De Povos Indígenas no Brasil
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ESPN une Lévi-Strauss e esporte radical em longa
23/10/2010
Fonte: FSP, Ilustrada, p. E17
ESPN une Lévi-Strauss e esporte radical em longa
"Viajantes Radicais" refaz percurso do antropólogo por tribos indígenas
Documentário evita discurso ecológico e revisita obra do francês a partir de jornada ao ar livre pelo interior
Rafael Cariello
Você, amante da canoagem, do rafting, do mergulho em caverna, terá uma oportunidade única de ser apresentado à biografia e às ideias do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss.
Parece que o gerente de marketing endoidou (qual o público alvo desse "produto"?), mas assim poderia ser escrito, com fidelidade, o anúncio de "Viajantes Radicais - Pelo Caminho de Lévi-Strauss", que a ESPN transmite na próxima semana. Voltado para os admiradores dos esportes ao ar livre, o programa procura refazer o percurso de exploradores, personalidades e cientistas que se embrenharam no território brasileiro.
Lévi-Strauss (1908-2009), narrador da própria jornada pelo Centro-Oeste do país no clássico "Tristes Trópicos" (Companhia das Letras), era um candidato óbvio a figurar na série de documentários do canal esportivo.
Entre 1935 e 1939, o antropólogo, à época professor da recém-criada Universidade de São Paulo, visitou grupos indígenas e percorreu milhares de quilômetros no interior do país, do Paraná ao Mato Grosso e à Amazônia.
As grutas de água translúcida, as aventuras de canoeiros que se jogam de altíssimas cachoeiras, a descida em botes nas corredeiras estão lá, bem como as belas paisagens do cerrado e da floresta amazônica.
Mas são apenas pretexto para que a equipe do programa realize um competente documentário sobre a viagem do antropólogo francês. O filme caberia, com destaque, na programação dos melhores canais públicos e educativos de TV do mundo.
O símbolo no alto da tela diz "ESPN", mas poderia ser "BBC" ou "PBS".
Os grupos indígenas que inspiraram todo o restante da obra de Lévi-Strauss são revisitados. A saída fácil para um programa que tem como foco a natureza, que seria "naturalizar" essas sociedades, incorporando-as num vago discurso ecológico, é evitada.
Ainda que de forma breve, particularidades das sociedades bororo, nambiquara e cadiuéu são apresentadas. As ameaças atuais a alguns desses grupos, cercados pelo avanço da soja e da criação de gado, também.
O próprio Lévi-Strauss, embora dissesse detestar as viagens, foi movido em sua expedição por um desejo de aventura tão intenso quanto a curiosidade intelectual. Eis então o espectador ideal desse curioso programa: o antropólogo, "lui-même".
NA TV
Viajantes Radicais - Pelo Caminho de Lévi-Strauss
QUANDO 30 de outubro, às 21h30, na ESPN Brasil
CLASSIFICAÇÃO não informada
FSP, 23/10/2010, Ilustrada, p. E17
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2310201002.htm
"Viajantes Radicais" refaz percurso do antropólogo por tribos indígenas
Documentário evita discurso ecológico e revisita obra do francês a partir de jornada ao ar livre pelo interior
Rafael Cariello
Você, amante da canoagem, do rafting, do mergulho em caverna, terá uma oportunidade única de ser apresentado à biografia e às ideias do antropólogo francês Claude Lévi-Strauss.
Parece que o gerente de marketing endoidou (qual o público alvo desse "produto"?), mas assim poderia ser escrito, com fidelidade, o anúncio de "Viajantes Radicais - Pelo Caminho de Lévi-Strauss", que a ESPN transmite na próxima semana. Voltado para os admiradores dos esportes ao ar livre, o programa procura refazer o percurso de exploradores, personalidades e cientistas que se embrenharam no território brasileiro.
Lévi-Strauss (1908-2009), narrador da própria jornada pelo Centro-Oeste do país no clássico "Tristes Trópicos" (Companhia das Letras), era um candidato óbvio a figurar na série de documentários do canal esportivo.
Entre 1935 e 1939, o antropólogo, à época professor da recém-criada Universidade de São Paulo, visitou grupos indígenas e percorreu milhares de quilômetros no interior do país, do Paraná ao Mato Grosso e à Amazônia.
As grutas de água translúcida, as aventuras de canoeiros que se jogam de altíssimas cachoeiras, a descida em botes nas corredeiras estão lá, bem como as belas paisagens do cerrado e da floresta amazônica.
Mas são apenas pretexto para que a equipe do programa realize um competente documentário sobre a viagem do antropólogo francês. O filme caberia, com destaque, na programação dos melhores canais públicos e educativos de TV do mundo.
O símbolo no alto da tela diz "ESPN", mas poderia ser "BBC" ou "PBS".
Os grupos indígenas que inspiraram todo o restante da obra de Lévi-Strauss são revisitados. A saída fácil para um programa que tem como foco a natureza, que seria "naturalizar" essas sociedades, incorporando-as num vago discurso ecológico, é evitada.
Ainda que de forma breve, particularidades das sociedades bororo, nambiquara e cadiuéu são apresentadas. As ameaças atuais a alguns desses grupos, cercados pelo avanço da soja e da criação de gado, também.
O próprio Lévi-Strauss, embora dissesse detestar as viagens, foi movido em sua expedição por um desejo de aventura tão intenso quanto a curiosidade intelectual. Eis então o espectador ideal desse curioso programa: o antropólogo, "lui-même".
NA TV
Viajantes Radicais - Pelo Caminho de Lévi-Strauss
QUANDO 30 de outubro, às 21h30, na ESPN Brasil
CLASSIFICAÇÃO não informada
FSP, 23/10/2010, Ilustrada, p. E17
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2310201002.htm
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