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Presidente da Funai é denunciado ao MP

24/03/2001

Autor: Mônica Torres Maia

Fonte: Correio da Paraíba - João Pessoa - PB



O Ministério Público Federal vai investigar denúncias contra o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Glenio da Costa Alvarez, acusado de ter sido conivente com torturas de índios kaingang e de incentivar ameaças de morte feitas por xavantes a índios de outras nações.
O procurador da República Alexandre Camanho de Assis já tomou o depoimento de Azelene Inácio Kaingang, ex-coordenadora-geral substituta de Defesa dos Direitos Indígenas da Funai.
Ela contou que foi exonerada do cargo por não concordar com a maneira paternalista e discriminatória com que Alvarez está tratando a questão indígena. Azelene trabalha na Funai desde 1987, como assistente administrativa.
Torturas
O atual presidente da Funai foi administrador regional de Passo Fundo por quase dez anos e, segundo Azelene, acobertou torturas em áreas indígenas kaingang: Ele sabia que os caciques e a polícia indígena amarravam em troncos e batiam, prendiam em cadeiras e deixavam sob privação de água e comida os índios presos. Alegava que era um problema cultural, mas isso nunca fez parte da cultura kaingang, disse a ex-coordenadora.
O presidente da Funai respondeu em nota oficial da assessoria de imprensa do órgão: A gestão em Passo Fundo pode ser investigada livremente, e mais, os procuradores da República no Rio Grande do Sul, Juarez Mercante, Osmar Veronesi e Marcelo Becuasim podem dar informações porque fiscalizaram a administração.
Em fevereiro passado, segundo o depoimento de Azelene, o índio Adalberto Xavante entrou em sua sala, na Funai, fechou a porta e disse que tinha uma arma na bolsa.
Ele avisou que um grupo de xavantes estava para chegar e me mataria e outros índios da coordenação (de Defesa dos Direitos Indígenas) a golpes de bodurna, porque éramos contra o presidente da Funai, contra a tutela, relatou Azelene.
Na nota, a Funai admitiu que líderes xavantes tentaram agredir o coordenador-geral de Defesa dos Direitos Indígenas, Marcos Terena.
 

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