De Povos Indígenas no Brasil
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Em colóquio na França, Funai defende a valorização das línguas indígenas para a preservação da memória cultural dos povos indígenas
27/06/2025
Fonte: Funai - https://www.gov.br
Defender a diversidade linguística é defender a memória e o futuro dos povos indígenas. Escutar mais e aprender com os povos que mantêm suas línguas e apoiar iniciativas que preservam essa riqueza linguística é uma das formas de promover e proteger os seus direitos culturais e linguísticos.
A afirmação é da diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Lucia Alberta, feita na quarta-feira (25), em Paris, na França, durante o Colóquio Internacional Expressões Culturais Tradicionais e Experiências Museográficas no Século XXI. A declaração da diretora também se traduz nas ações institucionais da Funai ao apoiar e fomentar práticas culturais dos povos indígenas e de fortalecimento e revitalização das línguas indígenas.
Funai disponibiliza cartilhas sobre línguas indígenas no Brasil às suas unidades regionais
No evento, a diretora ressaltou a importância da diversidade linguística como parte fundamental das expressões culturais no mundo. Ela ressaltou a contribuição dos povos indígenas e alertou para a necessidade de se proteger as línguas indígenas. "Cada língua traz uma forma própria de interpretar o mundo e transmitir conhecimentos ancestrais. Quando se pensa a partir de uma língua, lá tem vida, tem o simbolismo daquela fala. Quando você perde uma língua, junto com ela se vai a cultura de um povo e seus conhecimentos ancestrais. É muito grave perdermos algumas línguas indígenas no nosso país", lamentou Lucia Alberta.
O Brasil tem 1,7 milhão de indígenas distribuídos em mais de 305 povos falantes de mais de 274 línguas indígenas. Dessas línguas, algumas já têm sua própria grafia criada por seus falantes. Outras, porém, existem apenas na oralidade e acabam se extinguindo com a perda dos indígenas mais antigos, os quais detém esse conhecimento. "Por isso, é muito importante que se tenha políticas públicas para a salvaguarda dessas línguas", enfatizou Lucia Alberta, depois de mencionar o caso do povo Baré, ao qual pertence. O último falante dessa língua morreu quando ela tinha 10 anos de idade.
Como exemplo de expressões culturais em que as línguas indígenas são fundamentais para a sua continuidade, estão cantos rituais como Huni Kuin, Enawenê-Nawê, Parixara, Kuarup e Toré. "Se não houver a língua indígena, esses rituais podem ser perdidos, precisamos ter esse conhecimento para valorizar e respeitar ainda mais esses rituais", defendeu.
Funai apoia ritual de mulheres indígenas para fortalecer identidade étnica do povo Enawenê Nawê, em Mato Grosso
Narrativas orais, mitos de criação (histórias sagradas e simbólicas que explicam a origem do mundo e seus elementos), poéticas populares, cerimônias e festas tradicionais são outros exemplos de expressões culturais em que as línguas indígenas são essenciais para a sua preservação.
Quando uma língua morre, perde-se também uma visão de mundo. A nossa responsabilidade enquanto Funai é apoiar e fortalecer esses eventos [de expressões culturais]Lucia Alberta, da DPDS/Funai
"No caso do ritual Kuarup, para ele ter toda essa simbologia e importância para os povos indígenas do Xingu, a língua é estratégica, ela é fundamental para que esse ritual perdure. Quando uma língua morre, perde-se também uma visão de mundo. A nossa responsabilidade enquanto Funai é apoiar e fortalecer esses eventos", frisou Lucia Alberta.
A diretora também falou dos desafios e ameaças e mencionou iniciativas que já se encontram em andamento e o que pode ser fortalecido e implementado para valorizar as línguas indígenas no Brasil, com a participação qualificada e efetiva dos povos indígenas, como previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Confira a transmissão pelo canal do Museu/Funai no YouTube.
Lucia participou da mesa-redonda "Diversidade linguística em expressões culturais tradicionais", ao lado da doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Anari Pataxó; e da representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Paula Alves de Souza. A doutora em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB) e bolsista da Funai, Núbia Tupinambá, participou por videoconferência direto de Brasília, assim como a coordenadora de Promoção à Política Linguística do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Altaci Kokama. A moderação foi feita por Capucine Boidin, da Université Sorbonne Nouvelle.
O colóquio
O colóquio "Expressões Culturais Tradicionais e Experiências Museográficas no Século XXI", realizado em Paris, teve início na quarta-feira (25) e se estende até sexta-feira (27). O evento é uma realização do Museu/Funai e da universidade francesa Sorbonne Nouvelle, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo é abordar a importância das expressões culturais tradicionais que é integrada pelo patrimônio material e imaterial dos povos indígenas e refletir sobre os processos de apropriação e expropriação de saberes e fazeres dos povos indígenas do Brasil para propor medidas de reparação cultural.
A presença da Funai no evento vai ao encontro dos objetivos finalísticos da autarquia para a proteção dos direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas. A instituição busca promover ações de valorização, conscientização e divulgação das memórias, saberes, tradições, artes e culturas dos povos indígenas; assegurar o respeito à diversidade linguística e cultural dos povos indígenas na promoção de direitos e de políticas públicas de cultura; preservar, vitalizar e revitalizar as línguas indígenas; e salvaguardar o patrimônio cultural dos povos indígenas.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/em-coloquio-na-franca-funai-defende-a-valorizacao-das-linguas-indigenas-para-a-preservacao-da-memoria-cultural-dos-povos-indigenas
A afirmação é da diretora de Promoção ao Desenvolvimento Sustentável da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Lucia Alberta, feita na quarta-feira (25), em Paris, na França, durante o Colóquio Internacional Expressões Culturais Tradicionais e Experiências Museográficas no Século XXI. A declaração da diretora também se traduz nas ações institucionais da Funai ao apoiar e fomentar práticas culturais dos povos indígenas e de fortalecimento e revitalização das línguas indígenas.
Funai disponibiliza cartilhas sobre línguas indígenas no Brasil às suas unidades regionais
No evento, a diretora ressaltou a importância da diversidade linguística como parte fundamental das expressões culturais no mundo. Ela ressaltou a contribuição dos povos indígenas e alertou para a necessidade de se proteger as línguas indígenas. "Cada língua traz uma forma própria de interpretar o mundo e transmitir conhecimentos ancestrais. Quando se pensa a partir de uma língua, lá tem vida, tem o simbolismo daquela fala. Quando você perde uma língua, junto com ela se vai a cultura de um povo e seus conhecimentos ancestrais. É muito grave perdermos algumas línguas indígenas no nosso país", lamentou Lucia Alberta.
O Brasil tem 1,7 milhão de indígenas distribuídos em mais de 305 povos falantes de mais de 274 línguas indígenas. Dessas línguas, algumas já têm sua própria grafia criada por seus falantes. Outras, porém, existem apenas na oralidade e acabam se extinguindo com a perda dos indígenas mais antigos, os quais detém esse conhecimento. "Por isso, é muito importante que se tenha políticas públicas para a salvaguarda dessas línguas", enfatizou Lucia Alberta, depois de mencionar o caso do povo Baré, ao qual pertence. O último falante dessa língua morreu quando ela tinha 10 anos de idade.
Como exemplo de expressões culturais em que as línguas indígenas são fundamentais para a sua continuidade, estão cantos rituais como Huni Kuin, Enawenê-Nawê, Parixara, Kuarup e Toré. "Se não houver a língua indígena, esses rituais podem ser perdidos, precisamos ter esse conhecimento para valorizar e respeitar ainda mais esses rituais", defendeu.
Funai apoia ritual de mulheres indígenas para fortalecer identidade étnica do povo Enawenê Nawê, em Mato Grosso
Narrativas orais, mitos de criação (histórias sagradas e simbólicas que explicam a origem do mundo e seus elementos), poéticas populares, cerimônias e festas tradicionais são outros exemplos de expressões culturais em que as línguas indígenas são essenciais para a sua preservação.
Quando uma língua morre, perde-se também uma visão de mundo. A nossa responsabilidade enquanto Funai é apoiar e fortalecer esses eventos [de expressões culturais]Lucia Alberta, da DPDS/Funai
"No caso do ritual Kuarup, para ele ter toda essa simbologia e importância para os povos indígenas do Xingu, a língua é estratégica, ela é fundamental para que esse ritual perdure. Quando uma língua morre, perde-se também uma visão de mundo. A nossa responsabilidade enquanto Funai é apoiar e fortalecer esses eventos", frisou Lucia Alberta.
A diretora também falou dos desafios e ameaças e mencionou iniciativas que já se encontram em andamento e o que pode ser fortalecido e implementado para valorizar as línguas indígenas no Brasil, com a participação qualificada e efetiva dos povos indígenas, como previsto na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Confira a transmissão pelo canal do Museu/Funai no YouTube.
Lucia participou da mesa-redonda "Diversidade linguística em expressões culturais tradicionais", ao lado da doutoranda em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Anari Pataxó; e da representante da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), Paula Alves de Souza. A doutora em Linguística pela Universidade de Brasília (UnB) e bolsista da Funai, Núbia Tupinambá, participou por videoconferência direto de Brasília, assim como a coordenadora de Promoção à Política Linguística do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Altaci Kokama. A moderação foi feita por Capucine Boidin, da Université Sorbonne Nouvelle.
O colóquio
O colóquio "Expressões Culturais Tradicionais e Experiências Museográficas no Século XXI", realizado em Paris, teve início na quarta-feira (25) e se estende até sexta-feira (27). O evento é uma realização do Museu/Funai e da universidade francesa Sorbonne Nouvelle, com apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O objetivo é abordar a importância das expressões culturais tradicionais que é integrada pelo patrimônio material e imaterial dos povos indígenas e refletir sobre os processos de apropriação e expropriação de saberes e fazeres dos povos indígenas do Brasil para propor medidas de reparação cultural.
A presença da Funai no evento vai ao encontro dos objetivos finalísticos da autarquia para a proteção dos direitos culturais e linguísticos dos povos indígenas. A instituição busca promover ações de valorização, conscientização e divulgação das memórias, saberes, tradições, artes e culturas dos povos indígenas; assegurar o respeito à diversidade linguística e cultural dos povos indígenas na promoção de direitos e de políticas públicas de cultura; preservar, vitalizar e revitalizar as línguas indígenas; e salvaguardar o patrimônio cultural dos povos indígenas.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/em-coloquio-na-franca-funai-defende-a-valorizacao-das-linguas-indigenas-para-a-preservacao-da-memoria-cultural-dos-povos-indigenas
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