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Índios que bloqueiam BR reclamam de demora da Justiça

06/11/2006

Autor: Fernanda Mathias e Nadyneka Castro

Fonte: Campo Grande News



Os cerca de 240 índios terena que desde às 4 horas bloqueiam a BR-163, na saída para Cuiabá (MT), em Campo Grande, apresentaram a carta de reivindicação à imprensa. Eles alegam que no mês de junho estiveram reunidos com a desembargadora Suzana Camargo, do TRF (Tribunal Regional Federal), da 3ª região, de São Paulo, para cobrar agilidade no julgamento do processo. Segundo o cacique Ageu Reginaldo, ela teria se comprometido a julgar o processo em 90 dias.

Os índios alegam que há mais de 3 anos o processo vem se arrastando. São 3,8 mil índios vivendo em uma área de 2.090 hectares e que reivindicam o reconhecimento como sendo indígena de 17,2 mil hectares entre os municípios de Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia. O grupo aponta que chegou ali em 2000, mas a reserva é bem antiga. O local é dotado de escolas e postos de saúde. Cerca de mil crianças vivem na aldeia. Os índios prometem manter o bloqueio na BR-163 até que haja algum acordo com autoridades.

A Funai (Fundação Nacional do Índio) está no local para fazer a intermediação. Dois quilômetros antes do bloqueio policiais rodoviários federais alertam os motoristas sobre o movimento. A fila formada por condutores na BR-163 já era de pelo menos três quilômetros. Os índios usam pinturas de guerra e estão munidos de pedras e foices. Até mesmo quem está à pé é impedido de passar pelo bloqueio, que ocupa os dois lados da pista. Somente ambulâncias são liberadas. Muitos caminhões estão parados no acostamento, no Macroanel.

Contratempo - Dentre os motoristas que estão retidos na pista, a maior tensão é entre caminhoneiros que transportam produtos perecíveis, como é o caso de Cleivan Marcos Perette. Com o veículo cheio de leite, que seria entregue em laticínio de São Gabriel do Oeste, disse que o produto corre risco de estragar. "Se eu ficar mais um pouco aqui meu leite vai virar queijo", disse.

Ele afirma que há seis meses faz o mesmo percurso e que pela primeira vez enfrenta um protesto. Já Clóvis de Souza, que chegou às 6 horas no local, transportava adubo de Paranguá (PR) para Campo Novo (MT). Disse que, embora não tenha tem hora para fazer a entrega a manifestação atrapalha o serviço dele.
 

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