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Chacina contou com até 200 índios, diz Funai

01/05/2004

Fonte: FSP, Brasil, p. A10



Chacina contou com até 200 índios, diz Funai
De acordo com o órgão, identificação será difícil, devido à quantidade de envolvidos na morte dos garimpeiros

Kátia Brasil

A Funai (Fundação Nacional do Índio) de Cacoal (RO) disse ontem que entre 100 e 200 guerreiros cintas-largas participaram do assassinato de 29 garimpeiros na reserva Roosevelt, em Espigão d'Oeste, segundo revelação feita pelos chefes indígenas. A reserva tem cerca de 1.300 cintas-largas.
A informação foi dada durante reunião realizada ontem entre lideranças indígenas, o coordenador da Operação Rondônia, delegado da Polícia Federal Mauro Sposito, e funcionários da Funai.
Por telefone, de Cacoal, o economista Raimundo Serejo, servidor da entidade, disse que os cintas-largas alegam não saber como identificar os índios que participaram do massacre.
A Polícia Federal já informou ter identificado por nomes 12 cintas-largas suspeitos das mortes, com base em depoimentos de garimpeiros, representantes de associações e familiares dos mortos.
"Isso [a identificação] é uma coisa da organização tribal deles que não vão abrir para a gente. As lideranças afirmam que não participaram das mortes e dizem que tinham [no massacre] de 100 a 200 guerreiros. Não foi um nem dois. É até impossível identificar."
Na reunião, os índios afirmaram também que vão desativar os garimpos que mantêm dentro da reserva Roosevelt. Mas não marcaram uma data. Eles disseram que vão cobrir as máquinas com lonas e que indígenas permanecerão nas grotas só para a vigilância do território e do patrimônio.
A reunião reservada em Cacoal (a 480 km de Porto Velho) começou às 9h (10h em Brasília) e contou com a presença dos chefes João Cinta Larga, Oita Matina Cinta Larga, Carlão Cinta Larga, Nacoça Pio Cinta Larga, Pandere Cinta Larga e Japão Cinta Larga.
Eles estabeleceram o dia 4 de maio para que a PF inicie um "pente-fino" na reserva de 2,7 milhões de hectares para a retirada de garimpeiros. O chefes indígenas assinaram uma ata da reunião comandada por servidores da Funai, entre eles o procurador Daniel Farah e os representantes da força-tarefa Cinta-Larga Orlando Castro e Raimundo Serejo. Na ata, ficou decidido que a ação da PF na reserva será dividida em duas partes: retirada dos garimpeiros e esclarecimento das mortes.
Os líderes indígenas aprovaram como estratégia a ação "pente-fino", com as participações da Funai, de lideranças indígenas e da Polícia Ambiental de Rondônia.
Em outro ponto da ata, os cintas-largas pediram audiência com os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça), Dilma Rousseff (Minas e Energia) e o presidente da Funai, Mércio Gomes.


Regulamentação e contrabando de diamantes

Garimpo em terra indígena é ilegal porque a Constituição determina que a mineração depende de lei a ser aprovada no Congresso
O garimpo na área dos cintas-largas, segundo CPI da Assembléia de Rondônia, movimenta contrabando internacional de diamantes. 0 relatório propôs intervenção federal
A posição da Funai e do governo
Defende a exploração dos diamantes pelos cintas-largas. Governo anunciou que estuda regulamentação
A posição do governo estadual
Propõe a exploração pela Companhia de Mineração do Estado de Rondônia
3.000 garimpeiros explorariam e pagariam royalties. índios rejeitam a proposta

FSP, 01/05/2004, Brasil, p. A10
 

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