De Povos Indígenas no Brasil
Notícias
Negociações, ameaças e violência: entenda os conflitos envolvendo povos indígenas no oeste do Paraná
23/08/2025
Autor: Mayala Fernandes, Mariah Colombo
Fonte: G1 - https://g1.globo.com/
Negociações, ameaças e violência: entenda os conflitos envolvendo povos indígenas no oeste do Paraná
No dia 12 de julho, um jovem Avá-Guarani foi encontrado decapitado, com um bilhete que trazia ameaças. O crime está sendo investigado. Região registra conflitos há décadas.
O conflito por demarcação de terras no oeste do Paraná, que envolve comunidades indígenas Avá-Guarani, é histórico e se estende há décadas. Em 2024, pelo menos cinco ataques foram registrados na região.
No caso mais recente, em 12 de julho, Everton Lopes Rodrigues, de 21 anos, foi encontrado morto ao lado de uma carta com ameaças às comunidades indígenas e à Força Nacional de Segurança Pública. A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil do Paraná (PC-PR) investigam o crime.
Segundo o Ministério Público (MP), o documento afirmava: "[...] nós vamos matar mais de vocês, iremos invadir as aldeias já existentes, atacaremos os ônibus com as vossas crianças dentro, queimaremos vivos. Não é uma ameaça vazia, mas, sim, recheada com ódio."
As ameaças levaram crianças e adolescentes indígenas a deixarem de frequentar aulas por medo de ataques. Diante da situação, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e o Ministério Público Federal (MPF) recomendaram, em 15 de agosto, o reforço da segurança na região por parte de órgãos federais, estaduais e municipais.
Série de ataques
Em março, outro indígena, Marcelo Ortiz, foi encontrado morto e decapitado em uma estrada rural de Guaíra, no oeste do estado, próximo ao aeroporto da cidade. O corpo estava jogado na vegetação e a cabeça, pendurada em uma estaca feita de galho de mamona.
Já em janeiro, quatro indígenas Avá-Guarani foram baleados durante um ataque em área de disputa de terras entre Guaíra e Terra Roxa. Entre as vítimas estavam uma criança de 7 anos e um adolescente de 14 anos. Outras duas pessoas, de 25 e 28 anos, sofreram ferimentos graves.
Conflito Histórico
A disputa por terras na região remonta à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre 1973 e 1982. De acordo com a Comissão Estadual da Verdade do Paraná, a formação do reservatório da usina inundou milhares de hectares e forçou a migração dos povos indígenas.
Além de serem retirados dos locais onde viviam, espaços sagrados, como cemitérios, as casas de reza e o maior conjunto de cachoeiras do mundo em volume de água, o Salto de Sete Quedas, ficaram debaixo d'água por conta da construção.
Muitos dos indígenas que viviam nas áreas inundadas foram reassentados em Guaíra. Tanto indígenas quanto fazendeiros reivindicam a área, já que em diversos pontos há sobreposição de áreas compradas por agricultores de forma regular com as áreas que haviam sido destinadas aos indígenas.
Acordo e novas terras
Em março de 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou um acordo emergencial para a compra de 3 mil hectares destinados a 31 comunidades Avá-Guarani.
A aquisição, no valor de R$ 240 milhões, será custeada pela Itaipu Binacional como forma de reparação histórica pelo impacto causado pela instalação da usina.
As áreas ficam em São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Santa Helena, Terra Roxa e Guaíra, onde vivem cerca de 5,8 mil indígenas.
As primeiras famílias já começaram a ser assentadas em uma área de 220 hectares em Terra Roxa, adquirida com recursos da Itaipu.
Ao todo, 60 famílias de três comunidades vão ocupar a área conhecida como Fazenda Brilhante. Duas delas já viviam no local, enquanto a terceira está em processo de mudança.
Segundo a Itaipu, a medida busca pacificar os conflitos fundiários.
Até o fim de agosto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve avaliar outras 22 áreas indicadas pelas comunidades, com expectativa de adquirir a totalidade dos 3 mil hectares previstos no acordo.
https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2025/08/23/negociacoes-ameacas-e-violencia-entenda-os-conflitos-envolvendo-povos-indigenas-no-oeste-do-parana.ghtml
No dia 12 de julho, um jovem Avá-Guarani foi encontrado decapitado, com um bilhete que trazia ameaças. O crime está sendo investigado. Região registra conflitos há décadas.
O conflito por demarcação de terras no oeste do Paraná, que envolve comunidades indígenas Avá-Guarani, é histórico e se estende há décadas. Em 2024, pelo menos cinco ataques foram registrados na região.
No caso mais recente, em 12 de julho, Everton Lopes Rodrigues, de 21 anos, foi encontrado morto ao lado de uma carta com ameaças às comunidades indígenas e à Força Nacional de Segurança Pública. A Polícia Federal (PF) e a Polícia Civil do Paraná (PC-PR) investigam o crime.
Segundo o Ministério Público (MP), o documento afirmava: "[...] nós vamos matar mais de vocês, iremos invadir as aldeias já existentes, atacaremos os ônibus com as vossas crianças dentro, queimaremos vivos. Não é uma ameaça vazia, mas, sim, recheada com ódio."
As ameaças levaram crianças e adolescentes indígenas a deixarem de frequentar aulas por medo de ataques. Diante da situação, o Ministério Público do Paraná (MP-PR) e o Ministério Público Federal (MPF) recomendaram, em 15 de agosto, o reforço da segurança na região por parte de órgãos federais, estaduais e municipais.
Série de ataques
Em março, outro indígena, Marcelo Ortiz, foi encontrado morto e decapitado em uma estrada rural de Guaíra, no oeste do estado, próximo ao aeroporto da cidade. O corpo estava jogado na vegetação e a cabeça, pendurada em uma estaca feita de galho de mamona.
Já em janeiro, quatro indígenas Avá-Guarani foram baleados durante um ataque em área de disputa de terras entre Guaíra e Terra Roxa. Entre as vítimas estavam uma criança de 7 anos e um adolescente de 14 anos. Outras duas pessoas, de 25 e 28 anos, sofreram ferimentos graves.
Conflito Histórico
A disputa por terras na região remonta à construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, entre 1973 e 1982. De acordo com a Comissão Estadual da Verdade do Paraná, a formação do reservatório da usina inundou milhares de hectares e forçou a migração dos povos indígenas.
Além de serem retirados dos locais onde viviam, espaços sagrados, como cemitérios, as casas de reza e o maior conjunto de cachoeiras do mundo em volume de água, o Salto de Sete Quedas, ficaram debaixo d'água por conta da construção.
Muitos dos indígenas que viviam nas áreas inundadas foram reassentados em Guaíra. Tanto indígenas quanto fazendeiros reivindicam a área, já que em diversos pontos há sobreposição de áreas compradas por agricultores de forma regular com as áreas que haviam sido destinadas aos indígenas.
Acordo e novas terras
Em março de 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) homologou um acordo emergencial para a compra de 3 mil hectares destinados a 31 comunidades Avá-Guarani.
A aquisição, no valor de R$ 240 milhões, será custeada pela Itaipu Binacional como forma de reparação histórica pelo impacto causado pela instalação da usina.
As áreas ficam em São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Santa Helena, Terra Roxa e Guaíra, onde vivem cerca de 5,8 mil indígenas.
As primeiras famílias já começaram a ser assentadas em uma área de 220 hectares em Terra Roxa, adquirida com recursos da Itaipu.
Ao todo, 60 famílias de três comunidades vão ocupar a área conhecida como Fazenda Brilhante. Duas delas já viviam no local, enquanto a terceira está em processo de mudança.
Segundo a Itaipu, a medida busca pacificar os conflitos fundiários.
Até o fim de agosto, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) deve avaliar outras 22 áreas indicadas pelas comunidades, com expectativa de adquirir a totalidade dos 3 mil hectares previstos no acordo.
https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2025/08/23/negociacoes-ameacas-e-violencia-entenda-os-conflitos-envolvendo-povos-indigenas-no-oeste-do-parana.ghtml
As notícias publicadas no site Povos Indígenas no Brasil são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos .Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.