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Troca de sementes tradicionais promove segurança alimentar para comunidades indígenas durante a XIV Feira Krahô, no Tocantins
05/09/2025
Fonte: Funai - https://www.gov.br
Queremos que nossos povos tenham alimentação saudável e mais conhecimentos sobre plantio de sementes e segurança alimentar para uma melhor qualidade de vida nos territórios", afirmou Ivaldo Jkro Krahô, chefe da Unidade Técnica Local (UTL) de Itacajá e um dos organizadores da XIV Feira Krahô de Sementes Tradicionais, ao falar sobre a troca de grãos, momento principal do evento.
A ação teve início na última terça-feira (2), na aldeia Galheiro, na Terra Indígena (TI) Krahô, em Itacajá (TO), e segue até sábado (6). O evento é organizado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), juntamente com a Associação indígena Me Hempej Xá, Grupo de Guerreiros e Guerreiras Krahô Me Hoprê Catejê e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Ivaldo Jkro Krahô complementou que a feira e a troca de sementes buscam a distribuição e compartilhamento de grãos entre os povos indígenas para que exista uma diversidade de alimentos como milho, fava, feijão, mandioca, batata doce, frutos do cerrado e outros, não somente no território Krahô, mas em diversas comunidades indígenas do Tocantins e estados vizinhos.
"É um momento não somente de troca de sementes, mas é uma verdadeira troca de saberes e uma conexão com outros povos, levando mais conhecimento aos parentes, como e porquê plantar, quais são os incentivos do governo para que essa segurança alimentar exista. Para além disso, busca incentivar a alimentação saudável usando nossas sementes, e ainda como podemos ajudar as futuras gerações a viverem em melhores condições de alimentos", explicou Ivaldo.
Para Silvia Pahkim Krahô, moradora da TI Krahô, esse é um recomeço para a história do povo indígena, em Itacajá, após cerca de 10 anos sem o tradicional evento. "Esse evento mostra para as crianças, jovens e idosos a importância de ter uma boa alimentação com os produtos da nossa roça tradicional, mostrando que isso gera saúde e incentiva a produção local. E é muito bonito ver também essa troca entre os povos indígenas, mostrando que nós não só incentivamos, mas nós ajudamos", disse Silvia.
A Coordenação Regional Araguaia Tocantins (CR-ATO) e a Unidade Técnica Local (UTL) Itacajá, juntamente com a Coordenação-Geral de Promoção de Atividades Produtivas (CGAP) vinculada à Diretoria de Gestão Ambiental e Territorial (Digat) da Funai, estiveram presentes em todos os processos de realização do evento, desde planejamento, organização, apoio logístico e financeiro.
"Aqui reunimos diversos indígenas da Terra Indígena Krahô e de outros territórios do Brasil como os Akwe-Xerente, Kayapó, Karajá-Xambioá, Ava-Canoeiro, Tapirapé, Gavião, Krikati e outros povos, para a troca de sementes, que são alimentos, que são a vida, tão importantes para a cultura alimentar e para conservação da agrobiodiversidade dos nossos biomas. A Funai sempre esteve presente desde o início dessa construção, reunindo agricultores e agricultoras indígenas, além de tantos outros parceiros, e aqui está o resultado tão positivo", explicou Maria Clara Bernardes, especialista em indigenismo da Funai, na CR-ATO.
Participaram também como apoio, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde (MS), a Secretária de Estado da Educação do Tocantins (Seduc-TO), a Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot-TO), o Instituto Federal do Tocantins (IFTO), a Giz e ainda as Prefeituras de Itacajá e Goiatins.
Oficinas
Além da troca de sementes, outros momentos importantes foram as oficinas "Uso de Sementes" e "Educação Ambiental" voltada para as crianças indígenas participantes. As oficinas foram realizadas por voluntários e pela equipe de brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), instituição vinculada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Márcia Krahô, voluntária no evento, conta que a oficina vem fortalecer a Feira de Sementes também para as crianças, já que mostra a importância do uso dos grãos para todas as idades.
"Aqui, trabalhamos a colagem de sementes para que eles compreendam como e quando são plantadas e colhidas, além de mostrar sobre segurança alimentar, para que compreendam, desde cedo, que os alimentos produzidos aqui na aldeia são mais saudáveis do que aqueles que vem de fora, da cidade, por exemplo", concluiu.
Para João Xerente, brigadista do PrevFogo, é necessário iniciar a educação ambiental desde a infância. "Trouxemos materiais educativos sobre educação ambiental, como caça-palavras, quebra-cabeça, desenhos de animais do cerrado, além de conversar com eles sobre a importância de não colocarem fogo na mata e ajudar na prevenção contra crimes e destruições ambientais. Isso tudo nasceu devido à grande demanda de queimadas no Tocantins, e a necessidade de educar a sociedade desde a infância para que, no futuro, elas possam ajudar na preservação ambiental e quem sabe também sejam nossos colegas brigadistas indígenas", enfatizou João Xerente.
Na ocasião, ocorrem ainda debates sobre Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas com mediação de representantes do povo Krahô e de técnicos da Funai. Também há Corrida de Tora (tradição Krahô) e apresentação dos Hôôxwa (rito da batata doce); debates sobre Políticas Públicas e Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional; Oficina sobre Compras Governamentais, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e ações de Segurança Alimentar e Nutricional.
O ponto alto do evento foi na quinta-feira (4) com homenagem aos guardiões e guardiãs Krahô. Houve ainda exposição e troca de sementes tradicionais e roda de conversa com lideranças indígenas tradicionais e juventude.
Feira
A Feira, iniciada em 1997, foi a pioneira no Brasil e é referência para realização de outros eventos de sementes tradicionais indígenas no país. É um evento cultural e de agrobiodiversidade realizado pelo povo Krahô, para a troca de sementes nativas, celebração da cultura e fortalecimento da agricultura tradicional. É ainda um espaço de intercâmbio de saberes, artesanato, sementes e culinária entre diferentes etnias indígenas, e serve como símbolo de resistência e preservação de conhecimentos ancestrais.
PNAE e PAA
Entre os conhecimentos adquiridos durante o evento estava a Lei no 11.947, de 16/6/2009, que estabelece o PNAE. O programa dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e consiste no repasse de recursos financeiros federais para o atendimento de estudantes matriculados em todas as etapas e modalidades da educação básica, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo.
Já o PAA realiza a compra direta de alimentos de agricultores familiares e tem como objetivo fortalecer a agricultura familiar, gerando emprego, renda e desenvolvendo a economia local. Busca ainda promover o acesso aos alimentos, contribuindo para reduzir a insegurança alimentar e nutricional.
Krahô
Localizados nos municípios de Itacajá e Goiatins, os Krahô chamam a si próprios de Mehim, um termo que, no passado, conta-se que era aplicado aos membros dos demais povos falantes de sua língua e que viviam conforme a mesma cultura. A esse conjunto de povos se dá o nome de Timbira. A língua falada por eles também leva o nome de Krahô, que pertence ao tronco linguístico Macro-Jê e a família Jê. Vivem em aldeias de formato circular e são muito conhecidos pelas corridas de toras, além das práticas de caça, pesca e plantio de sementes.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/troca-de-sementes-tradicionais-promove-seguranca-alimentar-para-comunidades-indigenas-durante-a-xiv-feira-kraho-no-tocantins
A ação teve início na última terça-feira (2), na aldeia Galheiro, na Terra Indígena (TI) Krahô, em Itacajá (TO), e segue até sábado (6). O evento é organizado pela Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), juntamente com a Associação indígena Me Hempej Xá, Grupo de Guerreiros e Guerreiras Krahô Me Hoprê Catejê e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Ivaldo Jkro Krahô complementou que a feira e a troca de sementes buscam a distribuição e compartilhamento de grãos entre os povos indígenas para que exista uma diversidade de alimentos como milho, fava, feijão, mandioca, batata doce, frutos do cerrado e outros, não somente no território Krahô, mas em diversas comunidades indígenas do Tocantins e estados vizinhos.
"É um momento não somente de troca de sementes, mas é uma verdadeira troca de saberes e uma conexão com outros povos, levando mais conhecimento aos parentes, como e porquê plantar, quais são os incentivos do governo para que essa segurança alimentar exista. Para além disso, busca incentivar a alimentação saudável usando nossas sementes, e ainda como podemos ajudar as futuras gerações a viverem em melhores condições de alimentos", explicou Ivaldo.
Para Silvia Pahkim Krahô, moradora da TI Krahô, esse é um recomeço para a história do povo indígena, em Itacajá, após cerca de 10 anos sem o tradicional evento. "Esse evento mostra para as crianças, jovens e idosos a importância de ter uma boa alimentação com os produtos da nossa roça tradicional, mostrando que isso gera saúde e incentiva a produção local. E é muito bonito ver também essa troca entre os povos indígenas, mostrando que nós não só incentivamos, mas nós ajudamos", disse Silvia.
A Coordenação Regional Araguaia Tocantins (CR-ATO) e a Unidade Técnica Local (UTL) Itacajá, juntamente com a Coordenação-Geral de Promoção de Atividades Produtivas (CGAP) vinculada à Diretoria de Gestão Ambiental e Territorial (Digat) da Funai, estiveram presentes em todos os processos de realização do evento, desde planejamento, organização, apoio logístico e financeiro.
"Aqui reunimos diversos indígenas da Terra Indígena Krahô e de outros territórios do Brasil como os Akwe-Xerente, Kayapó, Karajá-Xambioá, Ava-Canoeiro, Tapirapé, Gavião, Krikati e outros povos, para a troca de sementes, que são alimentos, que são a vida, tão importantes para a cultura alimentar e para conservação da agrobiodiversidade dos nossos biomas. A Funai sempre esteve presente desde o início dessa construção, reunindo agricultores e agricultoras indígenas, além de tantos outros parceiros, e aqui está o resultado tão positivo", explicou Maria Clara Bernardes, especialista em indigenismo da Funai, na CR-ATO.
Participaram também como apoio, Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), vinculada ao Ministério da Saúde (MS), a Secretária de Estado da Educação do Tocantins (Seduc-TO), a Secretaria de Estado dos Povos Originários e Tradicionais (Sepot-TO), o Instituto Federal do Tocantins (IFTO), a Giz e ainda as Prefeituras de Itacajá e Goiatins.
Oficinas
Além da troca de sementes, outros momentos importantes foram as oficinas "Uso de Sementes" e "Educação Ambiental" voltada para as crianças indígenas participantes. As oficinas foram realizadas por voluntários e pela equipe de brigadistas do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (PrevFogo), instituição vinculada ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Márcia Krahô, voluntária no evento, conta que a oficina vem fortalecer a Feira de Sementes também para as crianças, já que mostra a importância do uso dos grãos para todas as idades.
"Aqui, trabalhamos a colagem de sementes para que eles compreendam como e quando são plantadas e colhidas, além de mostrar sobre segurança alimentar, para que compreendam, desde cedo, que os alimentos produzidos aqui na aldeia são mais saudáveis do que aqueles que vem de fora, da cidade, por exemplo", concluiu.
Para João Xerente, brigadista do PrevFogo, é necessário iniciar a educação ambiental desde a infância. "Trouxemos materiais educativos sobre educação ambiental, como caça-palavras, quebra-cabeça, desenhos de animais do cerrado, além de conversar com eles sobre a importância de não colocarem fogo na mata e ajudar na prevenção contra crimes e destruições ambientais. Isso tudo nasceu devido à grande demanda de queimadas no Tocantins, e a necessidade de educar a sociedade desde a infância para que, no futuro, elas possam ajudar na preservação ambiental e quem sabe também sejam nossos colegas brigadistas indígenas", enfatizou João Xerente.
Na ocasião, ocorrem ainda debates sobre Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas com mediação de representantes do povo Krahô e de técnicos da Funai. Também há Corrida de Tora (tradição Krahô) e apresentação dos Hôôxwa (rito da batata doce); debates sobre Políticas Públicas e Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional; Oficina sobre Compras Governamentais, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e ações de Segurança Alimentar e Nutricional.
O ponto alto do evento foi na quinta-feira (4) com homenagem aos guardiões e guardiãs Krahô. Houve ainda exposição e troca de sementes tradicionais e roda de conversa com lideranças indígenas tradicionais e juventude.
Feira
A Feira, iniciada em 1997, foi a pioneira no Brasil e é referência para realização de outros eventos de sementes tradicionais indígenas no país. É um evento cultural e de agrobiodiversidade realizado pelo povo Krahô, para a troca de sementes nativas, celebração da cultura e fortalecimento da agricultura tradicional. É ainda um espaço de intercâmbio de saberes, artesanato, sementes e culinária entre diferentes etnias indígenas, e serve como símbolo de resistência e preservação de conhecimentos ancestrais.
PNAE e PAA
Entre os conhecimentos adquiridos durante o evento estava a Lei no 11.947, de 16/6/2009, que estabelece o PNAE. O programa dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e consiste no repasse de recursos financeiros federais para o atendimento de estudantes matriculados em todas as etapas e modalidades da educação básica, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo.
Já o PAA realiza a compra direta de alimentos de agricultores familiares e tem como objetivo fortalecer a agricultura familiar, gerando emprego, renda e desenvolvendo a economia local. Busca ainda promover o acesso aos alimentos, contribuindo para reduzir a insegurança alimentar e nutricional.
Krahô
Localizados nos municípios de Itacajá e Goiatins, os Krahô chamam a si próprios de Mehim, um termo que, no passado, conta-se que era aplicado aos membros dos demais povos falantes de sua língua e que viviam conforme a mesma cultura. A esse conjunto de povos se dá o nome de Timbira. A língua falada por eles também leva o nome de Krahô, que pertence ao tronco linguístico Macro-Jê e a família Jê. Vivem em aldeias de formato circular e são muito conhecidos pelas corridas de toras, além das práticas de caça, pesca e plantio de sementes.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/troca-de-sementes-tradicionais-promove-seguranca-alimentar-para-comunidades-indigenas-durante-a-xiv-feira-kraho-no-tocantins
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