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A voz das aldeias e dos quilombos: Rádio Nacional dos Povos cria nova forma de comunicação de olho na COP 30

09/09/2025

Autor: Lucas Altino

Fonte: Um só Planeta - https://umsoplaneta.globo.com/



A voz das aldeias e dos quilombos: Rádio Nacional dos Povos cria nova forma de comunicação de olho na COP 30
Parte de um programa de extensão da Universidade Nacional de Brasília (UnB), a iniciativa inédita une indígenas e quilombolas em prol da justiça climática

Em 2013, Yago Kaingang decidiu cursar Jornalismo com o sonho de dar visibilidade à cultura indígena e ao seu território, a Terra Apucaraninha, no Paraná. Mais de dez anos depois, ele é um dos âncoras da recém-criada Rádio Nacional dos Povos. Parte de um programa de extensão da Universidade Nacional de Brasília (UnB), a iniciativa inédita, que une indígenas e quilombolas em prol da justiça climática, planeja fazer uma cobertura voltada para esses povos durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), de 10 a 21 de novembro, em Belém.

A rádio é coordenada em parceria com lideranças da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Sua gestão começou há um ano, com o episódio "Medo e delírio dos parentes", inspirado no podcast "Medo e delírio em Brasília". Mais tarde, a ideia foi incorporada pelo programa Mestrado Profissional em Sustentabilidade junto a Povos e Territórios Tradicionais, da UnB. Assim, ficou estruturada a Rádio Nacional dos Povos, gravada na própria universidade.

Todas as sextas, o veículo transmite, em seu site, o programa ao vivo "Estúdio Roça", batizado em alusão ao "Estúdio CBN", da emissora do Sistema Globo de Rádio. A equipe tem 13 pessoas, e os recursos vêm de apoios da Fundação Ford e editais da universidade.

- Chegamos até aqui unindo inovação, memória e, principalmente, a liderança indígena e quilombola na linha de frente - explica a coordenadora da rádio, Letícia Leite, que em 2013 já havia criado o "Copiô, parente", primeiro podcast voltado para povos indígenas, e que depois fez o "Papo de parente" no Globoplay.

Em um mês de existência, a rádio já teve participações como da artista indígena Brisa Flow, da advogada quilombola Vercilene Dias e da secretária nacional de Articulação e Promoção dos Direitos Indígenas, Giovana Mandulão.

Yago Kaingang foi convidado por Letícia, em 2022, enquanto trabalhava na Articulação dos Povos Indígenas do Sul, para participar de um projeto que faria um diagnóstico sobre a comunicação indígena no Brasil. Ali, conta, vislumbraram a criação de uma rádio.

- Existia um desejo, sonho coletivo, de ter um espaço que pudesse dar voz aos povos indígenas e quilombolas - explica Yago, que destaca a união com a comunidade quilombola. - Somos povos parceiros e temos muitas pautas parecidas, mas não tinha uma ação em conjunto.

Recentemente, Yago participou de uma imersão na CBN, em São Paulo, e acompanhou o trabalho da apresentadora Tatiana Vasconcellos, que se tornou madrinha da Rádio Nacional dos Povos. O grupo também viajou para Cali, na Colômbia, onde gravou programas com representantes indígenas locais.

Hoje, na programação da rádio, há quadros específicos para cada apresentador.

- O projeto nasce de uma ideia insurgente, da necessidade de criar movimentos sociais que levem informações para seu povo - explica Nathalia Purificação, uma das apresentadoras.

Cobertura da COP
A cobertura da COP30 ainda está sendo definida, mas a ideia é ter programas diários transmitidos de Belém. Segundo Nathalia, os povos quilombolas e indígenas são os mais atingidos pelas mudanças climáticas e precisam ser ouvidos. A equipe ficará no espaço da Central da COP, do Observatório do Clima, no Teatro Valdemar Henrique.

- A gente está se preparando para fazer essas trocas, entendendo o que a gente vai precisar de tecnologia e botando no chão essa ideia - explica Letícia, que já planeja o ano que vem. -Hoje, o foco são as questões de clima. Ano que vem, vamos nos voltar para as eleições. O objetivo é dar apoio para candidaturas indígenas e contribuir com o debate.

Yago considera a COP um importante espaço de negociações, mas por vezes "subutilizado" por não alcançar resultados concretos apesar dos acordos firmados. Em Belém, ele acredita que a Rádio vai ser essencial para levar informação a comunidades que não terão oportunidade de irem até a conferência.

- Está muito caro e há limitações para a entrada. Eu penso que a Rádio tem papel estratégico de levar informação para os territórios, parentes, quilombolas, e aldeias que não vão estar em Belém. Mostrar as discussões que estão acontecendo na COP e porque são importantes.

https://umsoplaneta.globo.com/sociedade/noticia/2025/09/09/a-voz-das-aldeias-e-dos-quilombos-radio-nacional-dos-povos-cria-nova-forma-de-comunicacao-de-olho-na-cop-30.ghtml
 

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