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Infiltração de organizações criminosas tornou a Amazônia um polo de drogas

21/07/2025

Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/



Infiltração de organizações criminosas tornou a Amazônia um polo de drogas
Crescimento do tráfico, da violência e da devastação exige coordenação das autoridades no combate ao crime

21/07/2025

Há várias maneiras de medir o nível de violência e infiltração da criminalidade na sociedade. Todas atestam que a Amazônia é um território onde a atividade de organizações criminosas é crescente. Seja no tráfico de drogas, seja na exploração ilegal de recursos naturais (ouro, cassiterita, madeira, animais silvestres) e consequente devastação ambiental. A Região Norte faz fronteira com Colômbia, Peru e Bolívia (maiores produtores de cocaína no mundo) e é cortada por muitos rios navegáveis. Tudo isso facilitou a transformação da Amazônia numa central global de drogas.

Tudo na Amazônia tem grandes proporções. Inclusive o crime. O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, no Vale do Javari, revelou em 2022 que há organizações criminosas até por trás da pesca ilegal. O negócio clandestino convive com o tráfico, explorado por organizações de alcance nacional e internacional. É o caso do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho (CV), que disputam espaço com bandos locais como a Família do Norte (FDN). Disputas entre quadrilhas têm sido marcadas por massacres recorrentes em penitenciárias.

O crescimento do tráfico se reflete em mais apreensão de drogas. O total aumentou 40,9% no ano passado na região da Amazônia Legal (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Rondônia, Roraima e parte do Maranhão) - de 78,4 toneladas para 110,5 toneladas de cocaína e maconha. Em cerca de 260 dos 772 municípios amazônicos há presença de pelo menos um grupo criminoso.

Com o tráfico, vem a violência. Há 41,5% mais homicídios na região que a média nacional, embora em 2023 tenha havido queda de 6,8% no número absoluto de mortes, constatou a terceira edição do estudo Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), produzida com o Instituto Mãe Crioula (IMC). O Amapá registrou 57,4 mortes intencionais por 100 mil habitantes em 2023, índice mais alto do país (a média nacional foi 22,8, diz o Ipea).

Como região, o Norte só perde para o Nordeste. As quatro cidades mais violentas da Região Amazônica estão no Pará: Cumaru do Norte (141,3 mortes por 100 mil habitantes), Abel Figueiredo (115,5), Mocajuba (110,4) e Novo Progresso (102,7). São cinco vezes mais violentas que a média nacional. E cerca de 15 vezes mais que o Estado de São Paulo, o menos violento, com 6,8 mortes por 100 mil habitantes. O avanço do crime organizado faz com que o Pará tenha hoje mais presos em penitenciárias federais de segurança máxima (61) que o Rio de Janeiro (52). É superado apenas por São Paulo (68).

A infiltração da criminalidade na Amazônia demonstra a urgência da PEC da Segurança, em tramitação no Congresso. A proposta promove a coordenação entre União e estados no enfrentamento da criminalidade. O mínimo a exigir do Estado brasileiro é que se articule para combater com eficácia as organizações criminosas, responsáveis pela violência e pela degradação ambiental na Amazônia.

https://oglobo.globo.com/opiniao/editorial/coluna/2025/07/infiltracao-de-organizacoes-criminosas-tornou-a-amazonia-um-polo-de-drogas.ghtml
 

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