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Povo Guarani Kaiowá retoma território e eleva tensão em MS; indígena é ferido após tiros, incêndios e sequestros
24/09/2025
Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/
Povo Guarani Kaiowá retoma território e eleva tensão em MS; indígena é ferido após tiros, incêndios e sequestros
População originária alega ocorrência de sequestro e pede proteção da Funai
24/09/2025
Daniel Biasetto e Luis Felipe Azevedo
Indígenas Guarani Kaiowá, da Terra Dourados-Amambaipeguá III, retomaram na noite de domingo uma área na Fazenda Ipuitã, localizada na terra Guyraroká, em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, para impedir a pulverização de agrotóxicos próximos à sua aldeia. A área está inserida na demarcação reivindicada pelo povo e em processo de identificação. O movimento elevou a tensão no local e, segundo os indígenas, homens armados invadiram o espaço na segunda-feira, atiraram contra a população originária e incendiaram os barracos, deixando um ferido.
"A terra sofre ataques das polícias estaduais em mais uma tentativa de despejo ilegal, sem mandado judicial", dizem os indígenas. Após deixarem o local, a comunidade estabeleceu um prazo de 48 horas para uma resposta positiva sobre a interrupção da pulverização
Nesta quarta-feira, os indígenas retornaram ao local e foram recebidos a tiros por jagunços que estavam acampados no local. Dois deles foram sequestrados e levados para a sede da fazenda.
Os indígenas afirmam que, ao tomarem conhecimento do sequestro, outros membros da comunidade dirigiram-se à sede para exigir a libertação, o que ocorreu após conflito. Dois pistoleiros fugiram para a mata, e um terceiro permaneceu no local. Conforme os presentes, os capangas também atearam fogo na mata para incriminá-los.
Ação violenta
Ao GLOBO, a Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani também afirmou que o Departamento de Operações de Fronteira de Mato Grosso do Sul "não só está barrando a entrada do território indígena Gwyraroka, e agindo de forma violenta, como freando a entrada de medicamentos e de nossos profissionais da saúde indígena".
"Dessa forma entramos em colapso, pois não há forma de sobreviver de tal forma", diz, em nota.
Os indígenas alegam "que conseguiram afugentar o bando e se mantiveram na retomada", mas ainda temem sofrer novos ataques. Por isso, a população originária pede a presença da Coordenação Regional da Funai de Dourados, bem como da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), para auxiliar na proteção. A denúncia sobre a escalada da violência foi encaminhada à Organização das Nações Unidas (ONU).
Nesta quarta-feira, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) o aumento do efetivo da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) no sul do estado de Mato Grosso do Sul, no âmbito da Operação Tekoha IV. "A solicitação acontece em meio ao agravamento de conflitos fundiários na região", diz a pasta.
"Com o objetivo de frear a pulverização de agrotóxicos que vem causando adoecimento e gerando insegurança hídrica e alimentar, foram registradas novas ações de retomada territorial por comunidades Guarani e Kaiowá em diferentes localidades. O reforço solicitado pelo MPI visa prevenir a escalada da violência, proteger a integridade de famílias indígenas e assegurar a atuação de servidores públicos em atividades de mediação, fiscalização e garantia de direitos", diz o ministério.
A Terra Indígena (TI) Dourados-Amambaipeguá III é localizada às margens do rio Dourados, na divisa entre Dourados e Caarapó. A conclusão da demarcação da TI foi pactuada entre a Funai e o Ministério Público Federal (MPF) em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de 2007.
Em 2025, a Funai restabeleceu o Grupo de Trabalho (GT), responsável pelo Relatório Circunstanciado de Delimitação e Identificação (RCDI). O andamento do processo ocorre após, em 2013, o GT então nomeado ter o trabalho paralisado por questões administrativas, atrasando ainda mais o cumprimento do prazo pactuado pelo TAC.
O GLOBO procurou o governo do Mato Grosso do Sul. A reportagem será atualizada caso o questionamento seja respondido.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/09/24/povo-guarani-kaiowa-retoma-territorio-e-eleva-tensao-em-ms-indigena-e-ferido-apos-tiros-e-incendios.ghtml
População originária alega ocorrência de sequestro e pede proteção da Funai
24/09/2025
Daniel Biasetto e Luis Felipe Azevedo
Indígenas Guarani Kaiowá, da Terra Dourados-Amambaipeguá III, retomaram na noite de domingo uma área na Fazenda Ipuitã, localizada na terra Guyraroká, em Caarapó, no Mato Grosso do Sul, para impedir a pulverização de agrotóxicos próximos à sua aldeia. A área está inserida na demarcação reivindicada pelo povo e em processo de identificação. O movimento elevou a tensão no local e, segundo os indígenas, homens armados invadiram o espaço na segunda-feira, atiraram contra a população originária e incendiaram os barracos, deixando um ferido.
"A terra sofre ataques das polícias estaduais em mais uma tentativa de despejo ilegal, sem mandado judicial", dizem os indígenas. Após deixarem o local, a comunidade estabeleceu um prazo de 48 horas para uma resposta positiva sobre a interrupção da pulverização
Nesta quarta-feira, os indígenas retornaram ao local e foram recebidos a tiros por jagunços que estavam acampados no local. Dois deles foram sequestrados e levados para a sede da fazenda.
Os indígenas afirmam que, ao tomarem conhecimento do sequestro, outros membros da comunidade dirigiram-se à sede para exigir a libertação, o que ocorreu após conflito. Dois pistoleiros fugiram para a mata, e um terceiro permaneceu no local. Conforme os presentes, os capangas também atearam fogo na mata para incriminá-los.
Ação violenta
Ao GLOBO, a Assembleia Geral do povo Kaiowá e Guarani também afirmou que o Departamento de Operações de Fronteira de Mato Grosso do Sul "não só está barrando a entrada do território indígena Gwyraroka, e agindo de forma violenta, como freando a entrada de medicamentos e de nossos profissionais da saúde indígena".
"Dessa forma entramos em colapso, pois não há forma de sobreviver de tal forma", diz, em nota.
Os indígenas alegam "que conseguiram afugentar o bando e se mantiveram na retomada", mas ainda temem sofrer novos ataques. Por isso, a população originária pede a presença da Coordenação Regional da Funai de Dourados, bem como da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP), para auxiliar na proteção. A denúncia sobre a escalada da violência foi encaminhada à Organização das Nações Unidas (ONU).
Nesta quarta-feira, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) solicitou ao Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) o aumento do efetivo da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) no sul do estado de Mato Grosso do Sul, no âmbito da Operação Tekoha IV. "A solicitação acontece em meio ao agravamento de conflitos fundiários na região", diz a pasta.
"Com o objetivo de frear a pulverização de agrotóxicos que vem causando adoecimento e gerando insegurança hídrica e alimentar, foram registradas novas ações de retomada territorial por comunidades Guarani e Kaiowá em diferentes localidades. O reforço solicitado pelo MPI visa prevenir a escalada da violência, proteger a integridade de famílias indígenas e assegurar a atuação de servidores públicos em atividades de mediação, fiscalização e garantia de direitos", diz o ministério.
A Terra Indígena (TI) Dourados-Amambaipeguá III é localizada às margens do rio Dourados, na divisa entre Dourados e Caarapó. A conclusão da demarcação da TI foi pactuada entre a Funai e o Ministério Público Federal (MPF) em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) de 2007.
Em 2025, a Funai restabeleceu o Grupo de Trabalho (GT), responsável pelo Relatório Circunstanciado de Delimitação e Identificação (RCDI). O andamento do processo ocorre após, em 2013, o GT então nomeado ter o trabalho paralisado por questões administrativas, atrasando ainda mais o cumprimento do prazo pactuado pelo TAC.
O GLOBO procurou o governo do Mato Grosso do Sul. A reportagem será atualizada caso o questionamento seja respondido.
https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2025/09/24/povo-guarani-kaiowa-retoma-territorio-e-eleva-tensao-em-ms-indigena-e-ferido-apos-tiros-e-incendios.ghtml
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