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Índios presos negam participação em morte de policiais

06/06/2006

Autor: Humberto Marques

Fonte: Campo Grande News



Dos nove indígenas ouvidos pela 1ª Vara Criminal de Dourados, apenas um admitiu ter participado da emboscada que culminou nas mortes dos policiais civis Rodrigo Lorenzato e Ronilson Bartier, registradas no dia 1º de abril na aldeia Passo Piraju, em Porto Cambira. Quatro índios que foram detidos prestaram depoimento em abril, e no dia 2 de junho, a juíza Dileta Terezinha Thomaz de Souza colheu informações com os cinco demais.

Paulino Lopes, o indígena que assumiu estar no local do crime, disse ter batido em um das vítimas, e que ele e dois outros companheiros só abordaram os policiais porque os mesmos teriam atirado no pé do indígena Márcio da Silva Lins – que, na versão dos índios relatadas pelo Centro de Defesa dos Direitos Humanos Marçal de Souza Tupã-Y, consertava o telhado de sua casa quando o automóvel da polícia chegou à comunidade. Todos os índios negaram que o crime foi premeditado ou contou com a participação do cacique Carlito de Oliveira.

Os interrogados alegaram que foram espancados, mas não conseguiram reconhecer os responsáveis, e também informaram que o médico responsável pelo exame de corpo de delito não tomou as medidas profissionais, afirmando que não havia lesões aparentes. Ainda conforme o CDDH, os índios informaram que assinaram o depoimento inicial sob ameaças de morte. Sandra Arevalo, em seu depoimento, informou que teria sido “enganada” por um policial, que a convidou a comparecer ao distrito policial para prestar declarações. Lá, ela disse ter sido algemada, presa e obrigada a confessar participação no crime, além de ter sido espancada – o que teria lhe ocasionado um aborto.

A assessoria do CDDH informou que os advogados de defesa solicitaram a revogação da prisão dos acusados, diante do conteúdo dos interrogatórios e aliados ao fato de que os índios possuem residência fixa e demonstrarem interesse em colaborar com a polícia. Também foi requisitado perícia médica em Sandra Arevalo e nos demais acusados, que dizem terem sofrido seqüelas depois dos supostos espancamentos.
 

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