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Índios acusam Funai de desvio de recursos

29/10/2008

Autor: Diogo Azoubel

Fonte: O Imparcial - www.oimparcial.com.br



Índios Guajajara se reuniram ontem em frente à sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) para reivindicar a substituição da administradora Cláudia Cristina. Segundo eles, ela seria responsável pelos maus-tratos sofridos pelos índios das regiões de Barra do Corda, Genipapo dos Vieiras e Grajaú. Além disso, eles denunciaram, com notas fiscais e processos, o possível desvio de verbas da Fundação em São Luís. A Funai se defende e diz que não há como privilegiar os interesses particulares de determinados grupos, ao mesmo tempo em que desconhece a existência dos documentos apresentados.

Segundo o vereador de Grajaú José Arão Marize Lopes, que representa os índios reunidos, as notas fiscais apresentadas fazem parte de processos que envolvem a administração atual da Funai em São Luís. Trata-se de acusações de desvios de verbas que, de acordo com ele, beneficiam empresas indicadas pela administradora Cláudia Cristina. "Ela conhece estes documentos", afirma ao mostrar as notas fiscais das empresas Evoluon Marine, Lobo Motos e C.A.S. Rodrigues-ME que apresentam assinaturas falsificadas, superfaturamento de produtos, dentre outras irregularidades.

Cláudia rebate as acusações alegando desconhecer a documentação, o que, para Arão Lopes, comprovaria sua má conduta. "O que posso dizer é que em nenhum momento este desvio foi colocado oficialmente à Funai ou ao Ministério Público. É preciso averiguar para poder tomar qualquer atitude", disse Cláudia referindo-se à análise oficial que precisa ser feita em todos os documentos mostrados pelos índios. Sobre a presença deles no pátio do prédio da Funai, no bairro Anil, ela diz aguardar um posicionamento oficial da Funai em Brasília. "Para isso, eles [os Guajajara] precisam enviar por fax a pauta de negociação", afirmou.

Apesar de ser uma movimentação pacífica, cerca de 100 indígenas aguardavam na entrada da Funai pela chegada de mais um ônibus com 100 pessoas vindas do interior do Estado. José Arão Marize Lopes diz que a Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) teria sido chamada para recebê-los na entrada da Fundação. Curiosamente, os carros da Funai que estavam estacionados no pátio também foram retirados do local para evitar possíveis atos de vandalismo. "Não queremos nem aceitamos baderna", diz Arão.

De acordo com os Guajajara, Cláudia Cristina nunca esteve sequer em uma aldeia. Ela argumenta que, desde sua indicação em abril de 2008, quatro visitas foram agendadas. Entretanto, não aconteceram por conta das inúmeras ameaças à sua vida. "Este risco a Funai não negocia", afirma, em relação às intimidações dos índios. Ao mesmo tempo em que negam tais ameaças, os índios destacam a truculência com que são tratados em São Luís. "Quando ela sabe que há ao menos um de nossos irmãos aqui [na sede da Fundação] ela simplesmente dá a volta [no prédio] e entra pelos fundos", alega Arão.

Negociação
Segundo o procurador federal da Funai, Ezequiel Xenoforte Júnior, uma reunião entre representantes indígenas e administração da Fundação teria sido agendada com o procurador da república Alexandre Silva Souza. "Eles [os representantes da Funai] vão receber a comissão de índios para resolver bem este movimento que, garanto, é ordeiro", disse ele ao ser questionado sobre ausência de Cláudia Cristina. "Os índios não querem conversar comigo.

Mas, com pessoas de Brasília e eu estou articulando isso", destacou ela sobre as medidas que poderiam ser tomadas para resolver bem a altercação.

Sobre as ações desenvolvidas pela Funai nas áreas circunvizinhas a Itaipava do Grajaú, Cláudia Cristina destaca as providências que foram tomadas desde sua indicação para o cargo. Dentre elas, a ordem para permanência de chefes de posto e o deslocamento equipes para fazer o levantamento censitário e o reconhecimento da região. "Grajaú é assistida por um programa de atividade produtiva", diz em relação ao artesanato que é hoje difundido não só no Maranhão. Em compensação, os Guajajara reclamam da falta de estrutura, alimentação e segurança diante da ação de madeireiros no local.

Os índios afirmam que não deixarão o pátio da Funai em São Luís até que sejam recebidos e que suas reclamações sejam atendidas. "Toda desordem é culpa dela. Nós não vamos desistir de vê-la sendo substituída", finaliza Arão Lopes sobre Cláudia Cristina
 

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