De Povos Indígenas no Brasil

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Índios passam fome na maior reserva do Paraná

03/05/2001

Autor: Mara Vitorino

Fonte: A Crítica-Manaus-AM



Cascavel – Índios da maior reserva indígena do Paraná, em Nova Laranjeiras, no Centro-Oeste do Paraná, estão passando fome. Com origens e modos de produção deteriorados pela exploração do homem branco, caigangues, guaranis e dois remanescentes xetás da aldeia Rio das Cobras (a 130 quilômetros de Cascavel) atravessam o permanente drama da falta de qualidade de vida.O sofrimento é amenizado pelo alcoolismo, que atinge índices assustadores dentro da reserva. Muitos índios bebem sem controle. É um problema sério aqui dentro, diz o cacique Neuli Olíbio, de 19 anos.A fartura descrita por Pero Vaz de Caminha, em sua carta documental de 500 anos atrás, cedeu lugar à falta de alimento e de dignidade, relata o cacique. Segundo estatísticas extra-oficiais, 500 dos 2.785 índios da reserva vivem em situação de absoluta miséria.O dramaA reserva tem 17 mil hectares de área contínua. Os índios vivem em casas pobres esparsas uma das outras ou mesmo em barracos de lona. A falta de saneamento básico causa problemas de saúde, principalmente diarréia agravada pela desnutrição causada pela má alimentação. Na área, eles cultivam poucos itens da cultura nativa, como o feijão de unha, o milho-vermelho, além da produção soja e trigo. Mas o resultado do cultivo não supre as necessidades. A Fundação Nacional do Índio (Funai) envia a cada três meses cerca de 8 mil quilos de alimentos, que são distribuídos entre as famílias.A maioria dos índios não leva adiante projetos de futuro. Dentro da aldeia, há três escolas, do ensino fundamental a 8.ª série, que atendem 500 alunos. Do total de índios, apenas cinco freqüentam o ensino superior, porém com dificuldades financeiras. A gente não tem muito a quem recorrer.O agente de saúde Manoel Firkág de Freitas, 23, saiu de um barraco de lona para estudar e, por sorte, conseguiu arrumar emprego na Unidade de Saúde da aldeia. Eu ia para escola com fome. Só tomava água. Hoje estou trabalhando e sonho em ser enfermeiro.
 

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