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Comitê de Governança recebe o nome Miamoni Kohitomi e fortalece autonomia indígena no território Yanomami
15/09/2025
Fonte: Funai - https://www.gov.br
Comitê Indígena de Governança Miamoni Kohitomi foi criado como um espaço próprio de acompanhamento, diálogo e decisão coletiva dos povos da Terra Indígena Yanomami. A iniciativa integra o trabalho da Força-Tarefa Yanomami Ye'kwana (FTYY) da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e associações indígenas, e constitui um marco na construção de mecanismos de gestão compartilhada do território, com o objetivo de fortalecer a autonomia das comunidades e garantir a proteção de seus direitos sobre a terra.
No passado, as mulheres tinham papel central como articuladoras e agora queremos revitalizar essa força. O Comitê é uma semente plantada hoje para que a voz das mulheres volte a ser parte essencial da decisão coletivaCarlinha Yanomami, da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma
O Comitê é formado por representantes escolhidos pelas associações indígenas, incluindo mulheres, jovens, professores, tuxauas e pajés. Sua principal atribuição é acompanhar de perto as ações da FTYY no território Yanomami, garantindo que os projetos sejam executados com diálogo, respeito às culturas e protagonismo indígena.
A instalação do Comitê marca o período de transição de medidas emergenciais, adotadas com o objetivo de mitigar os impactos do garimpo ilegal, para a implementação de ações estruturantes e permanentes com foco em garantir soberania alimentar e nutricional, proteção social e territorial e geração de renda para os povos que vivem no território.
Criação do comitê
A criação do Comitê foi construída em oficina realizada em Maturacá, Amazonas, entre os dias 26 e 28 de agosto de 2025, com a participação de diferentes associações indígenas e instituições parceiras. O processo incluiu momentos de diálogo intercultural, atividades de tradução para as línguas indígenas, dinâmicas coletivas, desenhos e reflexões sobre o conceito de governança a partir das formas próprias de organização dos povos.
Durante a abertura da oficina, a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, relembrou o caminho percorrido desde a decretação da emergência em 2023 e reforçou o papel do Comitê como instrumento de participação e fiscalização. "É uma honra retornar a este espaço ancestral de Maturacá. Quando o governo decretou estado de emergência em 2023, foi preciso garantir a segurança alimentar e a presença do Estado brasileiro nas comunidades. Mas a governança não é apenas operação, é diálogo e participação. Esse Comitê será um espaço para que vocês acompanhem, opinem e cobrem os projetos destinados ao território."
Miamoni Kohitomi
Durante o encontro, foi escolhido o nome do comitê, "Miamoni Kohitomi", expressão Yanomami que significa "espírito caçador que observa tudo". A proposta foi apresentada pelo pajé e cacique Miguel Figueiredo e aceita por consenso pelas associações. Para o presidente da Associação Yanonami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA), João Figueiredo, "no Kohitomi não tem brincadeira, é coisa séria. Tem que ter gente que se interessa, que entende e que seja capaz de representar bem o nosso povo."
Representação e composição
Cada associação indígena indicará seus representantes por meio de ofício, contemplando diversidade de perfis: lideranças tradicionais, pajés, jovens, mulheres e professores. A participação plural visa assegurar que as decisões do Comitê reflitam a realidade e a diversidade do território Yanomami Ye'kwana.
Nós sabemos governar a nossa aldeia, nossas florestas e rios. Fazemos diferente do governo e queremos entender como dialogar com a cultura do homem branco para fortalecer nossa governançaSamuel Kohito, da Associação Kurikama Yanomami
Sobre a importância de fortalecer a presença feminina na governança, a presidente da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Carlinha Yanomami destacou: "Nós já praticamos a governança Yanomami. No passado, as mulheres tinham papel central como articuladoras e agora queremos revitalizar essa força. O Comitê é uma semente plantada hoje para que a voz das mulheres volte a ser parte essencial da decisão coletiva."
O coordenador da Força-Tarefa Yanomami Ye'kwana da Funai, Ivo Makuxi, ressaltou a importância do comitê como instância de acompanhamento e orientação. "O comitê passa a existir para orientar o governo e garantir que nada seja feito sem escutar os povos. Depois desse período, caberá aos Yanomami decidir se o comitê deve continuar. Por isso é fundamental que aqui estejam lideranças comprometidas, capazes de acompanhar projetos, cobrar resultados e fortalecer a união das associações."
O conselheiro da Associação Kurikama Yanomami (AKY), Samuel Kohito também evidenciou o protagonismo indígena na governança. "Nós sabemos governar a nossa aldeia, nossas florestas e rios. Fazemos diferente do governo e queremos entender como dialogar com a cultura do homem branco para fortalecer nossa governança. Esse Comitê precisa ser espaço de união das associações, sem brigas, com compromisso e respeito."
Governança indígena
O Comitê não substitui fóruns, nem assembleias tradicionais, mas complementa essas instâncias ao garantir acompanhamento direto das ações em andamento no território.
A assessora da vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Gabriela Fernandez, da Fiocruz, participou da criação do Comitê e falou e ressaltou o apoio da Fundação. "Em nome da Fiocruz, queremos agradecer por este momento e reafirmar nosso compromisso. Vamos certificar os participantes do Comitê e, juntos, fazer florescer essa semente plantada em Maturacá. Esse é um passo importante para fortalecer o protagonismo indígena e garantir que essa experiência de governança dê frutos."
A implantação do Miamoni Kohitomi representa, assim, um passo significativo no fortalecimento da governança indígena e na consolidação de práticas de gestão compartilhada, unindo saberes tradicionais e instrumentos institucionais para a proteção do território e a promoção do bem-viver dos povos Yanomami Ye'kwana.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/comite-de-governanca-recebe-o-nome-miamoni-kohitomi-e-fortalece-autonomia-indigena-no-territorio-yanomami
No passado, as mulheres tinham papel central como articuladoras e agora queremos revitalizar essa força. O Comitê é uma semente plantada hoje para que a voz das mulheres volte a ser parte essencial da decisão coletivaCarlinha Yanomami, da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma
O Comitê é formado por representantes escolhidos pelas associações indígenas, incluindo mulheres, jovens, professores, tuxauas e pajés. Sua principal atribuição é acompanhar de perto as ações da FTYY no território Yanomami, garantindo que os projetos sejam executados com diálogo, respeito às culturas e protagonismo indígena.
A instalação do Comitê marca o período de transição de medidas emergenciais, adotadas com o objetivo de mitigar os impactos do garimpo ilegal, para a implementação de ações estruturantes e permanentes com foco em garantir soberania alimentar e nutricional, proteção social e territorial e geração de renda para os povos que vivem no território.
Criação do comitê
A criação do Comitê foi construída em oficina realizada em Maturacá, Amazonas, entre os dias 26 e 28 de agosto de 2025, com a participação de diferentes associações indígenas e instituições parceiras. O processo incluiu momentos de diálogo intercultural, atividades de tradução para as línguas indígenas, dinâmicas coletivas, desenhos e reflexões sobre o conceito de governança a partir das formas próprias de organização dos povos.
Durante a abertura da oficina, a presidenta da Funai, Joenia Wapichana, relembrou o caminho percorrido desde a decretação da emergência em 2023 e reforçou o papel do Comitê como instrumento de participação e fiscalização. "É uma honra retornar a este espaço ancestral de Maturacá. Quando o governo decretou estado de emergência em 2023, foi preciso garantir a segurança alimentar e a presença do Estado brasileiro nas comunidades. Mas a governança não é apenas operação, é diálogo e participação. Esse Comitê será um espaço para que vocês acompanhem, opinem e cobrem os projetos destinados ao território."
Miamoni Kohitomi
Durante o encontro, foi escolhido o nome do comitê, "Miamoni Kohitomi", expressão Yanomami que significa "espírito caçador que observa tudo". A proposta foi apresentada pelo pajé e cacique Miguel Figueiredo e aceita por consenso pelas associações. Para o presidente da Associação Yanonami do Rio Cauaburis e Afluentes (AYRCA), João Figueiredo, "no Kohitomi não tem brincadeira, é coisa séria. Tem que ter gente que se interessa, que entende e que seja capaz de representar bem o nosso povo."
Representação e composição
Cada associação indígena indicará seus representantes por meio de ofício, contemplando diversidade de perfis: lideranças tradicionais, pajés, jovens, mulheres e professores. A participação plural visa assegurar que as decisões do Comitê reflitam a realidade e a diversidade do território Yanomami Ye'kwana.
Nós sabemos governar a nossa aldeia, nossas florestas e rios. Fazemos diferente do governo e queremos entender como dialogar com a cultura do homem branco para fortalecer nossa governançaSamuel Kohito, da Associação Kurikama Yanomami
Sobre a importância de fortalecer a presença feminina na governança, a presidente da Associação das Mulheres Yanomami Kumirayoma (AMYK), Carlinha Yanomami destacou: "Nós já praticamos a governança Yanomami. No passado, as mulheres tinham papel central como articuladoras e agora queremos revitalizar essa força. O Comitê é uma semente plantada hoje para que a voz das mulheres volte a ser parte essencial da decisão coletiva."
O coordenador da Força-Tarefa Yanomami Ye'kwana da Funai, Ivo Makuxi, ressaltou a importância do comitê como instância de acompanhamento e orientação. "O comitê passa a existir para orientar o governo e garantir que nada seja feito sem escutar os povos. Depois desse período, caberá aos Yanomami decidir se o comitê deve continuar. Por isso é fundamental que aqui estejam lideranças comprometidas, capazes de acompanhar projetos, cobrar resultados e fortalecer a união das associações."
O conselheiro da Associação Kurikama Yanomami (AKY), Samuel Kohito também evidenciou o protagonismo indígena na governança. "Nós sabemos governar a nossa aldeia, nossas florestas e rios. Fazemos diferente do governo e queremos entender como dialogar com a cultura do homem branco para fortalecer nossa governança. Esse Comitê precisa ser espaço de união das associações, sem brigas, com compromisso e respeito."
Governança indígena
O Comitê não substitui fóruns, nem assembleias tradicionais, mas complementa essas instâncias ao garantir acompanhamento direto das ações em andamento no território.
A assessora da vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Gabriela Fernandez, da Fiocruz, participou da criação do Comitê e falou e ressaltou o apoio da Fundação. "Em nome da Fiocruz, queremos agradecer por este momento e reafirmar nosso compromisso. Vamos certificar os participantes do Comitê e, juntos, fazer florescer essa semente plantada em Maturacá. Esse é um passo importante para fortalecer o protagonismo indígena e garantir que essa experiência de governança dê frutos."
A implantação do Miamoni Kohitomi representa, assim, um passo significativo no fortalecimento da governança indígena e na consolidação de práticas de gestão compartilhada, unindo saberes tradicionais e instrumentos institucionais para a proteção do território e a promoção do bem-viver dos povos Yanomami Ye'kwana.
https://www.gov.br/funai/pt-br/assuntos/noticias/2025/comite-de-governanca-recebe-o-nome-miamoni-kohitomi-e-fortalece-autonomia-indigena-no-territorio-yanomami
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