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PF investiga ligação da PF com diamantes

25/06/2004

Fonte: OESP, Cidades, p.C7



PF investiga ligação da PF com diamantes
Inquéritos podem ser reabertos para apurar vínculo de delegados presos e contrabandista

EDSON LUIZ

A Polícia Federal poderá reabrir dois inquéritos instaurados em Rondônia para verificar se existem ligações entre os delegados Wilson Perpétuo e José Bocamino, presos anteontem em Ribeirão Preto, com o empresário Mário Glikas, acusados de contrabando de diamantes na Reserva Indígena Roosevelt, dos índios cintas-largas. Na investigação, a Diretoria de Inteligência da PF descobriu indícios que vinculam os policiais à extração ilegal de pedras, o que pode estabelecer a ligação com Glikas.
Perpétuo e Bocamino foram presos pela Operação Lince, desencadeada para investigar roubo de cargas, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.
Além deles, o policial federal Luiz Cláudio Santana e os assaltantes Jair Dias de Morais, Mário do Amaral Fogaça e Roberto Lopes Alvares, e o advogado Fauzi José Saab Júnior tiveram a prisão temporária decretada. Outros empresários de Ribeirão Preto e interior de Rondônia estão sob investigação.
Em pelo menos dois inquéritos que apuram contrabando de diamantes, existem ligações de policiais federais. No primeiro, aberto em novembro do ano passado, foram presas seis pessoas, incluindo o agente José Cadete da Silva, acusado de dar cobertura à retirada ilegal de diamantes da reserva e repassar informações sobre a ação da PF aos contrabandistas. Em abril, além de Glikas, a PF prendeu outro agente, Mário Amélio Soares Bonfim.
As suspeitas de que os dois delegados podem ter ligação com Glikas surgiram em escutas telefônicas feitas pela área de inteligência da PF. Outro indício é o local para onde as pedras de diamantes eram encaminhadas. O empresário tinha um escritório em Santa Cecília, em São Paulo, onde foram realizadas buscas e apreensões. "O destino era a Europa, mas antes passava por São Paulo", informa um dos investigadores. Glikas era reincidente, havia sido preso no aeroporto de Nova York por crime de lavagem de dinheiro.
Os investigadores podem analisar os documentos apreendidos em abril durante a Operação Kimberly, que investigou Glikas, para verificar se há fatos relacionados aos delegados. Todos podem sair em cinco dias, caso colaborem com a Justiça, ou podem ter a prisão prorrogada. Dependendo dos depoimentos que serão tomados, a PF poderá até mesmo pedir a transformação da prisão temporária em prisão preventiva.
Os presos foram transferidos na quarta-feira de Ribeirão Preto para Brasília. Perpétuo, Bocamino e Santana estão na carceragem da Superintendência da PF no Distrito Federal, em cela especial por terem curso superior. Investigadores que atuam na Operação Lince não descartam novas prisões após a análise documental e podem ouvir as pessoas detidas durante as investigações sobre contrabando de diamantes. Entre elas, Glikas.
Sonegação - Promotores do Grupo de Atuação Especial Regional de Repressão ao Crime Organizado (Gaerco), de Ribeirão Preto, estão apurando uma denúncia de extorsão, após a prisão de um homem em Leme, e a possível sonegação de impostos em venda de combustíveis. Ariovaldo de Jorge foi preso em flagrante, anteontem, quando negociava com um comerciante. Ele estaria usando identificação da Usina Maringá, de Araraquara, que, por meio de sua Assessoria de Comunicação, nega relação com o caso.
O promotor Cassio Roberto Conserino recebeu a denúncia do dono de uma empresa de comércio exterior de Leme, na segunda-feira, e montou o flagrante. O empresário disse que teria pago R$ 4,15 milhões por uma carga de 9 milhões de litros de álcool, que deveria ser entregue em 1.º de junho.
No entanto, pessoas da usina o teriam procurado, informando que entregariam a mercadoria sob a condição de uma retificação do valor para efeito de imposto de renda, que deveria ser de 20% dos R$ 4,15 milhões.
Jorge seria o intermediário da negociação e teria pedido R$ 5 mil. No flagrante, gravado e filmado pelos promotores do Gaerco, o comerciante pagou R$ 1,5 mil em dinheiro, comprometendo-se a depositar o restante na conta de Jorge no dia seguinte. Jorge negou o conteúdo da gravação. Nelson Afif Cury, donos das usinas Maringá e Santa Rita, ficou preso de maio a novembro do ano passado, acusado de fraudar o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) em mais de R$ 300 milhões, e saiu com um habeas-corpus concedido pelo Superior Tribunal de Justiça. (Colaborou Brás Henrique)

OESP, 25/06/2004, p. C7
 

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