercialização de sementes e mudas e ações de restauração ecológica em contexto do manejo integrado do fogo. Também foram realizadas atividades práticas para vivenciar a restauração ecológica em campos e savanas do bioma Cerrado, bem como aprofundamento sobre o plantio direto com o uso de muvuca de sementes - uma técnica socioambiental que consiste na mistura de sementes, visando a restauração de áreas degradadas.
O representante da Rede de Semente do Xingu Renato Nazario ressalta o aprendizado promovido pela formação, com uma ampla troca de saberes entre os participantes associados à cadeia de coleta de sementes florestais e da restauração ecológica.
"Foi especial conhecer e escutar ativamente os participantes e o engajamento de cada um com projetos de restauração em seus territórios, associados a diferentes cosmovisões e a valores imprescindíveis de serem considerados diante dos diferentes contextos que se expressam no âmbito da diversidade étnica e territorial. Saímos inspirados e motivados para novas parcerias e para avançar na agenda da restauração de terras compatível com os ecossistemas e saberes ancestrais", pontua.
Para a conclusão da formação, cada um dos indígenas multiplicadores apresentará, em abril de 2025, um trabalho final, que consiste em um projeto de restauração ecológica planejado para seus territórios, conforme modelo de projeto em editais recorrentes na área.
Renan Kawire Malure Txicão, indígena do povo Ikpeng, celebra o conhecimento adquirido por meio da formação. "Durante esses cinco dias, aprendi com cada um dos participantes. Foram momentos únicos que levarei para o resto da minha vida. Gratidão a todos os envolvidos, todos com o mesmo objetivo de manter nosso território protegido e torná-lo um lugar melhor pra se viver e permanecer".
A iniciativa contempla 15 indígenas selecionados para a formação, representantes de 12 povos indígenas dos territórios Araribóia, Barra Velha, Cachoeirinha, Kapinawá, Karitiana, Krikati, Katokinn, Kumaruara, Nioaque, Parque do Xingu, Renascer/Ywty Guaçu, Xakriabá e Xukuru. Participaram ainda duas indígenas Kaingang da Terra Indígena (TI) Rio das Cobras e três indígenas Xavante da TI Maraiwatsede. Além dos indígenas, a formação contou com a participação de servidores da Funai das Coordenações Regionais (CRs) Ribeirão Cascalheiras; Xavante; Minas Gerais e Espírito Santo; Guarapuava; e Noroeste de Mato Grosso.
Fabriciane Pereira Oliveira é indígena do povo Xakriabá, de Minas Gerais. Ela destaca a importância do terceiro módulo da formação no Cerrado. "Esse bioma possui ambientes diversos, cada qual com sua riqueza e importância para nós povos do Cerrado. O intercâmbio com o Povo Xavante também foi importante para a troca de aprendizados. Somos muitos povos e culturas diferentes, mas todos empenhados em buscar melhorias para o seu território e seu povo, enxergando na coleta de sementes e toda a cadeia de restauração uma forma de gerar fonte de renda e ao mesmo tempo contribuir para a recuperação de áreas diversas, pensando no bem estar das presentes e futuras gerações", afirma.
O terceiro módulo contou com a parceria das Coordenações Regionais Xavante e Ribeirão Cascalheiras da Funai; da Aldeia Ripá, na Terra Indígena Pimentel Barbosa; da Rede de Sementes do Xingu; da Articulação pela Restauração do Cerrado (Araticum); da Rede de Sementes do Cerrado; do Redário; da The Nature Conservancy (TNC); e do Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O coordenador do CBC-ICMBio, Alexandre Sampaio, ressalta que desde o início da formação, os multiplicadores mesclaram conhecimentos tradicionais e científicos, em uma construção que vai trazer importantes avanços para a restauração brasileira. Para ele, o conhecimento tradicional dos povos indígenas traz bases sólidas para o avanço no conhecimento sobre restauração.
"A iniciativa dos MIRE está formando a vanguarda da restauração brasileira. A ecologia dos ecossistemas e reprodução das plantas nativas é parte do profundo conhecimento tradicional indígena. A restauração dos ecossistemas, no entanto, é algo recente na história indígena, que surge com o impacto das atividades dos 'brancos' sobre seus territórios", afirma.
A representante do Redário, da Rede de Sementes do Cerrado e da Araticum Natanna Horstmann reforça que "o terceiro módulo do MIRE promoveu uma rica troca entre o conhecimento tradicional indígena e as práticas de restauração, integrando temas da ecologia do Cerrado com os usos culturais destas plantas. Essa troca fortalece as redes de sementes e contribui para a criação de muvucas mais diversas em espécies e significados".
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/funai-realiza-iii-modulo-da-formacao-de-multiplicadores-indigenas-em-restauracao-ecologica-em-mato-grosso
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